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A questão indígena no Brasil

Para quem busca elementos formadores da brasilidade e do que nos constitui enquanto povo – nossas características essenciais e identidade – se torna impossível não considerar a importância e contribuição dos diversos povos indígenas que, existindo muito antes da chegada dos europeus a esse territó­rio, ainda resistem e se mantêm presentes em nossas mani­festações culturais, formando o “caldo cultural performativo” que percebemos em nossa maneira de ser, apesar de séculos de dominação colonial.

Em termos jurídicos, o ordenamento apresenta extensa legislação que visa tratar a questão indígena em nosso país de forma que todo o conjunto de normas está estruturado na agora denominada Fundação Nacional dos Povos Indíge­nas, que apresenta tópicos relevantes quanto ao tema, com destaque para as Convenções Internacionais acerca dos povos originários, perpassados pelos princípios da Constituição Federal/88, bem como pelo Estatuto do Índio.

Este conjunto de normas trata de questões relativas à organização da União, Administração e Gestão desses po­vos, em todos os seus aspectos. Ademais, apresenta diretri­zes que abordam a demarcação de suas terras e ordenação territorial, para dar conta do problema fundiário, dado que os diversos povos remanescentes mantêm íntima ligação com as terras que ocupam há séculos. Da mesma forma, se apresenta o rol de políticas públicas que vêm sendo de­senvolvidas para que tais normas deixem a esfera formal e se constituam em ações concretas de defesa e respeito aos direitos humanos fundamentais e sociais destes povos que nos compõem enquanto nação.

De acordo com dados preliminares do censo IBGE 2022 e do portal oficial dos Povos Indígenas no Brasil, o país regis­trou 1.652.876 indígenas em seu território, incluindo coleta na Terra Indígena Yanomami. Dentre esta população, exis­tem, em média, 305 etnias e mais de 160 línguas indígenas. Estes grupos estão distribuídos em 732 áreas que ocupam 13,8% das terras brasileiras. Literariamente, importa a leitura da obra monumental de Érico Veríssimo: “O Tempo e o Ven­to”, em que se inspirou a obra cinematográfica homônima, em que se apresenta a união do Índio Pedro Missioneiro, oriundo das Reduções Jesuíticas, com a descendente de portugueses, a jovem Ana Terra, como um dos pilares de formação da iden­tidade cultural em terras brasileiras.

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