O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 30 dias para a Polícia Federal (PF) concluir a perícia nas filmagens do circuito interno do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. Moraes também determinou o compartilhamento das informações preliminares reunidas na sindicância aberta pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para investigar a conduta dos servidores que estiveram no prédio no dia dos ataques.
As imagens de 33 câmeras de segurança do Palácio do Planalto vieram a público no mês passado por determinação de Moraes. Os vídeos mostram que os servidores do GSI circularam entre os golpistas, conversaram com os vândalos e não tentaram prendê-los.
A PF ouviu dez militares identificados nas filmagens. Em depoimento, eles negaram conivência com os golpistas e disseram que não receberam alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o risco de ações violentas na Praça dos Três Poderes.
As versões são semelhantes: os servidores do GSI alegam que foram pegos de surpresa e que, por isso, estavam em menor número e não puderam conter os radicais. A divulgação das filmagens causou a queda do primeiro ministro do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O general da reserva Marco Gonçalves Dias, o G. Dias, pediu exoneração do GSI.
A Presidência da República retirou, nesta quarta-feira (10), em Brasília, as grades de proteção do Palácio do Planalto. Os equipamentos cercavam o local pelo menos desde 2013, quando milhares de brasileiros foram às ruas em protestos violentos em várias cidades do país.
De acordo com o ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência, Paulo Pimenta, a retirada é simbólica e ocorreu a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante do cenário que o país vive. “Um momento de união e reconstrução não pode ter um monte de gradil”, disse Pimenta a jornalistas, no Palácio do Planalto.
Segundo ele, em ocasiões específicas, como solenidades e desfiles, as grades móveis poderão ser recolocadas temporariamente. Em discurso recente, o presidente Lula manifestou seu descontentamento com as grades e barreiras de segurança também do Palácio da Alvorada, sua residência oficial, e disse que é preciso fazer o Brasil voltar a “ser civilizado”.
O presidente Lula foi conferir de perto a entrada do Palácio do Planalto sem grades móveis de proteção, após quase dez anos. De surpresa, desceu a rampa da sede do governo, na tarde desta quarta-feira, pouco mais de cinco meses após fazer o trajeto oposto para dar o pontapé do seu terceiro mandato presencial.
“O que eu acho é que o Brasil não precisa estar cercado de grades. Deixa livre para a democracia, ela não precisa de muros”, disse Lula a jornalistas ao andar sobre a rampa. Ele estava acompanhado de sua esposa Janja Lula da Silva, e do ministro Paulo Pimenta.