O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) solicitou a exclusão de ao menos 431 contas do Twitter que veiculavam hashtags relacionadas a ataques contra escolas de todo o país. Hashtags são palavras-chave ou termos associados a uma informação ou discussão que se deseja indexar de forma explícita em aplicativos, como Twitter e Facebook, antecedidos pelo símbolo cerquilha (#).
Os balanços dos dias 8 e 9 de abril da Operação Escola Segura foram divulgados pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, nas redes sociais. Segundo informou o ministério, tanto conteúdos como autores estão sob investigação. Foram cumpridos também mandados de busca, resultando na apreensão de sete armas.
Um suspeito foi preso. Foi solicitado ainda que a plataforma TikTok retire do ar ao menos três contas que estavam transmitindo conteúdo que incitava medo nas famílias. O trabalho foi realizado pela Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Os integrantes da Operação Escola Segura identificaram mais de 80 perfis que tiveram seus links removidos, por violação de política da plataforma. O conteúdo desses links, no entanto, foi preservado a pedido do Ministério da Justiça para que seja possível avançar nas investigações.
Foram realizadas diversas ações preventivas e repressivas contra ataques nas escolas em todo o Brasil, entre as quais a busca por perfis nas redes sociais com postagens relacionadas a crimes contra a vida e discursos de ódio, de acordo com a pasta. Delegacias de crimes cibernéticos das principais regiões brasileiras também monitoraram ameaças na internet relacionadas a possíveis ataques.
Os dados estão sendo analisados pela equipe do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), do ministério, que se dedicará exclusivamente a esse trabalho nos próximos dias, em regime de plantão 24 horas. Qualquer cidadão poderá denunciar ameaças ligadas à segurança de escolas e alunos no site do Ministério da Justiça e Segurança Pública no seguinte endereço na internet: https://www.gov.br/mj/pt-br/escolasegura.
Empresas de tecnologia e plataformas de redes sociais poderão ser responsabilizadas pela falta de monitoramento e bloqueio de mensagens e perfis que incitem ataques em escolas, anunciou Flávio Dino. Ele se reuniu na segunda-feira (10) com representantes da Meta (responsável por Facebook, Instagram e WhatsApp), Kwai, TikTok, YouTube e Google.
Apenas no sábado (8) e domingo (9), a equipe do Ministério da Justiça rastreou 511 perfis do Twitter que faziam algum tipo de apologia à violência e discurso de ódio. Uma das tendências observadas foi a criação de contas seriadas com nomes e fotos de autores de ataques conhecidos.
Após a reunião de segunda-feira, o ministro disse ter exigido “canais abertos, velozes e urgentes” de atendimento às denúncias policiais contra perfis suspeitos, assim como um “monitoramento autorregular” das próprias empresas sobre o conteúdo publicado.
O ministério enviará ainda nesta semana uma notificação oficial às empresas, exigindo que elas “combatam de maneira mais eficiente os perfis que propaguem esses tipos de crimes nas redes sociais”. Representantes do Twitter no Brasil causaram mal estar ao defender, dentre outras coisas, que um perfil com fotos de assassinos envolvidos em massacres em escolas não fere a política de uso da rede.
A plataforma foi comprada pelo bilionário Elon Musk em outubro do ano passado e desde então tem sido alvo de críticas pelas mudanças nas regras de moderação de conteúdo, que se tornaram cada vez mais permissivas em relação a conteúdos extremistas desde a troca de comando na direção da companhia.
Segundo fontes do Ministério da Justiça, a advogada da rede social ainda argumentou que o caso em análise pela equipe do ministro Flávio Dino não se tratava de apologia ao crime. Em conversas reservadas, assessores da pasta classificam o episódio como “bizarro”.