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A autonomia é o caminho da liberdade

A sobrevivência do ser humano no planeta Terra, se viabi­lizou quando saiu do isolamento individualista e aprendeu a viver em sociedade, onde aprendeu a compartilhar as tarefas e os conhecimentos, e isso trouxe o desenvolvimento. Tudo ia bem, até que uma mente egoísta vislumbrou o poder, e quando o poder se estabelece, nada mais vale do que sê-lo e exercê-lo. E assim o ser humano aprendeu que para exercer o poder, além do egoísmo é preciso usar a crueldade de maneira eficiente, e com isso ser temido, e assim o poder se perpetua.

Para perpetuar o poder, e ter o apoio do povo foram criados regimes e leis, que aparentemente transferem para o povo o po­der, mas no fundo o poder nunca muda de mão. A Democracia surgida na Grécia antiga em 510 a.C., e a República originária da Roma antiga no século VI a.C., são duas formas de governo que atravessaram os séculos, e nos guiam até os dias atuais. A Democracia é o regime em que a soberania é exercida pelo povo, os cidadãos são detentores do poder e confiam parte deste poder ao Estado. A Constituição brasileira no parágrafo único do artigo 1º diz: “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, na mesma linha o Estado republi­cano exerce seus papéis em função do povo e para o povo, por­tanto, para cumprir as suas prerrogativas é preciso que seja um Estado forte. Na teoria estes dois regimes deveriam fazer um mundo melhor, pois colocam o povo no alto de um pedestal, no entanto, é bonito só na teoria.

Nestes regimes, embora o povo teoricamente esteja no centro das decisões há uma digressão que produz um abismo colossal, pois há uma divisão bem demarcada entre o povo que tem o poder e o povo que sofre sem o poder. O caput do artigo 5º da Constituição brasileira afirma: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin­do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade…” Qualquer estrangeiro que tenha contato com este texto, vai pensar que no Brasil a lei protege a todos igualmente, no entanto, há uma interpretação distor­cida que coloca no texto os mais iguais, que fazem parte do povo que tem o poder. E com isso a beleza deste texto, não conseguiu se materializar.

Nas democracias mais avançadas, os milionários pagam mais impostos que a classe média, já no Brasil cerca de 2.500 bilionários possuem quase novecentos bilhões de reais em patrimônios, e não pagam um centavo de impostos. Enquanto isso a base da pirâmide tem a maior carga tributária, até mora­dor de rua paga imposto, pois o dinheiro conseguido como pe­dinte vai para o consumo, e mesmo sendo um miserável – paga imposto. Poder e dinheiro são irmãos siameses, que nunca se separam. Os bilionários brasileiros querem sempre observar um céu de brigadeiro, não admitem nenhuma nuvem ofuscan­do o brilho do sol. No entanto, pequenas nuvens começaram a aparecer no horizonte. É que pela primeira vez um governo está falando em cobrar impostos destes bilionários – a reação foi imediata, pois são “nobres” e como “nobres” não podem pagar impostos, isso é para os cidadãos comuns.

Uma sociedade só prospera quando elimina os parasitas e os vampiros que sugam o sangue da classe trabalhadora, vivem na opulência e levam o dinheiro para os paraísos fiscais. Uma educação básica pública autônoma e de qualidade, constrói uma Nação, pois o povo vai exigir o cumprimento das leis – e os espaços dos vampiros e parasitas vão desmoronar.

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