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Microempreendedores Individuais Os MEIs em Ribeirão Preto

Levantamento realizado pelo Tribuna Ribeirão junto ao Mi­nistério da Fazenda e da Secre­taria Municipal da Fazenda de Ribeirão Preto revela que dos 80.434 Microempreendedores Individuais (MEIs) da cidade cadastrados no Simples Na­cional, até junho deste ano, so­mente 41.708 possuem cadastro na pasta municipal. Os outros 38.726, apesar de legalizados, não emitem nota fiscal no mu­nicípio e estão cadastrados ape­nas na Receita Federal.

Quem vira microempre­endedor paga mensalmente o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) que é a guia de pagamento de impostos pela qual ele faz o re­colhimento dos seus tributos.

O DAS inclui o pagamento de alíquota de 5% sobre o salá­rio mínimo vigente para o Ins­tituto Nacional do Seguro So­cial (INSS), o valor fixo de R$ 5,00 de Imposto Sobre Servi­ços (ISS), quando as atividades registradas forem referentes ao setor de serviços, e o valor fixo de R$ 1,00 do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) quando as atividades registradas no Sim­ples Nacional forem referentes aos setores de Comércio ou da Indústria. O valor médio atual do DAS é de R$ 71,00.

Já para emitir nota fiscal pelo Sistema Eletrônico Muni­cipal os microempreendedores precisam se cadastrar na em­presa Nota Control, que presta esse serviço para a prefeitura de Ribeirão Preto, e pagar uma mensalidade que atualmente tem valor de R$ 7,90.

Segundo a Secretaria Mu­nicipal da Fazenda, a diferença entre os números do Governo Federal e os do município são de empreededores que em tese, não precisariam emitir nota fiscal e que por esta razão aca­bam se cadastrando somente na Receita Federal.

Já especialistas do setor contábil e previdenciário ouvidos pelo Tribuna Ribei­rão atribuem a diferença ao fato de muitas pessoas não estarem formalmente em­pregadas e, portanto, sem os direitos trabalhistas previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Eles estariam se formali­zando apenas para terem direi­to aos direitos previdenciários, como por exemplo a futura aposentadoria. Vale lembrar que como MEI o contribuinte não tem direito a aposentado­ria por tempo de contribuição, apenas por idade.

Outro fator para a diferen­ça seria o fato de vários micro­empreendedores não terem o hábito de emitirem nota fiscal.

Um exemplo, seria o do vendedor ambulante que, em tese, não dá nota para seus clientes. Ou o de um encana­dor que faz pequenos reparos. Regra geral, os clientes destes dois MEIs não pedem nota fiscal, mas caso decidam pedir, eles teriam que fornecê-la. Aí precisariam se cadastrar na Fa­zenda Municipal.

Segundo a Fazenda Munici­pal, atualmente os setores com mais MEIs ativos na cidade são o de promoção de vendas, o de cabeleireiros, manicure e pedi­cure, o de preparação de docu­mentos e serviços especializa­dos de apoio administrativos, o de transporte rodoviário de carga (motoboy) e o de comér­cio varejista de artigos de ves­tuário e acessórios.

Atualmente o limite de fa­turamento do MEI é de R$ 81 mil por ano com a permissão de contratação de no máximo um funcionário. Entretanto, um projeto de lei em trami­tação no Congresso Nacional que aumentar o limite de fa­turamento para até R$ 130 mil com a possibilidade de contra­tação de até dois funcionários.

A importância dos microempreendedores
O analista de economia do Institu­to de Economia Maurílio Biagi, da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), Lucas Ribeiro, faz uma análise da importância e dos desafios dos MEIs.

Tribuna Ribeirão – O MEI que não está cadastrado em Ribeirão Preto contribui de que forma para a gera­ção de tributos no município?
Lucas Ribeiro – As atividades econômicas consideradas informais são responsáveis pela geração de trabalho e renda para uma parcela significativa da população. Porém, com o avanço dessa condição de trabalho o munícipio perde em termos de arrecadação de tribu­tos, visto que a cidade deixa de receber com registros de empre­sas e contribuições trabalhistas, prejudicando a Previdência Social. Além disso, um dos fatores para o crescimento econômico é a elevação da produtividade do trabalho e a produtividade do trabalho informal é inferior à produtividade do trabalho formal, gerando impactos negativos para o crescimento da economia. Vale ressaltar que a riqueza gerada pelas atividades informais não é registrada no Produto Interno Bruto (PIB) municipal. Como esse indica­dor é utilizado para a formulação de políticas públicas, a informalidade distorce as ações direcionadas à população.

Tribuna Ribeirão – A adesão deles ao MEI pode ter apenas motivos previdenciários? Ou seja, contribuir para ter direitos trabalhistas junto ao INSS como a aposentadoria?
Lucas Ribeiro – Existe sim uma necessidade prática de aderir ao Sistema de Seguridade Social para garantir os benefícios previdenciá­rios. Também existe o desejo autên­tico dos empreendedores, por menor que seja o faturamento, de fazer parte da economia formal e ser re­conhecido como tal pela sociedade. Do ponto de vista econômico, estar registrado como MEI possibilita o acesso facilitado ao crédito como, por exemplo, empréstimos direcio­nados para investimentos com taxas e prazos diferenciados. Além disso, estar formalizado possibilita uma expansão dos negócios visto que o empreendedor pode emitir nota fiscal, que abre portas para negociar com outras empresas e aumentar o faturamento.

Tribuna Ribeirão – O aumento no número de MEIs pode significar a precarização do trabalho formal?
Lucas Ribeiro – O aumento da informalidade gera atrasos para o crescimento econômico. Dessa forma, a formalização como MEI trouxe segurança para o microem­preendedor que antes estava sujeito à falta de benefícios previdenciá­rios, sem poder de negociação com fornecedores, sem acesso direcio­nado a crédito para alavancar seus negócios e vulnerável a qualquer negociação com outras empresas que exigiam emissão de nota fiscal.
Do ponto de vista das contratações de serviços de MEIs por empre­sas, o MEI retira trabalhadores da informalidade, trazendo benefícios inclusive previdenciários. Sendo assim, desde que se mantenha uma relação cível e negocial entre as partes e não uma relação trabalhis­ta e com atividades que configurem vínculo empregatício, o aumento do número de MEIs não significa precarização do trabalho.

Tribuna Ribeirão – O que pode ser feito para que os microempreende­dores sejam de fato empreendedo­res?
Lucas Ribeiro – Microempreendedo­res Individuais são empreendedores que estão limitados ao faturamen­to de até R$ 81 mil reais ao ano. Empreender exige planejamento do próprio empreendedor, mas também do Estado. Os governos de modo geral possuem o papel de criar políticas de incentivo para gerar emprego e renda. A Acirp tem programas de incentivo ao empre­endedorismo, como o Programa Em­preender, os postos de atendimento do Sebrae Aqui, uma gama completa de serviços e produtos para que o empreendedor esteja preparado para o mundo dos negócios, além de eventos, cursos e networking.

Tribuna Ribeirão – Ribeirão Preto recebe algum recurso federal em função dos MEIs que possui?
Lucas Ribeiro – O Governo Federal atualmente não oferece nenhum tipo de incentivo e destinação de recur­sos para o município por conta de MEIs, apenas facilitação na negocia­ção de dívidas, com parcelas a partir de R$ 50 para quitá-las.

Dados dos microempreendedores em Ribeirão
Fonte – Secretaria Municipal da Fazenda

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