Por Daniel Silveira
A parceria da Companhia das Letras com a editora Japan Brazil Communication (JBC), iniciada em 2022, tem novos frutos saindo do forno para este ano, os lançamentos dos mangás Hero’s e My Home Hero. O anúncio foi feito em um evento para jornalistas, produtores de conteúdo e fãs das histórias em quadrinhos japonesas, que contou com a presença do diretor de produção da Companhia das Letras, Matinas Suzuki Jr., além da editora Marina Shoji e do gerente editorial Marcelo del Greco, ambos da JBC.
Em Hero’s, que já teve um volume único impresso e um formato digital, com volumes vendidos separadamente, à venda, acompanha os heróis do Mashimaverso. Eles “atravessam o tempo e se reúnem em uma grande aventura cheia de magia, ether gear, lutas e uma inabalável amizade”. A história é assinada por Hiro Mashima.
Já My Home Hero, conta a história de Tetsuo Tosu, que descobre que sua filha está sendo vítima de violência do novo namorado. A partir daí, ele tenta salvar a filha e, depois disso, precisa lutar para salvar sua própria vida. My Home Hero, escrito por Naoki Yamakawa e Masashi Asaki, já virou anime e está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll.
Neste mês, a Editora JBC apresenta também o lançamento do mangá Death Note: Shorts Stories, um compilado de histórias paralelas à história original Death Note, dos mesmos autores Tsugumi Ohba e Takeshi Obata. lançado no Japão em fevereiro de 2021, ele reúne seis histórias novas de personagens da publicação. Um dos capítulos, “A-Kira”, foi lançado pela JBC em formato digital como Death Note One Shot Especial e mostra o caderno sendo apresentado em tempos atuais.
Olho no futuro
Com quase trinta anos, a JBC é responsável pela publicação de cerca de 250 títulos no Brasil e tem feito um esforço de aumentar sua presença nos meios digitais, aumentando também seu alcance na difusão da cultura dos quadrinhos japoneses no Brasil Além de publicar mangás, a editora criou os selos Start! e JBStudios.
O primeiro deles, o Start!, funciona como uma “incubadora” de artistas que “desejam otimizar a publicação de seus trabalhos”. Já o JBStudios é “destinado ao desenvolvimento de conteúdo próprio e/ou inéditos com autores nacionais”.
As iniciativas também são um investimento da Companhia das Letras no formato. Matinas conta que já observava o crescimento do mercado com relação aos mangás, ao longo dos anos. Então, quando a JBC procurou a Companhia para propor uma parceria, não precisou muito esforço para que a editora, que faz parte do conglomerado Penguin Random House, aceitasse fechar negócio.
Assim, eles adquiriram 70% da JBC. “Uma semana depois do acordo, a gente teve uma reunião global da Penguim para falar sobre mangás”, lembra Matinas. Além de querer explorar o mercado, diretores estavam dispostos a manter relações com as editoras japonesas que publicam o formato, um know how que a JBC já tinha no Brasil.
Para aprender como se faz
O investimento da Companhia das Letras no mercado de mangás também inclui a formação de novos artistas. Parte do trabalho do JBStudio é a criação do Curso Como fazer mangá, ministrado pelo escritor, desenhista e roteirista Raoni Marqs. A formação faz parte do braço de curso da editora.
Raoni também é autor do quadrinho metalinguístico Como Fazer Mangá, que tem quatro volumes previstos, o primeiro deles já publicado. Em quase 190 páginas, o autor desenha e escreve no formato clássico, lido de trás para frente, da direita para a esquerda. “Um dos meus pedidos quando publicamos era usarmos a mensagem “Pare!! Ei! Você está começando a ler seu mangá pelo lado errado!!!”, comum nas publicações feitas no Brasil, que ensinam a ler o quadrinho de forma correta.