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A crise no Brasil poderia nos educar!

Ao chegar à Alemanha em 1985, antes de ingressar no seminá­rio para concluir meus estudos de Teologia, fui acolhido por um casal que viveu a Segunda Guerra Mundial. Antes do primeiro almoço a dona da casa me perguntou quantas batatas eu comia. Estranhei e perguntei o tamanho das batatas. Depois de me mos­trar uma, disse que duas bastariam.

A experiência da fome e demais carências pós-guerra educou o povo alemão a economizar e ser criativo em questões de econo­mia. Graças a Deus nunca passamos pela experiência de guerras parecidas, embora os dados da mortalidade estúpida nas grandes cidades se aproximem muito dos números de vidas ceifadas na Segunda Guerra Mundial: no trânsito, nos confrontos entre trafi­cantes e policiais, no descaso da saúde pública e nem por último pela falta de infraestrutura e por causa da fome.

Ouvindo especialistas da área econômica, cientistas políticos e renomados sociólogos, faço minha reflexão leiga. Todos, de alguma maneira somos corruptos. Somos corruptos em maior ou menor escala de algum modo. Os pais corrompem os filhos, quan­do tentam premiá-los para que cumpram suas responsabilidades domésticas e de escola. Somos corruptos, quando buscamos levar vantagem em tudo, com a famosa pergunta: “O que vou ganhar com isso” ou ainda: “O jeitinho brasileiro resolve quase tudo”.

Temos ainda o disfarçado costume de manufaturar mais ali­mentos do que seria necessário. Daí que dizemos: “Onde comem dois, comem quatro”. Esse hábito nos condecora como produtores de um dos mais luxuosos lixos do mundo. Comida que sobra, azeda e é jogada fora. Mas tudo isso não justifica sacrificar o Povo Brasileiro. Pagamos os impostos mais altos do mundo e sustenta­mos uma “Política corrupta sistêmica”. O Governo Federal gasta 10% com os Projetos Sociais, como por exemplo, o Bolsa Família!

Mas o “Andar de cima”, ou seja, nossos políticos a começar do Executivo aos serviçais mais simples, gasta 40%. Tenho minhas difi­culdades sobre o Bolsa Família; penso que o esforço de nossos nobres representantes deveria contemplar Oportunidades aos seus Eleitores, ao invés de “Bolsas daqui e dali”, que mais me parecem “migalhas” que caem da mesa dos comensais do “Andar de Cima”. Além dos salários absurdos, nossos políticos são contemplados com verbas ainda mais absurdas para viverem afogados na abundância à custa do povo traba­lhador simples, que ao final, é quem paga a conta.

A crise do Brasil poderia nos educar a sermos mais criativos, como também mais espertos. Precisamos pensar um Brasil de To­dos e não desse ou daquele partido. Com uma velocidade diária, os noticiários nos surpreendem com gravações, delitos, desvios, e uma assustadora falta de caráter. Personagens do cenário político simples­mente “prostituídos pelo dinheiro alheio, público e até mesmo os centavos suados do nosso povo tão simples”.

Gravações diabólicas, porque feitas premeditadamente: “Se eu for descoberto, terei provas para acusar quem comigo roubou ou falou o que não devia. Se não for descoberto, fica como está”. Todos que devem algo deverão devolver e pagar judicialmente, independente de Partido Político. Segundo noticiado amplamente, um pai de família foi preso roubando comida. Alegou que esposa e filho passavam fome. Os policiais verificaram ser verdadeira a afirmação do homem, se sen­sibilizaram e compraram comida para a família. Mas como o homem flagrado não tinha como pagar a fiança continua preso.

Concluo pensando que o crime de um não justifica o de outro. Todos, a seu tempo, devem ser julgados. Do contrário precisaría­mos dizer que alguns detentos em nossas penitenciárias deveriam ser absolvidos, porque roubaram muito menos do que os que ainda não foram descobertos. O importante é que a crise do Brasil poderia nos educar!

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