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Emoção (4): suas três dimensões

Para além das dimensões de emoções básicas e emoções culturalmente específicas, alguns estudiosos supõem que haja uma terceira dimensão que denominaram de emoções cognitivas de alta-ordem. Como mencionamos alhures, a distinção entre emoções básicas e emoções culturalmente especí­ficas parece, para muitos estudiosos, apenas uma questão de grau do que de tipo ou categoria. Para estes, há um contínuo, ou seja, um espectro, varian­do em magnitude e um contínuo de tenacidade, com as emoções básicas estando situadas numa extremidade de muito herdável e com as emoções culturalmente específicas na outra extremidade do contínuo caracterizada como pouco herdável. Adicionando uma terceira categoria, denominada de emoções cognitivamente mais elevadas, esta divide o contínuo, espectro, em três partes ao invés de apenas duas. Emoções cognitivas são menos herdáveis do que as emoções básicas, mas muito mais inatas do que aquelas mais culturalmente influenciadas. Diferenciando-se das emoções básicas, as emoções cogniti­vas também se diferenciam de outras maneiras. Elas não são automáticas e rápidas, como as emoções básicas, e nem são universalmente associadas com uma simples expressão facial.

Vamos a um exemplo típico. Amor talvez seja o melhor para ilustrar porque, posteriormente, vamos dar um destaque a esta emoção que tanto nos encanta, seja como um constructo psicológico, seja como um tema de importância para o bem-estar individual e coletivo. Interessa sempre aos psicólogos e aos escritores. Embora o amor, à primeira vista, seja possível, ele raramente ocorre; parece muito mais comum o amor florescer gradu­almente no tempo e no espaço de vários dias e semanas, ou mesmo meses e até anos. Contrasta com a emoção de medo, a qual tipicamente alcança uma pessoa em questão de milissegundos. Ademais, enquanto o medo é fa­cilmente reconhecível por sua expressão facial, não há nenhuma expressão facial associada com a emoção de amor. Talvez, por isso, alguns estudiosos entendem que emoções iguais ao amor devam ser chamadas de emoções cognitivas elevadas, porque elas envolvem muito mais processamento cortical (envolvimento do cérebro) do que as emoções básicas. Ao passo que as emoções básicas são largamen­te processadas em estruturas subcor­ticais, localizadas abaixo da superfície do cérebro, as emoções como o amor são mais associadas com áreas do neocórtex, ou seja, as áreas mais desenvolvidas do córtex. Esta área tem sido responsável pela maioria de nossas habilidades cognitivas complexas, tais como o raciocínio lógico, o raciocínio abstrato, a inteligência fluida e a inteligência geral.

O fato de que as emoções cognitivas elevadas sejam mais corticais do que as emoções básicas significa que elas são mais capazes de serem influenciadas pelos pensamentos conscientes, e isto, por sua vez, provavel­mente torna mais provável que as emoções cognitivas sejam mais cultural­mente variáveis do que as emoções básicas. Não obstante, a despeito de sua maior variabilidade cultural, as emoções cognitivas são ainda universais. Similarmente às emoções básicas, mas diferente das emoções cultural­mente específicas, as emoções cognitivas são parte da natureza humana, modeladas pela nossa história evolutiva. Quais, todavia, seriam as outras emoções cognitivas, além do amor? Certamente, mais adiante, iremos descrever várias delas. Mas, por hora, vamos citar algumas, a saber: Culpa, Vergonha, Embaraço, Orgulho, Inveja e Ciúme. Você, talvez, em algum momento de sua vida, já vivenciou uma delas, várias delas, ou todas elas.

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