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Rede pública tem aumento nos atendimentos de diabetes

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Adriana Dorazi – especial para o Tribuna Ribeirão

Que os piores anos da pan­demia da covid-19 interferi­ram negativamente na saúde física e mental das pessoas é uma verdade cada vez mais comprovada pela ciência, em diversos campos da medicina. Isolamento social, estilo de vida mais sedentário, menos atividades físicas e mais an­siedade foi a mistura que fez crescer uma doença silenciosa e perigosa: a diabetes.

Dados divulgados esta se­mana pela Secretaria de Es­tado da Saúde de São Paulo destacam que o aumento de atendimentos de pacientes com diabetes cresceu mais de 50% em todas as cidades paulistas, incluindo Ribeirão Preto. Somente nos cinco pri­meiros meses deste ano 17.857 consultas ambulatoriais e pro­cedimentos hospitalares foram realizados a pacientes porta­dores de diabetes no estado.

Com dois tipos principais, a diabetes atinge cerca de 7% da população nacional de acordo com o Ministério da Saúde. É um número próximo a 15 milhões de pessoas. Sinto­mas de difícil identificação em uma população com obesida­de acima do aceitável e dificul­dade de diagnóstico precoce representam elevação de casos e agravamento, levando a sé­rias consequências.

Isolamento social, estilo de vida mais sedentário, menos atividades físicas e mais ansiedade foi a mistura que fez crescer uma doença silenciosa e perigosa: a diabetes

Números assustadores do excesso de açúcar
De janeiro a abril deste ano os ambulatórios da rede estadual registraram 10.742 atendimentos a pacientes com diabetes e, nos hospitais, fo­ram 7.115 atendimentos. Em comparação, em todo o ano de 2019, foram feitos 12.724 atendimentos ambulatoriais e 22.078 atendimentos hospita­lares. Ou seja, os três primei­ros meses de 2023 representa­ram 51,3% dos atendimentos daquele ano.

Em 2021 os atendimentos somavam 43.106, um cresci­mento de 20,9% em relação aos 35.627 atendimentos rea­lizados em 2020. No ano pas­sado foram registrados 50.191 atendimentos, o que represen­ta um crescimento de 16,4% em relação ao ano anterior. Esse aumento, pressionado pela pandemia de covid-19, que levou muitas pessoas a abandonarem a rotina, tam­bém é atribuído ao aumento do consumo de comidas ultra­processadas e fast food.

Somente em Ribeirão Pre­to até abril, foram 1.971 aten­dimentos segundo o Estado. A reportagem do Tribuna Ribeirão questionou o levan­tamento municipal da doen­ça: até o início deste mês de junho 33.638 pacientes com diagnostico de diabetes estão cadastrados no sistema Hygia da cidade. Essas pessoas fazem acompanhamento da doença nas unidades municipais de saúde na rede SUS.

“As Unidades Básicas de Saúde (UBS) e os Núcleos de Saúde da Família (NSF) de­sempenham um papel fun­damental no atendimento primário a saúde e no acom­panhamento de pacientes com condições crônicas, como o diabetes. Essas unidades de saúde estão preparadas para oferecer cuidados e supor­te adequados aos pacientes diabéticos, trabalhando em conjunto com equipes multi­disciplinares de profissionais de saúde”, informa a secretaria municipal de saúde.

Além da triagem e da reali­zação de exames para diagnos­ticar o diabetes no paciente, as equipes de saúde prestam cuidados clínicos e auxiliam no controle dos níveis de glico­se, com o automonitoramento realizado com a entrega do glicosímetro. Um farmacêuti­co e uma enfermeira ensinam como controlar os níveis, fa­zem a entrega de medicamen­tos apropriados e dicas sobre o uso correto de insulina. As unidades municipais também promovem educação e cons­cientização sobre diabetes com grupos de pacientes que ensinam sobre alimentação adequada, adoção de hábitos saudáveis e a importância da atividade física.

Quando o paciente ne­cessita de atendimento mais complexo, essas unidades de saúde realizam o encaminha­mento para a equipe de en­docrinologistas em unidades especializadas.

Características da doença silenciosa
O diabetes é caracteriza­do pela ausência de insulina no corpo ou a incapacida­de da substância de exercer adequadamente seus efeitos. Fabricada pelas Células B do fígado, a insulina é uma das principais responsáveis pela metabolização da glicose. O excesso permanente de açúcar não metabolizado na corren­te sanguínea (hiperglicemia) causa uma série de compli­cações que podem ameaçar a vida do indivíduo.

A doença pode levar a le­sões nos olhos, que causam perda de acuidade visual, le­sões nos rins, que podem le­var à falência do órgão, lesões nos nervos, que podem causar dormências e perda de força muscular, pé diabético, que pode levar à amputação pela incapacidade dos pés de se recuperar de lesões, infartos (veja nesta página), acidentes vasculares e infecções.

Entre 5% e 10% dos casos de diabetes são os chamados de tipo 1, causados por dis­função do sistema imunoló­gico que ataca as Células B do fígado. Esses casos ocorrem, principalmente, entre crianças e adolescentes, mas também podem ocorrer em adultos. Há outras disfunções genéti­cas e hereditárias que podem causar diabetes, assim como o uso de certas drogas ou medi­camentos. Entre 2% e 4% das gestantes desenvolvem intole­rância à glicose durante a ges­tação, uma condição chamada diabetes gestacional que pode persistir após o parto.

Pesquisas apontam possível relação entre inverno e aumento de risco de infarto

Quase 90% dos casos, no entanto, são de diabetes de tipo 2, causados pela incapacidade do corpo em aproveitar ade­quadamente a insulina pro­duzida e ligados diretamente ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hiper­tensão e hábitos alimentares inadequados. Níveis elevados de glicose no sangue apare­cem em exames de pessoas que apresentam esses quadros antes de chegarem ao nível que levaria ao diagnóstico da doença e é um alerta do corpo que os médicos chamam de pré-diabetes. Mesmo seguindo corretamente as orientações médicas, cerca de 50% das pes­soas diagnosticadas com pré­-diabetes se tornam diabéticas.

Os sintomas mais comuns da diabetes são fome excessi­va, sede constante e vontade de urinar várias vezes ao dia. Especificamente nos casos de tipo 1, os pacientes descrevem mudanças de humor, fraqueza, fadiga, perda de peso e náu­seas. Nos casos de tipo 2, pa­cientes relatam infecções na bexiga, rins e pele, além de for­migamento nas extremidades, dificuldade de cicatrização e visão embaçada.

Os fatores de risco, além do sobrepeso, pré-diabetes, pres­são alta e diabetes gestacional, incluem ter pais, irmãos ou pa­rentes próximos com diabetes, fazer uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides, ter dado à luz a bebê com mais de 4kg, ser diagnosticado com distúrbios psiquiátricos, sín­drome de ovários policísticos, apneia do sono e doenças re­nais crônicas.

A prevenção da doen­ça passa por manter o peso normal, não fumar, evitar consumir bebidas alcoólicas em excesso, praticar ativida­de física e controlar a pressão arterial. O paciente que já foi diagnosticado com diabetes mellitus deve fazer o mesmo, mas é recomendado, ainda, examinar todos os dias os pés por lesões, utilizar me­dicamentos prescritos de forma correta e medir dia­riamente o nível de glicemia, para mantê-lo adequado.

O clima frio e o diabetes podem aumentar o risco de infarto
O cardiologista do Grupo São Lucas, Leon Macedo, alerta que apesar de existirem evidências científicas, a relação entre o frio e as doenças cardiovasculares ainda é objeto de estudo e pes­quisa. Entre as teorias analisa­das, está a vasoconstrição que, aumentando a pressão arterial e a carga de trabalho do coração, pode levar ao aumento do risco de infarto e AVC, especialmen­te em indivíduos com doença cardiovascular preexistente.

“É importante lembrar que vários fatores influenciam o risco cardiovascular, como histórico médico individual, estilo de vida, fatores genéticos e outros. O clima frio pode ser apenas um dos muitos fatores que contri­buem para o risco global. Se uma pessoa tiver preocupações específicas relacionadas à sua saúde cardiovascular, é sempre recomendável consultar um profissional de saúde”, ressalta o médico.

A diabetes também é uma condição que pode colocar propensões ao infarto e doenças cardiovasculares. O médico ex­plica que resistência à insulina, aumento dos níveis de glicose no sangue, dislipidemia e alte­rações no metabolismo lipídico são fatores que podem levar às doenças cardíacas.

“A resistência insulínica está associada à disfunção endo­telial, que é a incapacidade do revestimento interno dos vasos sanguíneos, e leva a alterações na dilatação dos vasos, aumen­to da inflamação, coagulação sanguínea e formação de placas de ateroma. Níveis elevados de glicose no sangue podem acumular placas de gordura nas paredes das artérias, estreitando os vasos e reduzindo o fluxo sanguíneo, fator significativo para doença arterial coronaria­na e doença arterial periférica. Anormalidades no colesterol e triglicérides, juntamente com outras alterações metabólicas, aumentam o risco de formação de placas de ateroma nas arté­rias e contribuem para doença cardiovascular”, explica.

Entre as recomendações para evitar e ajudar na redução do risco cardiovascular, estão controle glicêmico, controle da pressão arterial (recomenda-se manter abaixo de 130/80 mmHg em pacientes com diabetes), controle do colesterol e dos triglicerídeos e adoção de uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas ma­gras e gorduras saudáveis.

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