De tempos em tempos aparecem na mídia denúncias de golpes financeiros. No dia 23 de março, um escritório de investimentos de Ribeirão Preto, o B&B Capital, foi denunciado à Polícia Civil por suspeita de aplicar um golpe milionário nos clientes. Estima-se que o grupo tenha investido, no total, cerca de R$ 200 milhões. O valor mínimo para participar dos investimentos era de R$ 10 mil.
De acordo com as vítimas, a empresa contava com vários funcionários, desde contadores até advogados, e tinha anos no mercado. O prazo para resgatar uma porcentagem do valor investido era de sete dias, porém no dia 22 de março começaram os rumores de que o proprietário da empresa teria fugido da cidade.
No grupo de WhatsApp formado por eles e funcionários do escritório, um deles publicou mensagem dizendo que André Rosa, responsável por cuidar diretamente dos investimentos, fechou a empresa e estava incomunicável desde então. Ainda segundo o funcionário, Rosa teria comunicado que não teria mais o capital investido pelos clientes.
Na semana passada, a Polícia Civil decretou sigilo no inquérito sobre o desaparecimento do dono da financeira. O caso foi denunciado à polícia pelo irmão do dono dessa financeira, depois que ele avisou ao irmão que “havia quebrado”.
Lucro acima do mercado
A busca por investimentos mais lucrativos tem como pano de fundo tentar se livrar da inflação, das incertezas do futuro e da falta de oportunidades de negócios. Mas que cuidados são necessários para não cair em armações de fraudadores, que se aproveitam da vulnerabilidade das pessoas?
Segundo, Afonso Morais, sócio e CEO da Morais Advogados Associados, especialista em recuperação de crédito e fraudes digitais, estes negócios, são fraudulentos e lucram baseados em apenas uma regra, o recrutamento de novos participantes a cada dia. Uma característica é que, normalmente, não há sequer a real comercialização de algum produto ou serviço envolvido no sistema.
O advogado explica que quando existe alguma ação em relação a esses casos, eles são, em geral, enquadrados na Lei de Crimes contra a Economia Popular. Uma lei antiga (1.521, de 1951), mas que pode levar a penas de até dois anos de cadeia, além de poder gerar multa por contravenção penal, visto que opera basicamente com ganhos ilegais e, para atrair clientes e ocultar a fraude, os recrutadores costumam usar empresas de fachada.
Atualmente, os criminosos ampliaram seus escopos de narrativas para disfarçar as pirâmides financeiras, utilizando as redes sociais e novos produtos financeiros, como é o caso dos criptoativos. Uma tática que se aprimorou com as novas tecnologias é compartilhar conteúdos que fazem com que muitas pessoas acreditem se tratar de um negócio confiável. Um dos principais sinais de que um determinado negócio pode se tratar de uma pirâmide é a promessa de ganhos fáceis e lucros altos.
Assim, para fugir desse problema o principal caminho é a prevenção, e infelizmente, na maioria das vezes as vítimas só se dão conta que estão envolvidas em uma fraude quando a pirâmide deixa de ser interessante financeiramente. Deixando de atrair clientes e consequentemente se tornando insustentável.
Nessa hora as fontes de recursos se tornam escassas e não há mais como remunerar os participantes, o que causa o colapso da pirâmide, ficando os envolvidos no prejuízo como os valores investidos. Para fugir desse tipo de golpe o caminho é uma pesquisa minuciosa sobre um negócio antes de investir nele, sendo fundamental não se deixar enganar também com promessas de ganhos exorbitantes.
Os especialistas também recomendam para que os interessados em investir não confiem quando o investimento vier associado a uma história com extremo luxo e tecnologia inovadora de uma empresa especializada no ramo financeiro. Essas são as “iscas” preferidas dos golpistas. Por fim, não acreditar em discurso de instituições que tentam recrutar pessoas por meio de materiais gráficos e todo um material amplo para convencimento de como seria possível elevar as suas finanças.
Cinco dicas para não se tornar vítima
Não existe retorno garantido e investimentos com zero risco
Dentro do mercado de investimento, não há nenhum ativo livre de risco. Isso porque quanto mais rentável, mais arriscado seu investimento vai ser. Dessa forma, em alguns casos, o risco pode ser menor, porém, nunca inexistente. Portanto, é preciso desconfiar de qualquer oferta que ofereça risco zero atrelado a uma rentabilidade acima da do mercado tradicional.
Se informe pela imprensa e por notícias oficiais
Busque se informar por veículos oficiais e confiáveis. Afinal, caso o investimento seja milagroso mesmo, haverá alguma matéria oficial ou reportagem que fale sobre ele. Além disso, é importante observar o tempo que o investimento em questão está no mercado. Quanto mais novo for, mais suspeito e propício a golpe ele será.
Duvide da procedência
Alguns golpes dizem ser associados a produtos ou operações, por exemplo, criptomoedas, ações, daytrade e etc. Todos esses investimentos dependem de uma instituição, como uma corretora de investimentos, para intermediar o processo. Portanto, procure pesquisar sobre a procedência dessas instituições antes de depositar o dinheiro na conta de um terceiro. Vale lembrar que é possível buscar informações oficiais dessas empresas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia vinculada ao Ministério da Economia, ou na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que regulam e certificam os agentes do mercado.
Desconfie de indicações
Para ver o seu dinheiro através dos investimentos, não existe a necessidade de trazer um amigo para aumentar a rentabilidade. As pirâmides financeiras usam as pessoas que já caíram no golpe para trazer mais vítimas para o esquema.
Peça ajuda de um especialista
Na dúvida, é melhor procurar um assessor de investimentos ou um especialista de empresa autorizada pela CVM a operar. Eles são as melhores orientações sobre o assunto, indicando quais são os verdadeiros riscos e taxas para que você possa investir com tranquilidade.