Ribeirão Preto ultrapassou o total de casos de dengue registrado em 2022. As 8.752 ocorrências de 2023 estão 16,97% acima das 7.482 do ano passado. São 1.270 vítimas do mosquito Aedes aegypti – vetor da doença, do zika vírus e da febre chikungunya – a mais. A situação preocupa porque os dados compreendem um período inferior a seis meses, entre 1º de janeiro e 7 de junho.
A cidade já enfrenta nova epidemia. A Secretaria Municipal da Saúde também confirmou mais uma morte em decorrência da doença, a quinta em 2023. Os dados do painel da pasta mostram que o município soma 2.782 casos a mais que os 5.970 dos cinco primeiros meses do ano passado, alta de 46,6%. A média em 2023 é de incríveis 55 por dia, um a cada 26 minutos. Em uma semana foram confirmadas mais 612 vítimas do vetor.
Ainda há 17.722 em investigação. Ribeirão Preto fechou 2022 com 20 ocorrências diárias, em média. O volume de chuva bateu recordes no município no verão e início de outono. Somado à falta de atenção e cuidado da população, propiciou o surgimento de criadouros e a proliferação do mosquito Aedes aegypti. São 24 casos de dengue em junho.
Em maio são 1.420, contra 2.214 do mesmo período do ano passado, 794 a menos, recuo de 35,86%. Em relação a abril deste ano, que soma 3.496 casos, a queda chega a 59,4%. São 2.076 a menos. O município teve 398 em janeiro, 898 em fevereiro e 2.516 em março. O número de casos de dengue no ano passado, em Ribeirão Preto, é 20 vezes superior ao total de 2021 inteiro.
Entre 1º de janeiro e 31 de dezembro, a cidade contabilizava 7.482 vítimas do mosquito Aedes aegypti, contra 360 de 2021. São 7.122 a mais em 2022 e alta de 1.978%. A média de infecções no ano passado foi de 20 pacientes por dia na cidade, quase um por hora. Os números mudam toda semana.
Alerta
O aumento de casos da doença acende o sinal de alerta na cidade, ainda com volume de chuva bem acima da média para o período. Em 2021, o número de casos despencou em Ribeirão Preto, na comparação com o ano anterior. Segundo dados do Boletim Epidemiológico, divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde, em 2020 foram registrados 17.606. Ou seja, a queda é de 98%, ou 17.246 a menos.
Faixa etária
A última vez que Ribeirão Preto declarou epidemia de dengue havia sido há três anos, na primeira metade de 2020, a sexta em pouco mais de uma década. Na época, a média diária de pessoas diagnosticadas com o vírus transmitido pelo Aedes aegypti em 365 dias foi de 48, duas por hora.
Neste ano, das 8.752 vítimas, 2.963 pessoas têm entre 20 e 39 anos, outras 2.139 estão na faixa dos 40 a 59 anos, 1.483 estão entre 10 e 19 anos, 1.101 têm mais de 60 anos, 750 são crianças de 5 a 9 anos, 270 têm entre 1 e 4 anos e 46 são bebês com menos de 1 ano de idade. São 3.290 casos na Zona Leste, 1.691 na Oeste, 1.384 na Norte, 1.278 na Sul e 990 na Central, além de 119 sem identificação de distrito.
Chikungunya
Em 14 anos, Ribeirão Preto já registrou 157.584 casos de dengue, mas este número pode ser quatro vezes superior – de 630.336. Em 2021, Ribeirão Preto também teve dois casos de febre chikungunya importados da Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, e Goiânia, capital do Estado de Goiás. Em 2022 foram cinco ocorrências, quatro importadas. Neste ano são 34 casos, onze importados.
Não há casos de zika vírus e febre amarela em 2021, 2022 e neste ano. Em 2019, a cidade registrou 79 casos de sarampo. Em 2020, mais quatro, totalizando 83 desde então. Não há ocorrências nos três últimos anos. Oitenta por cento dos focos de dengue estão dentro das casas da cidade. A prefeitura tem realizado vários mutirões para recolher criadouros do vetor, mas a população tem de colaborar.
A Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde tem visitado móveis e realizado mutirões em todas as regiões da cidade, orientando moradores sobre o risco de deixar a céu aberto recipientes que possam acumular água e servir de criadouro do Aedes Aegypti, além de recolher material inservível. Porém, para acabar com a dengue a população tem que colaborar.