Tribuna Ribeirão
Turismo

Litoral paulista oferece mergulho em naufrágios

FOTOS: ANDRÉIA LIMA

Se você se considera aventureiro e adora explo­rar a história submersa, São Sebastião é o destino ideal. Segundo o site Naufrágios do Brasil, São Paulo abriga mais de 100 naufrágios cata­logados, e muitos deles estão localizados no Litoral Norte. Em São Sebastião, há escolas e agências que levam turistas inexperientes, os que estão fazendo o batismo e mergu­lhadores já com carteirinha para vários naufrágios da re­gião. Um dos mais emblemá­ticos é o famoso “Príncipe de Astúrias”, conhecido como o “Titanic brasileiro”.

Esse transatlântico afun­dou em 1916 com mais de 650 pessoas a bordo, durante uma travessia de Barcelona a Santos. Localizado a uma profundidade entre 20 e 50 metros, o Príncipe de Astú­rias é considerado um dos mergulhos mais desafiadores do Brasil. “Para explorá-lo, é necessário dominar técnicas avançadas de mergulho em naufrágios e contar com uma dose de sorte para acertar a janela de bom tempo”, explica Ricardo Simões, instrutor de mergulho de uma das escolas de São Sebastião.

No entanto, o Litoral Nor­te também abriga diversos naufrágios rasos, inclusive a menos de 10 metros de pro­fundidade, que são perfeitos para iniciar uma aventura subaquática. Um dos naufrá­gios mais acessíveis da região é o do navio Therezina.

Após ser confiscado pelo Brasil durante a Primeira Guerra Mundial, esse navio alemão afundou em 1919. Atu­almente, seus destroços estão a 17 metros de profundidade e, embora tenham se desmon­tado ao longo dos anos, ain­da é possível encontrar peças como cabeços de amarração, mancais e partes do casco ao redor desse grupo principal de destroços. No fundo do mar, é possível avistar a parte da popa e a roda do leme.

A estátua de Netuno, o Rei dos Mares, em Ilhabela, e outros objetos inusitados no mar

Outro naufrágio muito procurado na região é o Ve­lasquez. Pertencente a uma empresa inglesa, esse navio fazia regularmente a rota de Buenos Aires a Nova York. Em sua última viagem, além dos passageiros, transportava 2.000 sacas de café e carga va­riada com destino aos portos dos Estados Unidos e Cana­dá. No entanto, em 1908, o Velasquez afundou em Ilha­bela, deixando um rico le­gado histórico subaquático para ser explorado.

Peixes e estátua de Netuno
“A alta visibilidade debaixo da água no Litoral Norte con­tribui muito para a exploração subaquática. Além dos nau­frágios, a fauna e a flora ma­rinha são ricas. Ao mergulhar até os naufrágios, geralmente é possível ver de perto diver­sas espécies de peixe como donzela e sargentinho, que são coloridos, e até cardumes de robalo”, conta a instrutora de mergulho Andréia Lima. “É um fundo de mar com bas­tante atividade. Tem coral-cé­rebro, arraias, algas e, depen­dendo da época, até pinguim. Agora nesta semana avistei dois pinguins”, relata.

Outro atrativo do fundo do mar do Litoral Norte é a estátua de Netuno, o Rei dos Mares, em Ilhabela. A pou­cos metros da superfície, a estátua é parada obrigatória de boa parte dos turistas que fazem passeio de barco e lan­cha. Quem está mergulhan­do, não deixa passar a opor­tunidade de um click ao lado da estátua, no fundo do mar. “É a foto para o Instagram”, conta Andréia.

Segundo o site Naufrágios do Brasil, São Paulo abriga mais de 100 naufrágios catalogados, e muitos deles estão localizados no Litoral Norte
Em São Sebastião, há escolas e agências que levam turistas inexperientes, os que estão fazendo o batismo e mergulhadores já com carteirinha para vários naufrágios da região

Para todos
“Com a companhia de um instrutor, qualquer pes­soa acima de 10 anos, mesmo sem saber nadar, pode mer­gulhar com cilindro e desfru­tar dessa experiência única”, garante o instrutor de mergu­lho Ricardo Simões. Basta se­guir as orientações do instru­tor, geralmente dadas em mar raso, sobre os movimentos ao descer e retornar à superfície. Só não pode mergulhar quem tem pressão alta, grávidas ou se houver restrição médica para a atividade.

A instrutora de mergulho Andréia Lima, ressalta, no en­tanto, que por questões de se­gurança o mergulho é sempre em dupla, nunca individual­mente. Ela acrescenta que o período de agora, inverno, é perfeito para conhecer nau­frágios do Litoral Norte por­que a visibilidade do mar é ótima e não há grande inter­ferência de correntes maríti­mas. Ela tranquiliza quem se preocupa com a temperatura. “A roupa de neoprene protege e a água não é gelada”, afirma.

Combo
São Sebastião conta com escolas de mergulho e agên­cias que recebem turistas de várias regiões do Estado de São Paulo, principalmente da capital, à procura do cur­so de mergulho, para fazer o “batismo”, e para mergulho com instrutor (para quem não possui certificado). As­sim, todos podem vivenciar a emoção e a beleza dos mer­gulhos na região. Quando o tempo está bom, há a pos­sibilidade de contemplar os naufrágios mais rasos que es­tejam em águas muito claras de barcos e lanchas, o que é um passeio espetacular.

Além das maravilhas sub­mersas, São Sebastião tam­bém oferece praias deslum­brantes e a oportunidade de conhecer o charmoso centro histórico da cidade, assim como de fazer uma trilha na natureza da Serra do Mar, conciliando momentos de aventura, cultura e lazer.

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