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A educação básica municipal está à deriva!

A educação básica municipal de Ribeirão Preto, há algum tem­po vem sendo vilipendiada. Houve tempos em que a qualidade das escolas municipais, de primeiro e segundo grau, era reconhecida pela qualidade do ensino. Só que essa qualidade era capenga, pois a educação infantil não fazia parte da Secretaria de Educação, que na época abrigava também os esportes, as creches eram de responsa­bilidade da Secretaria do Bem Estar Social, que tinha a função de abrigar as crianças enquanto as mães trabalhavam, não havia ne­nhuma preocupação pedagógica, isso só começou a mudar alguns anos após a Promulgação da Constituição cidadã de 1988.

Com o passar do tempo, e com a ampliação da rede, a qualidade foi caindo, como aconteceu com a ampliação das escolas básicas públicas nos anos 1950/60. Em qualquer cidade em que a educação básica pública é moeda de troca entre o Executivo e o Legislativo, sempre aparece a figura de um coronel, e aqui não foi diferente. Quanto mais o poder do coronel se intensificava, mais a qualidade da educação despencava – tudo passava pelas suas mãos, desde aprovar quem seria o Secretário (a) de Educação e de todos os cargos comissionados da pasta, principalmente os diretores (as) das escolas, e com isso todos os problemas eram jogados para debaixo do tapete.

O abandono não foi só pedagógico, também houve o abandono das estruturas prediais das escolas, mas como não há mal que sem­pre dure, o coronel caiu, com a sua queda a barreira que escondia transparência começou a ruir. No entanto uma estrutura mantida por quase quarenta anos, não se desfaz facilmente, pois o espectro do coronel estava enraizado no ambiente, e até hoje produz seus efeitos. Só se produz uma educação de qualidade, em um ambiente onde haja a autonomia, mas durante o seu reinado, o coronel não permitiu que essa autonomia acontecesse, e o resultado foi e está sendo nefasto.

A qualidade na educação básica é construída através do diálogo e da participação efetiva de todos os atores nas decisões, mas isso não acontece. As decisões são tomadas nas esferas superiores, sem ouvir a base, e nem os interesses dos educandos, e os resultados nunca são alcançados. O abandono dos prédios escolares, que não passavam há muito tempo por manutenção produziu ao longo do tempo pequenos acidentes com os educandos, em uma creche um educando quase perdeu um dedo da mão, por conta de uma estru­tura metálica mal planejada, e como as providências para fazer as manutenções nas escolas não foram providenciadas a catástrofe aconteceu. No dia 30 de novembro de 2018, um aluno de 13 anos, perdeu a vida ao sofrer uma descarga elétrica quando foi buscar uma bola em cima de um muro, onde havia um fio condutor de eletricidade desencapado, ninguém assumiu a culpa. Inclusive na sentença em que o Juiz condena a prefeitura, responsabiliza tam­bém o adolescente pela sua imprudência.

Os desmandos continuam. A Secretaria de Educação criou sem a participação da comunidade escolar, um dia de lazer e cultura, mas como não há uma interação entre as comunidades escolares, dia de lazer quase se transforma em um dia de tragédia. Ao invés de se promover a arte e a cultura através de peças de teatro, cinema e apresentações musicais, pegou outro caminho. A diretora de uma escola de educação infantil escolheu o caminho famigerado e pernicioso das escolas cívico-militar, que o governo miliciano queria implantar nas periferias pobres. Para festejar o dia de lazer e cultura promoveu no interior da escola um evento com o canil da Guarda Municipal, (tudo a ver com a cultura e lazer). Eu já vi apre­sentações do canil da Polícia Militar, mas sempre foi em estádio de futebol, nunca em local fechado e repleto de crianças. Resumo da ópera: dois cachorros das raças pastor alemão e rottweiler escapa­ram e feriram uma criança de quatro anos e seu pai, quase outra trajédia! E quem vai responder por esta irresponsabilidade?

O futuro da educação básica municipal está comprometido, pois sem um Plano Municipal de Educação, e com um conselho chapa branca, não há esperança. A lei tem que ser cumprida, não podemos desistir – é preciso lutar!

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