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Câmara aprova PEC da reforma

ZECA RIBEIRO/CÂMARA DOS DEPUTADOS

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quin­ta-feira, 6 de julho, a reforma tributária em primeiro turno. Foram 382 votos a favor, 118 contra e três abstenções. Era ne­cessário o apoio de no mínimo 308 deputados. Discutida há mais de 30 anos, a matéria que simplifica a cobrança de impos­tos sobre o consumo ganhou força neste ano e foi destravada após intensas negociações com governadores, prefeitos e seto­res econômicos. Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), o texto pre­cisa passar ainda por uma vota­ção em segundo turno antes de ser enviado ao Senado.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), elegeu a reforma tributária como a prio­ridade do semestre. Em janeiro, ele criou um grupo de trabalho para avançar na discussão do texto, relatado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). A coordenação da equipe ficou a cargo do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG). O GT encer­rou os trabalhos no começo de junho e, desde então, diversos atores políticos vinham nego­ciando os detalhes. Lira convo­cou um esforço concentrado de votações para esta semana e fez um apelo para que a proposta não fosse transformada em uma “batalha político-partidária”.

Em um gesto incomum para presidentes da Câmara, Lira subiu à tribuna da Casa na noite desta quinta-feira para fa­zer uma defesa contundente da reforma tributária. “Vamos à vitória, pelo Brasil e pelos brasi­leiros”, declarou o parlamentar, minutos antes de dar início à vo­tação em primeiro turno da pro­posta que simplifica a cobrança de impostos sobre o consumo.

“A Câmara dos Deputados precisa e vai cumprir o seu pa­pel histórico! Sairemos daqui com a cabeça erguida! Estou se­guro – e transmito isso a vocês – que vamos ter o reconheci­mento da Nação. Vamos escre­ver nossos nomes na História do Brasil e deste Parlamento. Vamos à vitória! Pelo Brasil e pelos brasileiros!”, disse Lira.

“Não nos deixemos levar por críticas infundadas, por análi­ses apressadas de quem nunca quis uma reforma tributária que mude a face do país. Quando o país busca olhar para frente, sur­gem vozes acorrentadas ao pas­sado. Não há um brasileiro feliz com nosso atual sistema. Todos querem um sistema tributário com Justiça social, simplificado e eficiente. Isso é a chave para uma economia que quer e vai crescer”, emendou.

Após ter pleitos atendidos pelo relator, a Frente Parla­mentar da Agropecuária (FPA) divulgou nota em apoio à pro­posta. No plenário, os líderes de partidos de centro-direita, como PP, PSD, MDB e União Brasil orientaram suas banca­das a votar a favor da reforma. O Republicanos chegou a fechar questão a favor do texto, após o governador de São Paulo, Tarcí­sio de Freitas, integrante da sigla, ter chegado a um acordo com o relator para que algumas de suas reivindicações fossem aceitas. Os partidos de esquerda apoia­ram em peso a proposta.

O PL, partido do ex-presi­dente Jair Bolsonaro, opositor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tentou adiar a vo­tação. Depois de o requerimento ser rejeitado no plenário, a sigla orientou contra a aprovação da tributária. “A espinha dorsal da proposta sempre foi uma apos­ta e uma opinião do presidente Bolsonaro. Agora, qual seria o comportamento dos partidos de oposição no governo Bolsonaro se tivesse uma proposta com­plexa como essa e modificada de última hora?”, argumentou o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ).

“Não é um país que olha para a direita, não é um país que olha para a esquerda, é um país que olha para frente. Nós precisamos entregar para esse país uma re­forma estruturante”, disse Agui­naldo, na tribuna, ao lembrar que começou a discutir a proposta ainda durante o governo Bolso­naro, com o então ministro da Economia, Paulo Guedes.

A reforma tributária foi elei­ta como uma das prioridades do atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que aceitou bancar o Fundo de Desenvol­vimento Regional (FDR) para reduzir desigualdades entre os Estados, ponto que travou o an­damento da proposta no gover­no Bolsonaro.

Nos últimos dias, contudo, Lira e os principais líderes par­tidários da Câmara ficaram in­comodados por avaliarem que o governo Lula estava muito mais empenhado em aprovar o projeto que retoma o chamado “voto de qualidade” no Conse­lho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) do que em des­travar a proposta de unificação dos tributos sobre consumo.

Entre os principais pontos da reforma está a substituição de impostos federais e estadu­ais por uma cobrança única – Imposto sobre Valor Agregado (IVA) Dual, além de um Im­posto Seletivo, que incidirá so­bre produtos que se quer coibir o uso. O novo IVA vai substi­tuir três tributos federais (PIS, Cofins e IPI), um estadual (ICMS) e um municipal (ISS).

Em meio a críticas sobre um possível encarecimento da cesta básica, o relator Aguinal­do Ribeiro concordou em zerar alíquotas para alguns itens. Os produtos serão incluídos numa cesta básica nacional de alimen­tos, definida por lei complemen­tar, que terão isenção de tributos.

Aguinaldo Ribeiro apresen­tou um novo substitutivo da proposta. O relatório traz uma definição sobre as configura­ções e atribuições do Conselho Federativo, como demandado pelos governadores. Em relação à composição, de acordo com o relatório, os Estados e o Distrito Federal terão 27 membros, um para cada ente federado.

Os municípios e o Distrito Federal também serão represen­tados por 27 membros, sendo 14 eleitos com base nos votos igua­litários e 13 com base nos votos ponderados pelas respectivas populações. O texto define ain­da que as deliberações do órgão serão aprovadas em duas etapas, uma por maioria absoluta e ou­tra pelo tamanho da população.

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