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Lula defende criação de um ‘G20 da Paz’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quarta-feira, 26 de abril, que a preocupação de alguns países com o crescimento econômi­ca da China representa uma contradição aos princípios defendidos pelo Consenso de Washington, na década de 1980. O consenso é um con­junto de recomendações neo­liberais visando o desenvolvi­mento econômico.

Sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, o presidente brasileiro defendeu a criação de um G20 da Paz. A afirmação foi feita du­rante encontro dos dois chefes de Estado na Espanha, após a assi­natura de três memorandos de entendimento: sobre coopera­ções no Ensino Superior Univer­sitário; entre os ministérios do Trabalho dos dois países; e uma carta de intenções na área de ci­ência, tecnologia e inovações.

“Quando vejo alguns países preocupados com o crescimen­to da China, fico me perguntan­do se a gente está lembrado do discurso que era feito nos anos 80, depois do famoso Consen­so de Washington, quando se criou a ideia de que o mundo não teria mais problema se fos­se globalizado. Mesmo as mi­nistras mais jovens lembram de um discurso feito há 43 anos, de que a globalização era a sa­ída para humanidade”, disse o presidente brasileiro.

Lula acrescentou que, por conta do Consenso de Wa­shington, “todas as megaem­presas americanas investiram, não para desenvolver a China, mas para utilizar a mão de obra barata que a China oferecia na­quele instante. Os chineses sou­beram tirar proveito do investi­mento. Mas quando o Trump foi candidato [à presidência dos EUA], começou a dizer que era preciso retirar as empresas que estavam na China”.

“Já era tarde, porque a China já é a segunda economia mun­dial e possivelmente, no próxi­mo ano, seja a primeira econo­mia do mundo”, acrescentou. O presidente brasileiro disse que o crescimento chinês se diferen­cia do de outros países pelo fato de ter ocorrido sem que o país passasse por guerra.

“Isso é uma demonstração de que somente com muita paz é possível você aproveitar o di­nheiro produzido pelo povo para poder gerar emprego e bem-estar social. Por isso eu es­tou incomodado com a guerra que está acontecendo entre a Rússia e a Ucrânia. Ninguém pode ter dúvida de que nós bra­sileiros condenamos a violação territorial que a Rússia fez con­tra a Ucrânia.”

“O erro aconteceu e a guer­ra começou. Agora não adianta ficar dizendo quem tá certo e quem tá errado. Agora o que precisa é fazer a guerra parar.” Segundo Lula, só se discute um “acerto de contas” quando se para de dar tiros. “É assim nessa guerra e foi assim em todas as outras guerras. Mas nós vive­mos um mundo muito esqui­sito, onde todos os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU [Organiza­ção das Nações Unidas] são os maiores produtores e vendedo­res de arma do mundo.”

“São os maiores partici­pantes de guerra do mundo. Fico, portanto, me perguntan­do se não cabe a nós, outros países que não são [membros] permanentes do Conselho de Segurança da ONU, fazermos uma mudança. Por que Bra­sil, Espanha, Japão, Alemanha, Índia, Nigéria, Egito, África do Sul não estão [como membros permanentes]?”, questionou.

“Quem determina atual­mente são os vencedores da Segunda Guerra, mas o mundo mudou. Precisamos construir um novo mecanismo interna­cional que faça a coisa diferente. Acho que tá na hora da gente começar a mudar as coisas e tá na hora da gente criar um tal de G20 da Paz, que deveria ser a ONU”, acrescentou.

Acordos de cooperação
Brasil e Espanha assinaram, nesta quarta-feira (26), três acor­dos para cooperação nas áreas de educação, trabalho e pes­quisa científica. A cerimônia de assinatura de atos aconteceu no Palácio de Moncloa, em Madri, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está em viagem oficial à Es­panha, e do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.

O primeiro documento foi um memorando de entendi­mento entre os ministérios do Trabalho dos dois países, que prevê o intercâmbio de infor­mações sobre a reforma tra­balhista na Espanha, realizada no final de 2021. Entre outras questões, a reforma melhorou as condições de vida dos traba­lhadores de aplicativos.

O segundo trata da coope­ração no ensino universitário, firmado entre o Ministério da Educação e Ministério de Uni­versidades do Reino da Espanha. O objetivo é intensificar o inter­câmbio e também o reconheci­mento de estudos lado a lado.

Por fim, foi firmada uma carta de intenções na área de pesquisa científica, entre Mi­nistério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, o Minis­tério de Ciência e Inovação da Espanha, a Financiadora de Es­tudos e Projetos (Finep), pelo lado brasileiro, e o Centro para o Desenvolvimento Tecnológico Industrial da Espanha.

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