O Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac) tombou provisoriamente todas as linhas férreas que ligam a antiga Estação Barracão, no Ipiranga, Zona Norte, à Fazenda Monte Alegre, onde atualmente fica o campus da Universidade de São Paulo (USP).
O tombamento ainda abrange o trecho do Barracão até a Estação do Alto, no bairro Quintino Facci II, também na Zona Norte, e de lá até a Estação Ferroviária Mogiana, no Jardim Independência, na mesma região. Foram tombados 8,5 quilômetros de ferrovia, grande parte desativada.
As referidas estações ferroviárias também foram tombadas. A reunião extraordinária do Conppac que decidiu pelo tombamento ocorreu na última segunda-feira, 17 de julho, atendendo a um pedido feito pelo Ribeirão Preto Convention & Visitors Bureau (RPCVB), protocolado em 7 de fevereiro de 2018 pelo então vice-presidente da entidade, Márcio Santiago.
O RPCVB defende que o município crie o Museu Ferroviário na Estação Barracão. Segundo o Conppac, o tombamento é fundamental para a preservação da história da cidade ligada à ferrovia, que durante muito tempo serviu para o desenvolvimento do município.
“Não obstante a preservação da memória e da história para a geração presente e futura, a revitalização das linhas férreas despertará na comunidade abrangida a necessidade do poder público expandir as ações culturais rumo às periferias da cidade, tais como a realização de eventos artísticos nas referidas estações ferroviárias”, afirma o presidente do Conppac, Lucas Gabriel Pereira.
Ele argumenta que uma das possibilidades para os bens tombados é a criação pelo município de um sistema de transporte sobre trilhos e de uma rota turística férrea nos finais de semana. “A reativação das linhas férreas vai ao encontro do princípio da sustentabilidade ambiental, econômica e financeira”, emenda.
“Visa garantir transporte público menos oneroso, além de servir para fomentar a geração de emprego e renda de bares e restaurantes nas estações ferroviárias, abrindo para os pequenos empreendedores ofertar seus produtos nos pontos de embarque e desembarque”, afirma.
O próximo passo do tombamento será comunicação da prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e a publicação da Resolução de Tombamento no Diário Oficial do Município (DOM). A partir da Resolução, toda intervenção no local está proibida e só poderá ser realizada com autorização do Conselho.
Marias-fumaça
No último sábado (15), quase um mês após a inauguração da miniestação ferroviária Luiz Henrique Paschoalin, no Parque Maurílio Biagi, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo autorizou as visitas guiadas à maria-fumaça “Amália”, a locomotiva alemã Borsig retirada da praça Francisco Schmidt em 18 de julho de 2020, e que foi completamente restaurada.
A ministação foi inaugurada em 19 de junho, aniversário de 167 anos de Ribeirão Preto. A locomotiva foi batizada de “Amália 12” por causa da usina a que pertencia antes de ser doada ao município. O nome está gravado nas laterais do equipamento. A partir dos trilhos principalmente da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, foi possível transportar mais rapidamente o café produzido na região na segunda metade do século 19.
Com isso, ela contribuiu para o enriquecimento e a fama de barões do café como Henrique Dumont (1832-1892), pai do aviador Alberto Santos Dumont (1873-1932), e Francisco Schmidt (1850-1924), que dá nome à praça em que a locomotiva alemã Borsig fabricada em 1912 estava exposta desde 1973.
Matarazzo
A maria-fumaça “Amália” também é tombada pelo Conppac. A locomotiva Phantom, popularmente conhecida como maria-fumaça, pertencia à Usina Amália e em 1912 foi doada para Ribeirão Preto pelas Indústrias Matarazzo.
O modelo é uma das três remanescentes da fabricante alemã Borsig no Brasil. As outras duas estão em Itapetininga e Jaguariúna. Abandonada, a ribeirão-pretana serviu durante muito tempo como dormitório de pessoas em situação de rua e também de abrigo para usuários de drogas.
“Mogiana”
Ribeirão Preto tem outra maria-fumaça, a “Mogiana”, instalada na antiga Estação Ferroviária Mogiana, na Zona Norte. A Câmara pediu e o Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto aprovou seu tombamento. Duas entidades pretendiam usar a locomotiva para projetos de “trem turístico”. Agora, o Instituto da História do Trem quer levar a máquina para o futuro museu ferroviário da cidade.
A locomotiva a vapor 420 foi projetada em 1893 para atender as necessidades da Companhia Mogiana na época. Será a peça mais imponente do acervo do Museu do Trem. A primeira etapa prevê a restauração da locomotiva. Depois, na segunda fase, o objetivo é a implantação do Trem Turístico que deverá circular entre as estações Barracão e Mogiana.