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Emoção (5): sua importância para a sobrevivência

Emoções são traços complexos e, como tais, não teriam evoluído se os mesmos não trouxessem alguma vantagem para a sobrevivên­cia humana. Assim, o fato de termos emoções significa, atualmente, que, em algum momento em nossa história evolutiva, elas devem ter ajudado nossos ancestrais a sobreviverem e a procriarem. É fácil cons­tatar como algumas das emoções básicas, tais como, medo e raiva, ajudaram nossos ancestrais a sobreviverem. A capacidade para sentir medo é muito útil num mundo onde predadores famintos espreitavam nas sombras. O medo permitia aos animais reagirem prontamente a qualquer sinal possível de perigo, bombeando de hormônios seus cor­pos para conseguirem uma fuga rápida e irrigando suas mentes com um só pensamento: fugir. De modo similar, a raiva assim também agindo, exceto pelo fato desta última preparar o organismo para lutar, e não para fugir.

Por outro lado, surpresa e desgosto são emoções relativamente fáceis de serem compreendidas. A primeira é uma emoção que ajuda os animais a responderem a estímulos novos, interrompendo a trajetória em que esses se encontravam, forçando-os a prestar-lhe atenção. As sobran­celhas se arqueiam, permitindo maior abertura dos olhos e a fixação destes, o máximo possível, na nova cena, com o corpo se preparando para uma possível mudança na direção que lhes chamou atenção. De modo similar, a capacidade para desgosto, como o nojo, por exemplo, é útil num mundo onde comida estragada e excrementos proliferam bactérias que podem matar o homem. Esse nojo é o que faz pessoas e animais se afastarem de tais objetos, de forma a ajudar animais e homens a não serem infectados.

Por sua vez, a justificativa evolutiva para outras duas emoções básicas, como alegria e angústia, é um pouco mais complexa. Ambas certamente evoluíram para agirem como motivado­ras, conduzindo homens e animais para buscar e evitar certos ciclos de ação. Alegria é produzida por ações e eventos que, já na Idade da Pedra, as teriam transmitido geneticamente entre gerações. O que leva a fazer sexo, encontrar amigos e receber presentes serem ações que deixam homens e animais alegres, haja vista que, em conjunto, teriam sido importantes para o sucesso reprodutivo desde nossos ancestrais. Inver­samente, a razão pela qual a morte de um amigo, ou a perda de algo que nos seja importante, são por demais estressantes é porque essas coisas foram ruins para o sucesso reprodutivo de nossos ancestrais, em algum momento da evolução.

Estudiosos das emoções têm nos revelado que essas características emocionais também ocorrem em outras espécies sociais, incluindo muitos primatas. Em quase todos os mamíferos, as emoções básicas, tais como medo e raiva, são mediadas por um conjunto de estruturas neurais conhecido como sistema límbico, incluindo o hipocampo, o giro singulado, o tálamo anterior e a amígdala. A rigor, as emoções básicas, tais como o medo, são mediadas pelo sistema límbico, en­quanto as emoções cogniti­vamente mais elevadas, como amor e culpa, parecem envolver muito mais o processamento cortical, sugerindo que elas evoluíram muito depois das emoções básicas.

Em conjunto, é seguro afirmar que as emoções, talvez todas, básicas, cognitivas e culturais, são, ainda, muito úteis nos dias de hoje, para a sobrevi­vência da espécie.

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