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Um futebol que marcou os corações e a História

Ribeirão Preto, quando aqui chegando, vindo de Minas, final da década de 70, até os anos 2008 e 2009, ocupou com destaque o cenário nacional do futebol. Chegou a ter os dois times nas principais divisões da peleja nacional.

Fui residir na Vila Seixas, bairro tradicional e reduto do Comercial Futebol Clube, o Glorioso “Leão do Norte”, sempre fui um amante e apaixonado pelo futebol, na Vila, tornei-me comercialino e minha pai­xão pelo Clube foi crescendo a cada dia, cheguei a ser sócio, conselhei­ro e assíduo frequentador do Estádio “Francisco de Palma Travassos” a “Joia de Cimento”, um autêntico fanático “Bafudo”.

O que ficou muito marcado foram as grandes partidas realizadas tanto pelo Comercial como pelo Botafogo, a cidade respirava grandes jogos, toda a região aqui aflorava com as presenças de Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Portuguesa de Desportos, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Internacional, Cruzeiro, Atlético, e uma constelação de equipes do interior paulista que fizeram e ficaram na história, XV de Piracicaba, XV de Jaú, América de Rio Preto, Franca­na, Prudentina, Noroeste de Bauru, Marília, Internacional de Limeira, Mirassol, Grêmio São Carlense, União São João de Araras, Paulista de Jundiaí, Rio Branco de Americana, Guarani, Ponte Preta, Ferroviária, Bragantino, Novorizontino, Ituano e São Caetano.

Todos os times eram muito estruturados, sendo o Campeonato Paulista, o mais importante aliás, praticamente todos os regionais brasileiros vinham em primeiro lugar.

Tive a felicidade e a primazia de ver Atlético Mineiro, de Éder, Rei­naldo, Marcelo, João Leite, Toninho Cerezo, Ângelo, Flamengo, de Zico, Júnior, Leandro, Andrade, Adílio, Fluminense de Edinho, Carlos Al­berto Torres, Rivelino, Corinthians, de Biro-Biro, Vaguinho, Jairo, Vla­dimir, Internacional, de Falcão, Carpegiani, Manga, Batista, Figueiroa, Palmeiras de Luiz Pereira, Udu, Ademir, Leivinha, São Paulo de Edson, Gerson, Pedro Rocha, Cruzeiro de Piazza, Vanderley e Dirceu Lopes.

O jogo mais esperado e de emoções inesquecíveis e eternas era o Come-Fogo. A “Capital da Cultura” entrava em alvoroço na semana que antecipava o prélio, as discussões, conversas, apostas, movimentavam tudo, principalmente no Pinguim e imediações, moradores e persona­gens folclóricas, os radialistas, nossa terra sempre foi destaque e famosa pelas suas Mídias, Rádios, Jornalistas, locutores e comentaristas.

Um verdadeiro desfile de estrelas e astros do “ludopédio”: Jair Bala, Sócrates, Rostein, Lorico, Rosan, Zé Mário, Guina, Mineiro, Tadeu Ricci, Wilson Campos, Paulo Bim, Nei, Glauco, Manoel e tantos ines­quecíveis sonhos do tapete verde.

Uma centena, para não dizer milhares de histórias fluíram com o Come-Fogo, me lembro de tantas e tantas e escolhi uma para relatar.

Come-Fogo na Joia, um céu de um azul divino, nem sequer uma pequena nuvem no céu, apenas o manto celeste sagrado, um firmamen­to digno de um voo do mais competente brigadeiro, me fez lembrar do anil com que minha mãe lavava as roupas, azuis e serenos como ela.

A Vila Seixas possui entre seus moradores, destacados e intensos comercialinos, vou homenagear dois, os saudosos senhores, Angelino e o José da Farmácia.

O senhor Angelim, como era chamado, chegava sempre a Palma Travassos com um rádio Philco imenso e ficava com ele ao colo.

Neste Come-Fogo, briga de cachorros grandes, um a um no placar, quando aos 42 do segundo tempo, pênalti para o Botafogo, que deveria ser cobrado no gol de fundo.

O senhor Angelim não aguentou, ficou tão nervoso que arremes­sou o aparelho da arquibancada junto à pista, peças para todos os lados, pilhas rolando como pau de enchente, molas, parafusos, sob os olhares atônitos e sentidos, dos torcedores e familiares ao seu lado.

Ele arrasado desceu para ir embora. Silêncio digno de uma sexta­-feira da paixão, às 15hrs.
O Magrão correu para a bola e chutou para fora.

Uma comemoração incrível, um delírio, uma catarse.

O senhor Angelim voltando e o pessoal todo na pista comemoran­do e tentando juntar o que sobrou do Philco.

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