Tribuna Ribeirão
Geral

Blitz do TCE revela descarte irregular

FERNANDO GONZAGA

Fiscalização-surpresa realiza­da pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) em 267 dos 644 municípios paulistas sob sua tutela revela que, quase 13 anos após a ins­tituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), mais da metade dos municípios visi­tados (53,18%) ainda mantêm pontos de descarte irregular de lixo. As blitze ocorreram na ter­ça-feira, 27 de junho.

Foram fiscalizados aspec­tos relacionados a resíduos sólidos urbanos, de saúde, da construção civil e de servi­ços de tratamento de água e esgoto. Apesar de obrigatória por lei, a coleta seletiva ain­da não foi regulamentada em aproximadamente 40% das cidades verificadas. Em qua­se metade destes municípios (47%), esse sistema de coleta representa apenas 25% do to­tal de lixo produzido.

Também foram constata­das irregularidades em mais de 60% dos aterros sanitários ope­rados pelos municípios. Falta de licença válida de operação da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), presença de animais, de cata­dores informais e a existência de chorume – líquido resultan­te da putrefação do lixo – e de moradias no entorno estão en­tre os principais apontamentos.

Cerca de 10% das cida­des fiscalizadas ainda não dispõem de coleta específi­ca para o lixo gerado pelos serviços de saúde e mais de 40% delas não incineram esse material. Quase 41% dos municípios também não reu­tilizam, reciclam ou encami­nham resíduos da construção civil para áreas apropriadas e devidamente licenciadas.

Ribeirão Preto também foi fiscalizada e o TCESP encon­trou descarte irregular de detri­tos da construção civil no Par­que Ribeirão Preto, na região Oeste da cidade. A coleta sele­tiva está suspensa desde feverei­ro, quando o contrato de doze meses com a empresa Carvalho Multisserviços Eireli terminou.

A coleta era realizada em 144 bairros e a prefeitura pa­gou R$ 1,1 milhão à empresa. A prefeitura está realizando uma nova licitação para a co­leta do lixo e dos resíduos só­lidos e a seletiva está no bojo do processo licitatório. O valor é de R$ 3.919.896 e, segundo a administração Duarte Noguei­ra (PSDB), novos bairros serão beneficiados pela ampliação da coleta seletiva.

O edital sem a coleta sele­tiva tem valor estimado de R$ 125.478.732,12 e duração ini­cial de doze meses. Os serviços licitados incluem a coleta e o transbordo do lixo produzido na cidade, a varrição de vias públicas e a coleta seletiva, que foi suspensa em fevereiro, após o fim do contrato com a em­presa que realizava o serviço.

O processo licitatório está dividido em limpeza urba­na, com custo estimado de R$ 28.901.342,52, e resídu­os sólidos, no valor de R$ 96.577.389,60. A empresa ha­bilitada para os serviços de lim­peza urbana na cidade é a Suma Brasil, de Belo Horizonte (MG) que ofereceu R$ 20.484.540,36.

Já no lote de gerenciamen­to de resíduos foi habilitada a empresa Liberty Constru­ções e Serviços Ltda., que apresentou a proposta de R$ 79.899.773,04. Ainda em fase de recursos, o processo licita­tório deve ser finalizado nos próximos dias pela Secretaria Municipal da Administração. O lixo produzido na cidade é levado para Guatapará, já que Ribeirão Preto não conta mais com aterro sanitário.

“É lamentável que, depois de todos esses anos, nossos administradores ainda não te­nham se conscientizado sobre a importância da gestão ade­quada do lixo. Afinal, estamos falando não só de proteção ao meio ambiente, mas também de uma questão de saúde pú­blica”, declara o presidente do TCE, conselheiro Sidney Be­raldo. O relatório completo com as irregularidades detec­tadas será divulgado nos pró­ximos dias pelo tribunal.

RP no combate ao descarte irregular
Ribeirão Preto sofre com o descarte irregular de resíduos sólidos, lixo e inservíveis em áreas públicas e particulares, canteiros centrais, praças, entre outros. O local correto para o descarte são os seis ecopontos, localizados estrategicamente para abranger diferentes regiões da cidade.

De acordo com a secretária da Infraestrutura, Catherine D’An­drea, o Departamento de Limpeza Urbana trabalha constantemente na limpeza das áreas atingidas pelo descarte irregular. “Contudo, nosso trabalho se torna insufi­ciente diante da recorrência do descarte irregular de resíduos e da quantidade depositada nas áreas públicas”, afirma.

Os ecopontos, que foram implantados para substituírem as caçambas, são preparados para o recebimento e destinação correta de recicláveis, resíduos da construção civil e inservíveis. O serviço é totalmente gratuito à população e funciona todos os dias da semana, de segunda a segunda, das sete às 19 horas. Cada pessoa pode fazer a entre­ga voluntária de até um metro cúbico de resíduos.

Além da poluição visual nas ruas e prejuízos ao meio ambiente, o acúmulo de lixo em locais im­próprios facilita a proliferação de doenças e animais peçonhentos, alerta a secretária. “O descarte irregular de resíduos é crime”, diz. Uma maneira de combater essa ação é denunciando os infratores pelo telefone 156, do Serviço de Atendimento ao Munícipe (SAM) ou pelo 199, na Guarda Civil Metropolitana.

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