Os dois já foram julgados em primeira instância pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Bauermann teve pena leve, de modo que pegou apenas 12 jogos de gancho porque a denúncia foi desqualificada pelos auditores. Já Romário foi banido do futebol. Cabe recurso em ambas as decisões.
Segundo a investigação do Ministério Público de Goiás, Bauermann recebeu R$ 50 mil para levar amarelo contra o Avaí, mas não foi advertido durante o jogo. Nas conversas, o apostador critica o defensor por não ter cumprido com sua parte no acordo.
Como não levou o amarelo, ele teria prometido receber o cartão vermelho contra o Botafogo, cinco dias depois. No Rio de Janeiro, o atleta de fato foi expulso, mas só após o apito final, invalidando a aposta. Ele, que continua afastado pelo Santos, foi, então, ameaçado de morte e extorquido pela quadrilha.
Romário foi apontado pelo MP como o pivô do esquema fraudulento. Segundo os promotores, o atleta recebeu dinheiro dos apostadores para cometer um pênalti em duelo com o Sport, pela última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro de 2022, mas não foi relacionado para a partida. Por isso, passou a procurar outros atletas para participarem do esquema.
Os dois serão os primeiros jogadores que falarão na CPI. A Comissão, que tem o deputado Felipe Carreras (PSB-PE) como relator e Julio Arcoverde (PP-PI) na presidência, ouviu na semana passada o promotor de Justiça Fernando Cesconetto, o procurador-geral Cyro Terra Peres, ambos responsáveis pela chamada Operação Penalidade Máxima, e o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que denunciou casos de manipulação de resultados cometidos dentro de seu próprio clube, dando início à operação do MP.
Depois de muitos requerimentos de convocação ou convite de figuras que não estão associadas à investigação de nenhuma maneira e que não podem contribuir com a CPI, a ideia dos deputados é, agora, reduzir o amplo espectro de convocados e direcionar o foco para personagens importantes investigados pela Operação do MP. Bauermann e Romário são dois dos 15 atletas que viraram réus e aguardam julgamento na Justiça comum.
Ainda que as casas de apostas sejam tratadas como vítimas, os parlamentares acham importante ouvir representantes dessas empresas. Por isso, aprovaram o requerimento de convocação de Ioannis Spanoudakis, Alexandre Fonseca e Júlio Iglesias Hernando, representantes da Betano.
Depois, os parlamentares planejam ouvir Bruno Lopez de Moura, Romário Hugo dos Santos e Thiago Chambó de Andrade, apontados pelo MP como os líderes da quadrilha que manipulou partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, além de Estaduais. Os três, que estão presos, devem ser convocados em breve.