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A democracia depende do ponto de vista

Tudo na vida depende do ponto de vista, e o ponto de vista depende do interesse do observador, e como no Brasil o poder nunca mudou de mãos; manter a tradição do senhor de engenho e do coronelismo é uma questão de sobrevivência para essa gente de “bem”. Este pensamento retrógado quer mudar o conceito de liberdade estabelecido pela Constituição cidadã, e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, colocando o crime cometido contra outros seres humanos, como se fossem o direito inalienável a liberdade de expressão. Gente que acha que vivemos tempos difíceis, pois a liberdade para cometer crimes impunimente está sendo tolhida, aí perguntam: onde fica a supremacia branca?

Essa extrema-direita anda revoltada com o poder Judiciário, pois na visão enviesada dessa gente de “bem” estão livres para falar, ameaçar e até estimular a morte de outros seres humanos que julgam inferiores, querem substituir a Democracia e a Constitui­ção pelo Velho Testamento, e assim pavimentar o caminho para a volta do velho Estado religioso. Como herdeiros da velha aristo­cracia escravocrata, onde seus ancestrais podiam dispor da vida de seus escravos como lhes conviessem, vender, acorrentar, açoitar, e até matar, e depois frequentar aos domingos a Igreja, comungar e falar com Deus, e assim seus pecados estavam perdoados, afinal, os escravos não tinham alma, eram apenas propriedades como outra qualquer, portanto, não havia crime!

As lutas seculares por direitos iguais produziram leis que nos dias atuais punem os crimes que eram isentos no passado, no entan­to, os calabouços da velha ordem escravagista começaram a emergir, e os demônios que estavam aprisionados começaram a voar em pleno século 21. Os novos tempos, novos ares e uma Constituição cidadã proporcionaram um pensar mais humanista, mas a força das ideias medievais colocaram novamente a escuridão no caminho do povo pobre brasileiro. Não conseguiram abstrair do texto constitucional as conquistas sociais, mas não se deram por vencidos, os ataques à Carta Magna começaram no ato da Promulgação, pois o presidente Sarney disse que era uma Constituição para a Suíça – era muito avançada para o Brasil, e desde lá os ataques não deram trégua.

Acabar com a felicidade, mesmo que precária das classes pobres passou a ser a meta dessa gente de “bem”, que tem como lema de vida “Deus, pátria e família”, e a partir de 2013, colocaram em prática a já conheciada delinquência moral e intelectual, e como proliferar o mal é mais fácil, o território brasileiro foi tomado de assalto, e de lá para cá tentam ardilosamente destruir os efeitos positivos que a Constituição cidadã trouxe para os pobres. A proliferação indiscri­minada de mentiras nas redes sociais é a principal arma da extre­ma-direita para alienar parcela da população. E os efeitos nefastos destes atos criminosos foi a chegada nos parlamentos pelo Brasil de extremistas e delinquentes que usam o mandato para praticar crimes, maculando ainda mais a imagem dos parlamentos.

Vivemos aparentemente sob o regime democrático, que é definido como um regime político no qual a soberania é exercida pelo povo. Os cidadãos são detentores do poder e confiam parte desse poder ao Estado, para organizar a sociedade. Na teoria tudo é muito bonito, mas na prática essa soberania é segregadora, e, portanto, é relativa. Essa relatividade fica explícita quando ve­mos uma abordagem policial feita em um bairro de ricos e outra numa periferia pobre. Em um bairro rico imagens de um canal de televisão, mostram um homem desacatando um policial militar, aos gritos dizia: “não coloca o pé na minha calçada”, o policial não colocou o pé na calçada e nem deu voz de prisão para o indivíduo. Já as imagens da periferia pobre, mostram um policial pisando no pescoço de uma mulher, alegando desacato. Isso mostra que na prática no Brasil a democracia é relativa.

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