A palavra da moda no futebol brasileiro é SAF. Para explicar melhor, Sociedade Anônima do Futebol. O nome pode parecer não familiar ao esporte e mais ligado ao mundo dos negócios. Se você pensa assim, está correto. Transformar um clube em SAF, nada mais é do que torná-lo uma empresa.
Os clubes no Brasil quase que em sua maioria sempre funcionaram no modelo de associação sem fins lucrativos. Mas, desde agosto de 2021, o modelo de sociedade anônima do futebol foi aprovado e essa realidade tem mudado no país.
Ter empresas cuidando do futebol de um clube no Brasil não é uma novidade. Já tivemos exemplos históricos como a Parmalat com o Palmeiras nos anos 90 e também a MSI, comandada pelo iraniano Kia Joorabchian, que esteve à frente do Corinthians entre 2005 e 2007. Neste período a empresa contratou nomes como Carlitos Tévez e Javier Mascherano para o Timão.
Porém, em ambos os modelos, as empresas entraram como investidores dos clubes. Isso já aconteceu em milhares de equipes por todo o país. Com o modelo de SAF, as empresas podem ser sócias dos clubes. Ou seja, ter uma empresa em sociedade para comandar o clube de futebol.
Atualmente, alguns times do Brasil já seguiram esse caminho. Cruzeiro, que foi comprado por Ronaldo, o Vasco, que fechou negócio com a americana 777 Partners e o Botafogo-RJ, que tem como sócio o empresário John Textor, que também é dono do Crystal Palace, da Inglaterra, e do Lyon, da França.
Apesar dos clubes da elite já citados, uma das primeiras SA’s do futebol brasileiro foi o Botafogo aqui de Ribeirão Preto. Desde 2018, o Pantera tem negócios com o empresário Adalberto Baptista. Em sociedade com o Botafogo, foi criada a Botafogo Futebol SA, que desde então cuida do futebol do clube.
Novos negócios sendo gerados
Com a possibilidade de entrada neste modelo de negócio, vários clubes do Brasil estão abertos para buscar empresas parceiras. Não importa o tamanho do clube. Os possíveis investidores avaliam patrimônio, estrutura, valor da marca, torcida, e, principalmente, a dívida.
É nessa onda que o Comercial Futebol Clube quer surfar. Porém, sem fazer loucuras ou entrar em negócios que não sejam favoráveis para o Leão do Norte. Por ter uma dívida relativamente baixa para os padrões do futebol brasileiro, o Comercial é um ativo atrativo no mercado. Hoje, segundo informações do clube, o Leão do Norte deve menos de R$ 30 milhões.
Com mais de 100 anos de história, estádio próprio e uma estrutura de boa qualidade, o Bafo tem recebido sondagens de empresas já há algum tempo. Mais recentemente, começaram a surgir boatos de que uma empresa de fora do país tinha interesse em ser sócia do Comercial.
Presidente em exercício do clube, Fausi Henrique revelou recentemente em entrevista à Rádio CBN, que, realmente, o clube foi procurado, mas que as conversas ainda são embrionárias e que não existe acordo entre as partes.
“Nós tivemos reunião com um possível parceiro, mas não chegamos ainda a um entendimento definitivo, porque nós precisamos que esse parceiro nos indique um investidor para que o Comercial possa entrar na SAF. Sem um investidor, nós não vamos fechar negócio com essa empresa que está propondo nos ajudar. Porque nós entendemos que se não tiver um investidor que aporte dinheiro no Comercial, não é viável para nós. Ainda não está descartado, eles vão atrás desse investidor e nós estamos aguardando. Estamos abertos para negociações, até com outras empresas que estejam interessadas no Comercial dentro dessas condições”, afirmou Fausi Henrique.
De acordo com o dirigente alvinegro, é real o interesse do clube em buscar um parceiro, existem negociações em andamento, mas sem tanto avanço. Por já ter feito negócios anteriores com investidores, como Nelson Lacerda, em meados de 2012, o Leão do Norte opta por ter cautela na hora de encontrar um novo parceiro.
Nas próximas semanas é possível que novas informações sobre o tema surjam. Porém, por enquanto, para o torcedor comercialino, é oficial que não existe negócio fechado com nenhuma empresa. O que existe é a intenção de buscar parceiros, encontrar soluções financeiras, mas sem pressa e, principalmente, sem colocar a instituição Comercial Futebol Clube em risco.