Uma maneira de conceber a falácia da moralidade é entender quando as pessoas dizem que os fatos devem se conformar às suas visões de como o mundo deve ser, e não como ele realmente é. Em sua forma mais moderada, esse comportamento leva as pessoas a rejeitarem evidências científicas e avanços tecnológicos pelo fato delas não gostarem das implicações dos mesmos. Em sua forma mais extrema, isto leva a censuras, pelo fato de as verdades científicas serem vistas como perigosas para a sociedade e para o bem estar das pessoas. Por exemplo, quando considerando as diferenças de inteligência entre as pessoas, ou mesmo entre nações, estados e regiões, políticos, e até mesmo estudiosos, usualmente rejeitam tais resultados por entendê-los como ofensivos e excedendo, cientificamente, os limites do socialmente aceitável. Isto é uma falácia moralista simplesmente porque as pessoas desejam que não haja diferenças de inteligência entre os indivíduos, bem como, querem que os seus desejos sejam verdadeiros.
Os falsos moralistas, ou adeptos da falácia moralista, também ignoram o fato de a realidade não se preocupar com o desejo dos humanos. Todos nós sabemos que, no passado, muitos cidadãos queriam que a Terra fosse o centro do universo, mas este não se preocupou com este desejo, certamente, pois, muito antes de os humanos saberem a localização da Terra, esta já era um fato concreto. Do mesmo modo, a evolução operou por milhões de anos para produzir seres humanos com diferenças individuais e coletivas, além de uma variedade de traços. Portanto, esperar que a evolução viesse a se conformar aos desejos humanos é algo egocêntrico e irrealista. Como um grande teórico da inteligência apontou, “Querer que alguma coisa seja assim, mesmo pelas melhores razões, não as torna assim”.
Para além da filosofia, outra razão porque pesquisa e inteligência não levam necessariamente a políticas negativas é que, frequentemente, os mesmos fatos suportam diferentes colocações. Por exemplo, o medo das consequências do conhecimento sobre influências genéticas na inteligência, e no desempenho escolar, que poderiam conduzir ao entendimento de que, indivíduos de baixo QI poderiam ser tratados como cidadãos de segunda classe, não é o único desfecho possível. Vejamos, então, algo contrário a isso. Talvez determinada política pública possa, prontamente, ajudar pessoas mais vulneráveis a receberem uma parcela maior dos fundos educacionais, ou, dito de outra forma, tal política poderia levar a uma melhor remuneração para os professores que ensinam em escolas de estudantes mais vulneráveis e de baixa renda, bem como, para os professores de educação especial. Nestes casos, fornecer treinamento intensivo e, até mesmo, monitoramento adicional, e maior suporte, aos estudantes menos privilegiados, seja melhor compreendido. Como é possível notar, uma mesma informação podendo ser dita de diferentes formas, cada qual mais bem aceita que outra, e menos rumorosa.
Outra dimensão importante é a crença de que as ideias herdadas são as mais prováveis de levar a consequências indesejáveis enquanto que as fortes influências ambientais são muito boas e desejadas. Essa concepção é muito aceita porque, com ela, as pessoas admitem que as influências ambientais dão mais esperança para mudanças concretas que os achados genéticos. Mas, a rigor, isto não é verdade, pois muitas das informações genéticas podem levar a melhores decisões e prevenir as pessoas que se frustrarem caso estas não alcancem, no todo, seus objetivos. No caso da inteligência, em se entendendo que baixa inteligência pode ter influência genética, especialistas em políticas públicas podem potencializar e diferenciar suportes a essas pessoas para que elas alcancem, verdadeiramente, bem-estar satisfatório e empregos condizentes e melhor remunerados, em ambientes seguros do ponto de vista da saúde física e mental.
Finalmente, devemos lembrar sempre que, no caso particular da inteligência, as influências são poligênicas e não devidas, exclusivamente, a um único gene. Ademais, as pessoas não têm a liberdade de escolha de escolher seus próprios genes.