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Em defesa dos municípios

Na segunda e terça-feira, estivemos em reunião da Fren­te Nacional de Prefeitos (FNP), em Brasília, discutindo e reivindicando alterações no texto da reforma tributária em benefício dos municípios brasileiros. Na terça-feira, dia 8, nos reunimos com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e com o relator da reforma na Casa, senador Eduardo Bra­ga. Juntamente com os dirigentes da FNP, participaram da reunião, com os senadores, secretários municipais de Fazenda e Finanças, para apresentação de subsídios técnicos sobre arrecadação e responsabilidades das cidades.

Com os senadores, discutimos mudanças na reforma que objetivam garantir a autonomia municipal quando as novas formas de obtenção de receitas estiverem em vigor. Foi uma reunião bastante produtiva, porque os senadores se mostra­ram dispostos a dialogar e a articular as mudanças propostas pelos chefes de Executivo presentes ao encontro. Os prefeitos apresentaram vários pontos de aperfeiçoamento ao texto da reforma tributária que podem ser adicionados pelos senado­res, com cinco itens mais importantes.

O estabelecimento de um patamar mínimo de 25% de par­ticipação dos municípios na receita tributária disponível é um deles. A segunda proposta foi a conversão da parcela municipal no IBS estadual (atual Cota-Parte do ICMS) em IBS municipal. Com a extinção do ICMS, perde-se o propósito da cota-parte municipal, mecanismo pelo qual os governos locais ficam na dependência de transferências estaduais. Assim, propõem-se converter em IBS municipal a participação dos municípios no IBS estadual. Essa medida confere maior governabilidade das cidades sobre suas receitas, em geral, e do IBS, em particular.

As demais alterações destacadas foram o aprimoramento da governança do Conselho Federativo para assegurar a participa­ção paritária com os estados, a rotatividade na presidência e a representatividade por porte populacional das cidades. Não inci­dência do IBS nas aquisições de bens e serviços pelos municípios e limitação e disciplinamento do pagamento de precatórios, para garantir que os serviços essenciais sejam executados de forma perene e contínua, sem interrupções por escassez de recursos.

Apesar de os municípios estarem conquistando gradati­vamente maior participação nas receitas disponíveis do bolo tributário nacional, suas responsabilidades no financiamento e execução das políticas públicas têm aumentado em ritmo mais acelerado. Por isso é imprescindível que os municípios busquem formas de ampliar suas receitas para que elas sejam compatíveis com as demandas dos cidadãos e, assim, os gestores tenham a autonomia necessária para fazer os investi­mentos que a sociedade precisa.

É nas cidades que as pessoas moram, trabalham e buscam realizar seus sonhos. Logo, é nas cidades que estas pessoas demandam recursos para o atendimento de suas necessidades primordiais, como saúde, educação, assistência social etc., assim como necessitam de investimentos em mobilidade urbana, sane­amento, infraestrutura, transporte público entre outros. Portan­to, é nas cidades que os problemas precisam ser resolvidos, para que os problemas do país sejam solucionados. Daí a importância de se discutir a obtenção de receitas justas e suficientes.

E é necessário discutir com a antecedência necessária, como ocorre agora. Uma parte dos prefeitos que participaram da reunião com os senadores nem terá a reforma em pleno vigor em seus mandatos, já que muitos – como eu – já não dis­putarão a reeleição por uma questão legal. Ainda assim, estes gestores estão buscando saídas para a melhoria das cidades, porque defendem políticas de estado, não de mandato.

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