Uma assembleia convocada pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles, realizada na segunda-feira, 8 de maio, gerou insatisfação entre os filiados da entidade. Segundo os descontentes, Meirelles queria dar “ampla, plena, e irretratável” validade aos atos praticados por sua administração.
Opositores consideraram a medida como uma manobra abusiva e sem validade legal para dar um salvo-conduto aos 48 anos de administração de Meirelles. Um dos principais adversários do presidente da Faesp é Paulo Junqueira, produtor rural de Ribeirão Preto próximo de Jair Bolsonaro (PL), um dos responsáveis pela participação do ex-presidente na Agrishow deste ano.
A Faesp é representante de empresários rurais, grandes, médios e pequenos proprietários paulistas e reúne 235 sindicatos rurais. Historicamente, a entidade tem como fonte de recursos a contribuição sindical obrigatória. Mas, com o fim da obrigatoriedade nos últimos anos, os recursos teriam caído de R$ 16 milhões em 2016 para R$ 3 milhões em 2021, queda de 81,3% e corte de R$ 13 milhões.
Reportagens da Folha de São Paulo teriam mostrado indícios de irregularidades da gestão de Fábio Meirelles à frente da Faesp, com favorecimento a seus filhos. Após a assembleia de segunda-feira, a Faesp publicou texto em seu portal. Afirma que reuniu 140 delegados da rede sindical do agro paulista na sede da entidade, em São Paulo.
O encontro começou com a leitura dos pareceres do Conselho Fiscal e apresentação do balanço geral, ações e contas do exercício de 2022. Em seguida, a assembleia prosseguiu com as demais pautas do encontro, que incluíram a leitura e ratificação da ata da reunião anterior, realizada em outubro do ano passado, e a discussão e votação do relatório apresentado pela diretoria da entidade.
Após a reunião, por meio de votação secreta e cédulas preenchidas por todos os delegados presentes, a apuração referente à assembleia geral ordinária indicou a maioria de 132 votos aprovando os dados apresentados, sete cédulas apontando “não aprovo” e uma única cédula em branco. Já a apuração relacionada à assembleia geral extraordinária registrou 124 votos favoráveis, 14 contrários, um nulo e um branco.
“Reuniões como essa mostram que estamos no caminho certo, trabalhando com transparência, democracia e união de todos que fazem parte da Faesp. Apresentamos de forma detalhada os dados do último ano, que indicaram um saldo positivo do nosso desempenho orçamentário, o que só é possível graças a uma gestão equilibrada”, destaca no texto Tirso Meirelles, vice-presidente da entidade.
Ainda segundo Meirelles, a participação dos sindicatos e aprovações de todas as contas dos últimos anos só ressaltam a força do setor produtivo agropecuário paulista. “A cada assembleia temos um número maior de participantes. Somente assim, com essa presença e atuação conjunta, é que vamos seguir assegurando a sustentabilidade econômica e ampliação de todas as atividades da federação”.
“Bem como continuar a desenvolver e impulsionar os diversos setores produtivos locais, como o turismo rural, empreendedorismo no campo, gastronomia, agroindústria, artesanato e segurança alimentar”, reforça Tirso Meirelles. A reportagem tentou contatar o empresário Paulo Junqueira para falar sobre o assunto, mas, não havia conseguido até o fechamento desta reportagem.