Iniciando as comemorações dos 167 anos de Ribeirão Preto, o Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi (Marp), equipamento da Secretaria Municipal da Cultura e Turismo, abriu no sábado, 3 de junho, a exposição “marp / tempo / paisagem”. Ficará em cartaz até 7 de julho.
Documentos
A mostra conta com uma série de documentos que narram a trajetória da edificação do Marp e do próprio museu, e suas inserções na paisagem urbana de Ribeirão Preto. A exposição propõe uma retrospectiva histórica, partindo de 1856, ano de fundação da cidade.
Vai até os dias atuais, a partir da perspectiva do prédio da antiga Sociedade Recreativa e de Esportes (Recra), de 1906, que sedia o museu desde sua criação, em 22 de dezembro de 1992. Em meio à narrativa, serão expostas 13 obras de arte contemporânea que instigam as pessoas a refletirem sobre os diferentes tempos que se sobrepõem na paisagem.
Traz obras dos artistas Adelaide Sampaio, Bárbara Schall, Bassano Vaccarini, Élcio Miazaki, Fernando Dias, Gabriela K. Sacchetto, Janaina Wagner, Leopoldo Lima, Odilla Mestriner, Osvaldo Carvalho, Tony Miyasaka, Vânia Mignone e Weimar.
O Marp fica na rua Barão do Amazonas nº 323, em frente à praça Carlos Gomes, no Centro Histórico. Atende de terça a sexta-feira, das 9h30 às 12 horas e das 13 horas às 17h30. A entrada é gratuita. Mais informações pelo telefone (16) 3635-2421 ou e-mail [email protected]. com.br. Dependendo da exposição, abre aos sábados.
A rica história do Marp
Após ampla reforma, o Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi foi inaugurado em 1992 com o objetivo de reunir todo o acervo de artes plásticas da prefeitura, obras do Salão de Artes (Sarp) e do Salão Brasileiro de Belas Artes (Sabbart) adquiridas pelo poder público, bem como as doadas, como o conjunto de produções dos artistas Leonello Berti e Nair Opromolla. Em 2000, recebeu o nome de Pedro Manuel-Gismondi.
Conta com cerca de 1,5 mil obras de todas as linguagens em seu acervo – esculturas, quadros, artesanato, intervenções etc. Ponto de encontro para quem aprecia arte moderna, o Marp viveu seu auge nos anos 1990, quando abrigou exposições de artistas como Salvador Dali, Candido Portinari, Lasar Segall, Tomie Ohtake e Arthur Bispo do Rosário. Até o guitarrista dos Rolling Stones, Ron Wood, expôs as suas pinturas no museu, em 1996.
Recordista
Leda Catunda é a artista com mais trabalhos no espaço, onde começou sua carreira, há 35 anos. Desde o começo dos anos 2000, doa uma cópia de todas as gravuras que faz – já são 20 doações. O prédio onde está instalado o Marp foi construído no início do século passado para ser a primeira sede da Sociedade Recreativa de Ribeirão Preto.
O projeto para a sede da Recra é de autoria do arquiteto Affonso Geribello e a execução da obra pelo construtor Vicente Lo Giudice. O baile inaugural aconteceu em 31 de dezembro de 1908. Aproximadamente em 1922, o terreno ao lado da sede foi adquirido para construção da primeira ampliação, por volta de 1924. Novas adaptações para melhoria das acomodações do prédio, para conforto dos sócios, aconteceram em 1935.
Em 1945, foi aprovado pelo Conselho Deliberativo da Sociedade Recreativa a construção de uma nova sede em substituição ao antigo prédio, que deveria ter sido demolido, pois foi considerado inadequado às necessidades do momento – a demolição não ocorreu e em 1951 a Recra instituiu um concurso para projeto de construção da nova sede social em terreno da sede de campo.
Em 1956, a antiga sede da Sociedade Recreativa, após reforma efetuada pela prefeitura, passou a ser ocupada pela Câmara de Ribeirão Preto, que funcionava desde 1917 no Palácio Rio Branco, juntamente com o Executivo. No piso térreo do prédio foram instalados a sala das comissões, da secretaria, dos secretários, da presidência, o arquivo e bar.
No piso superior localizava-se a sala de jornalistas, dos vereadores e a das sessões. A Câmara ficou no prédio até 1984, quando foi transferida para o pavimento superior da Casa da Cultura. Após uma grande reforma no antigo prédio da Recreativa e, posteriormente, Câmara, foi inaugurado, em 22 de dezembro de 1992, o Museu de Arte de Ribeirão Preto.
Iniciou suas atividades com grandes dificuldades estruturais, mas imprimiu ao longo de seu percurso um perfil voltado à arte contemporânea, com atividades direcionadas a formação de público e recebendo importantes mostras históricas.
Mostras
O Marp sediou várias exposições com representativos artistas brasileiros, como Alfredo Volpi, Arthur Bispo do Rosário, Bassano Vaccarini, Cristina Barroso, Dudi Maia Rosa, Edouard Fraipont, Fábio Miguez, Francisco Amêndola, Franz Weissmann, Iberê Camargo, Laura Vinci, Leda Catunda, Luiz Hermano, Odilla Mestriner, Paulo Whitaker, Pedro Manuel-Gismondi, Rosana Monnerat, Sandra Cinto, Sérgio Romagnolo, Sérgio Sister, Siron Franco, Tomie Ohtake e tantos outros.
Dentre tantos projetos coordenados pelo Marp, destaca-se o Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo (Sarp), um significativo evento nacional, por onde já passaram muitos artistas, assim como já impulsionou a carreira de jovens talentos.