Tribuna Ribeirão
Economia

Evolução de Meios Digitais – Brasileiro usa menos dinheiro

Com a criação do Pix em novembro de 2020, mudan­ças comportamentais geradas pela pandemia de covid-19 e o aumento das transações com cartões, os brasileiros usam cada vez menos o dinheiro em espécie para fazer pagamentos do dia a dia. A avaliação é do estudo do Banco Central (BC) Evolução de Meios Digitais para a Realização de Transa­ções de Pagamento no Brasil.

O volume de transações financeiras digitais por pessoa praticamente dobrou desde o lançamento do Pix no fim de 2020, acompanhado, no mes­mo período, de uma redução mais acelerada dos saques de dinheiro físico no país, afirma o Banco Central. As operações per capita por meio digital eram de 242 em 2020 e passa­ram a 453 em 2022. Em 2012, eram 131.

No ano passado, o sistema de transferências instantâneas criado pelo BC já alcançou a maior participação em número de transações em relação aos demais meios de pagamento, de 29%. Por outro lado, a quantida­de de saques em caixas eletrô­nicos e agências bancárias caiu de 3,4 bilhões em 2020 para 2,6 bilhões no ano passado.

Em valores, a queda foi de R$ 2,5 trilhões para R$ 2,1 tri­lhões. Em 2012, o número era de R$ 3,9 bilhões, com movi­mentação financeira de R$ 4,5 trilhões. Em 2019, os saques de dinheiro em caixas eletrôni­cos e agências somaram R$ 3 trilhões. Em 2020, o total caiu para R$ 2,5 trilhões e para R$ 2,1 trilhões, em 2021 e 2022.

Em 2020, as transações por meio do Pix somaram R$ 180 milhões. No ano seguinte, R$ 9,43 bilhões, e em 2022, R$ 24,05 bilhões. Já quando se trata de transações de valores mais altos, a indicação do estu­do é de que há preferência por transferências bancárias (inter e intrabancárias), que respon­deram por cerca de 65% de todo o volume financeiro de 2022. O Pix foi responsável por 12% das transações.

“A quantidade e o volume financeiro de saques em ATMs e agências bancárias vêm se reduzindo ao longo do tem­po de forma gradual. De 2020 em diante, essa redução de uso parece ser mais acentuada, o que pode ser explicado pelas mudanças comportamentais da pandemia, a introdução do Pix e o aumento de transações com cartões”, detalha o BC.

Segundo o estudo, em rela­ção ao valor médio das opera­ções “há uso preponderante do Pix e dos cartões (especialmente o pré-pago) nas transações de valor mais baixo, indicando seu papel importante na inclusão financeira, deixando as transfe­rências tradicionais como prin­cipais opções para transações corporativas, de valores substan­cialmente mais altos”.

“Nesse sentido, é razoável supor que o Pix e os cartões representaram importante pa­pel na digitalização de cama­das mais amplas da popula­ção”. O BC também observou crescimento “expressivo da quantidade de transações com cartões de débito e pré-pago”, influenciado pela expansão de instituições financeiras.

“Essas instituições vêm ten­do papel relevante na inclusão financeira, ao proporcionar contas de pagamento a pessoas que anteriormente não tinham nenhum relacionamento com o sistema financeiro, sendo, por exemplo, as instituições em que muitos jovens iniciam seu relacionamento com o sistema financeiro”, destacou o estudo.

Com o uso do Pix, a partir do fim de 2020, houve redu­ção relativa da utilização dos demais meios de pagamento, mas a autarquia pondera que, em termos absolutos, há con­tínuo aumento da utilização de cartões, com estagnação de boletos e redução acelerada no pagamento com cheques.

Em 2022, o cartão de crédito representou 20% da quantidade de transações, o de débito, 19%, e o pré-pago, 9%. O conjunto de cartões representava 39% de participação em 2012, mas não havia a modalidade pré-pago. Já o boleto representou 11% do volume de transações no ano passado, contra 28% em 2012. O cheque apresentou partici­pação quase nula em 2022 ante 7% em 2012.

“Em apenas dois anos de operação, entre novembro de 2020 e dezembro de 2022, o Pix tornou-se o instrumento com maior quantidade anual de tran­sações (participação de 29%)”, destacou o BC, acrescentando papel importante do meio de pagamento na inclusão de pes­soas que nunca haviam realiza­do transferências.

As avaliações foram feitas no boxe “Evolução de Meios Digitais para a Realização de Transações de Pagamento no Brasil”, que faz parte do Rela­tório de Economia Bancária de 2022, a ser divulgado na ín­tegra neste dia 6 de junho, às oito horas. O avanço das tran­sações digitais antecede o Pix e as mudanças provocadas pela pandemia de covid-19, embo­ra tenha se tornado mais vigo­roso nos últimos dois anos.

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