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Lídice

Recentemente a imprensa noticiou que temos uma Deputada Federal da Bahia chamada “Lídice da Mata”. O seu nome traz da memória um extraordinário fato histórico.

No final da Segunda Guerra Mundial, por volta de 1945, crianças brasileiras foram registradas com o nome de Lídice, documentando um fato de grande importância ocorrido na Tchecoslováquia. Um bairro de Uberlândia chama-se Lídice. Um distrito da cidade de Itaverá (antiga Rio Claro-RJ) também assim foi batizado.

A Alemanha nazista dirigida por Adolf Hitler havia tomado o terri­tório tcheco, cobrindo a Boêmia e a Morávia. Hitler nomeou para a sua administração o militar Reinhard Heydrich, de sua grande confiança.

Na manhã do dia 27 de maio de 1942, quando Reinhard Heydrich aproximava-se do seu escritório, instalado no comando militar da cida­de de Praga, foi atingido por um artefato bélico que o levou à morte.

O atentado fora preparado pela Inglaterra, que, para tanto, lançou sobre as imediações de Praga dois paraquedistas com a missão de executar o atentado, que alcançou êxito.

Por ordem de Berlim, foi instalada uma feroz investigação que concluiu seus trabalhos afirmando que os autores do atentado eram de Lídice ou ali haviam se ocultado. A cidadezinha era minúscula.

As tropas nazistas fuzilaram todos os homens residentes em Lídi­ce. As mulheres e as crianças foram arrastadas para campos de con­centração e ali desapareceram. Todas as residências como também as suas propriedades agrícolas foram destruídas. Lídice e seus habitantes desapareceram ou foram mortos como se fossem “todos eles” respon­sáveis pelo atentado cometido contra Reinhard Heydrich.

“Na guerra como na guerra”, tal como proclamam os assassinos que, conforme se viu, mataram toda a população adulta de uma pequena cidade, sequestraram suas crianças, destruindo todo o seu pequeno patrimônio. Não tiveram a menor preocupação com a necessidade de instalar um processo criminal contra aqueles que reputavam serem os executores do atentado de Praga. Registra-se que os dois executores do atentado suicidaram-se.

É escusado dizer que as nações democráticas derrotaram as tropas nazifascistas, com atuação heroica dos soldados brasileiros, pondo fim à Segunda Grande Guerra Mundial.

Encerrados os combates em 1945, vários países vencedores deci­diram: a) outorgar o nome de Lídice a uma pequena de suas cidades; b) dar o nome de Lídice a um considerável número de suas crianças, contribuindo assim para que o registro da mortandade permanecesse por toda a história da civilização.

Como foi anotado, uma deputada federal brasileira foi registrada com o nome de Lídice: Lídice da Mata.

E mais. O governo brasileiro deu o nome de Lídice a um pequeno distrito da cidade de Itaverá-RJ. Ali foi erguido um monumento do­cumentando o fato. Todo dia 26 de abril a Lídice brasileira homena­geia a Lídice tcheca, para manter viva a sua trágica história.

A pequena cidade brasileira fica no alto da Serra do Mar, no cami­nho de quem transita pela Rodovia Presidente Dutra buscando Angra dos Reis. A nossa Lídice foi cravada exatamente no final do caminho montanhoso, de onde se vê, lá embaixo, a cidade de Angra dos Reis e o mar que a cerca.

A pequena cidade documenta a brutalidade do nazi-fascismo derrotado com a atuação dos soldados do Brasil.

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