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RP atendeu 657 crianças vítimas de violência

ALFREDO RISK

Dados da Secretaria Mu­nicipal de Assistência Social (Semas) de Ribeirão Preto, divulgados a pedido do Tri­buna Ribeirão, revelam que os Centros de Referência Es­pecializados de Assistência Social (Creas), que realizam o atendimento de crianças e adolescentes da cidade, aten­deram 657 vítimas de algum tipo de violência. Uma média de sete atendimentos por dia. Em janeiro foram atendidos 206 crianças e adolescentes vi­timizadas, em fevereiro, 88, e em março 363. Ribeirão Preto possui quatro Creas.

A cidade também possui um sistema informatizado em que as instituições têm acesso para relatar qual­quer tipo de violência con­tra crianças e adolescentes. Após a notificação, os órgãos entram com a ação necessá­ria e específica para tomar as devidas providências.

Essas medidas são exigên­cias do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em vigor desde 2017, e da Lei Fe­deral nº 13.431, que enfatiza a necessidade de criação de um sistema de atendimento inte­gral e interinstitucional, por meio das chamadas “Rede de Proteção”, com ações articu­ladas, coordenadas e efetivas voltadas ao acolhimento e atendimento de crianças víti­mas de violência.

Cartilha da USP
Uma cartilha lançada na Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto tam­bém orienta sobre iniciativas para prevenção da violência contra crianças e adolescen­tes. O material “Conhecendo a Rede Protetiva” foi desenvol­vido com o intuito de ampliar as iniciativas que buscam pre­venir esse tipo de violência, oferecendo conhecimento e compartilhando informações com a comunidade.

Com uma linguagem aces­sível, a cartilha, além de expli­car o que é considerado vio­lência sexual e como e onde ela ocorre na maioria das ve­zes, analisa através da lei os meios de proteção da criança e do adolescente.

O material destaca os prin­cipais órgãos que são aciona­dos quando esse tipo de crime ocorre, e que fazem parte da “Rede de Proteção”, fornecen­do os principais canais de co­municação dessas instituições para que a sociedade possa ajudar no combate e saiba onde procurar ajuda.

Além de ser divulgado através das redes sociais do curso da USP, o material foi disponibilizado no Centro de Referência de Assistência So­cial (Cras), no Creas, nos con­selhos tutelares e instituições sociais da cidade.

Trabalho infantil
Além do atendimento, acompanhamento e enca­minhamento das vítimas de violência, a Semas realiza o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). Atualmente a Secretaria está discutindo com o Serviço Especializado em Aborda­gem Social uma aproxima­ção mais lúdica de crianças e adolescentes.

As reuniões quinzenais entre os dois órgãos são im­portantes para definição de ações a serem realizadas em conjunto. O objetivo da abor­dagem lúdica com crianças e adolescentes é facilitar a aproximação e interação dos educadores com o público­-alvo de forma pedagógica, que transmita a intenção da equipe de ser agente de apoio, o que possibilita o estabeleci­mento de vínculo.

Trabalho infantil refere-se às atividades econômicas e/ou atividades de sobrevivência, com ou sem finalidade de lu­cro, remuneradas ou não, re­alizadas por crianças ou ado­lescentes em idade inferior a 16 anos, ressalvada a condi­ção de aprendiz a partir dos 14 anos, independentemente da sua condição ocupacional. Para as faixas etárias de 16 e 17 anos, a lei brasileira per­mite o trabalho de maneira legalizada, como adolescente trabalhador, desde que não se­jam atividades noturnas, peri­gosas ou insalubres descritas na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP).

São tipos de trabalho in­fantil: os realizados na rua (olhar carro, venda de pano de prato, bala, etc.); mendicância (pedir esmola, comida, etc.); o doméstico; em atividade ilícitas (tráfico de drogas); in­formal; eventual/sazonal (co­lheitas, venda de flores no Dia de Finados, etc.); noturno; perigoso e insalubre; o preju­dicial à moralidade (vender bebida alcoólica; circo; teatro; produzir, entregar, vender im­pressos, cartazes, entre outros, cujo conteúdo prejudique sua formação); virtuais (blogs, vlogs, campeonatos de vídeo game online, páginas em sites de relacionamentos que atra­em anunciantes, prestação de serviços pela internet, etc.).

Panorama no Brasil
Dados do Panorama da Vio­lência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil revelam que a cada ano, uma média de 7 mil crianças e adolescentes – 0 a 19 anos – morreram em decorrência dos mais variados tipos de violên­cias. O estudo foi coordenado Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) junto com entidades brasileiras e compilou informações dos registros de ocorrências das polícias e de au­toridades de segurança pública das 27 unidades da federação.

Segundo o levantamento, entre os anos 2016 e 2020, foram registradas no país 34.918 mortes violentas intencionais de crianças ao longo dos últimos cinco anos

Segundo o levantamento, entre os anos 2016 e 2020, foram registradas no país 34.918 mortes violentas intencionais de crianças ao longo dos últimos cinco anos. A grande maioria das vítimas e de adolescentes – em mais de 31 mil desses casos, as vítimas estavam na faixa etária entre 15 e 19 anos.

As características das mortes são diferentes entre as diversas faixas etárias. Entre as crianças de até 9 anos, 33% das vítimas eram meninas; 44% eram bran­cas; 40% morreram dentro de casa; 46% das mortes ocorreram pelo uso de arma de fogo e 28% pelo uso de armas brancas ou por “agressão física”. Já na faixa etária entre 10 e 19 anos, 91% das vítimas eram meninos; 80% eram negras; 13% morreram em casa e 83% das mortes ocorre­ram em decorrência do uso de armas de fogo.

Mãos Estendidas lança livro sobre violência feminina
A Associação Programa de Mãos Estendidas (PME) e a Fundação Insti­tuto do Livro lançaram no dia 11 de maio, o livro “Aconteceu Comigo – Vivendo um dia de cada vez”. O lançamento começou a ser viabilizado no ano passado, quando algumas das mulheres atendidas pela equipe técnica do Programa, aderiram ao projeto para escrever um livro.

Na ocasião, após ser trabalhado em oficinas coletivas a leitura e a escrita de um modo psicopedagógico e social, cada uma escreveu um capítulo com uma de suas histórias, que tenha significado e mar­cado sua trajetória. Nascendo o livro “Aconteceu Comigo – Vivendo um dia de cada vez”.

O Programa de Mãos Estendidas é uma organização social fundada pela sua atual coordenadora geral, a advogada Marcia Pieri, no ano de 2007, para a promoção da justiça social junto das pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social, com o atendimento de crianças e adolescentes.

A partir de 2015, passou a realizar serviços de garantia e proteção de direitos para as mulheres vítimas de violência doméstica, bem como, serviço de convivência e fortalecimento de vínculos para o gênero feminino em Ribeirão Preto, através de uma equipe de profissionais multidisciplinar com atendimentos coletivos e individuais de forma contínua e gratuita.

O livro “Aconteceu Comigo – Vivendo um dia de cada vez” conta com orientação da Terapeuta Ocupacional, Beatriz Silva Santoro, das Psicólogas Giovanna Fernandes Pieri e Barbara Garcia Sanches, e da Assistente Social, Alexandra Correa, além do apoio geral e realização da PME.

Centros de Referência Especializados de Assistência Social – CREAS
Horário de Funcionamento: 8h às 12 horas e das 13h às 17 horas
Bairro – Vila Tibério
Endereço – Rua Augusto Severo, 819
Telefone – (16) 3611-6000

Bairro – Geraldo Correa de Carvalho
Endereço – Rua Leonor Domiciano Guimarães, 201
Telefone – (16) 3617 -7211

Bairro – Parque Bandeirantes
Endereço – Rua Guido Borsaro, 594
Telefone – (16) 3965-4077

Bairro – Avelino Alves Palma
Endereço – Rua Virgílio Simionato, 315
Telefone – (16) 3975-3418

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