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MP Eleitoral defende Bolsonaro inelegível

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O Ministério Público Elei­toral (MPE) defendeu na quar­ta-feira, 12 de abril, a suspensão dos direitos políticos do ex-pre­sidente da República Jair Bol­sonaro (PL), o que na prática o deixaria inelegível. O parecer foi enviado no final da noite de quarta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O documento assinado pelo vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Bran­co, foi anexado na ação sobre a reunião de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros no Palácio do Alvorada em julho do ano passado. O então pre­sidente espalhou notícias falsas sobre as urnas e lançou suspei­tas infundadas sobre a higidez do processo eleitoral.

Abuso
Na avaliação da Procurado­ria-Geral Eleitoral, Bolsonaro abusou do poder político. O abuso de poder político acon­tece quando um candidato usa o cargo para tentar influenciar indevidamente a eleição. A punição prevista na legislação eleitoral é a inelegibilidade pelo prazo de oito anos.

Maio
Cabe ao TSE decidir se dei­xa o ex-presidente inelegível. O relator da ação é o ministro Be­nedito Gonçalves. A expectati­va é que o caso seja julgado no plenário até o início de maio. A minuta golpista apreendida pela Polícia Federal na casa do ex­-ministro da Justiça de Bolsona­ro, Anderson Torres, foi incluída como prova no processo.

O rascunho previa uma intervenção do presidente e de membros do Ministério da Defesa no TSE para anular o re­sultado da eleição. A defesa de Bolsonaro diz que o documen­to é apócrifo e não pode servir como prova. Ele enviou nesta semana suas alegações finais no processo. O Tribunal Superior Eleitoral negou os pedidos.

Minuta
“Essa minuta pode entrar também no abuso do poder político se ficar provado que Bolsonaro usou os ministérios e sua prerrogativa de presidente para fabricar um golpe de esta­do, já com um decreto pronto no caso de derrota”, explica a advogada Maíra Recchia, presi­dente do Observatório Eleitoral da OAB de São Paulo.

Recorrente
Outros episódios em que Bolsonaro atacou o sistema elei­toral foram incluídos no rol de provas da ação, o que pode ser usado para apontar uma con­duta recorrente. O TSE também ouviu o ex-ministro da Casa Ci­vil, Ciro Nogueira, e o almirante Flávio Augusto Viana Rocha, ex-secretário especial de Assun­tos Estratégicos da Presidência, para tentar entender como a estrutura do governo foi usada para organizar a reunião.

Ciro Nogueira negou ter participado da organização do evento. O parecer do Ministério Público Eleitoral era uma das úl­timas pendências na ação sobre a reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro com embaixadores estrangeiros. A ação de investi­gação estará pronta para ser jul­gada no plenário do TSE.

Celeridade
O processo vem correndo com celeridade, o que é comum na Justiça Eleitoral. O último levantamento Justiça em Nú­meros, uma espécie de raio-X do Judiciário organizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostra que o tempo médio de tramitação dos pro­cessos na esfera eleitoral foi de três meses em 2020 e de dez meses em 2018 (ano eleitoral, quando a demanda é maior).

A ação chegou ao Tribunal Superior Eleitoral em agosto do ano passado pelas mãos do PDT. O partido afirma que Bol­sonaro usou o cargo e a estru­tura do governo para espalhar notícias falsas sobre o processo eleitoral e para fazer campanha. A narrativa de fraude foi incor­porada como uma de suas ban­deiras na eleição.

O então presidente orga­nizou uma apresentação para 70 diplomatas em julho do ano passado. Ele levantou suspeitas sobre a segurança das urnas e a higidez do sistema eletrônico de votação. Bolsonaro chegou a di­zer que o TSE teria admitido que hackers seriam capazes de alte­rar nomes de candidatos e votos.

A legislação eleitoral proíbe o uso da máquina pública e da es­trutura do governo em benefício dos candidatos que buscam a re­eleição. O abuso de poder políti­co acontece justamente quando um candidato usa o cargo para tentar influenciar indevidamen­te a preferência dos eleitores.

Provas
O TSE encerrou a fase de colheita de provas no final de março. Os advogados vinham afirmando que as declarações feitas por Bolsonaro na reunião com os embaixadores estão am­paradas pelo direito à liberdade de expressão. Após a defesa, foi a vez do vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco, encaminhar seus ar­gumentos. Ele entende que o ex-presisdente abusou do po­der político e deve ficar inele­gível por oito anos.

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