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Greve afeta 44% da educação

A greve do funcionalismo público municipal entra em seu segundo dia nesta terça-feira, 11 de abril. O movimento teve início à zero hora de segunda­-feira (10), apesar de a Justiça de Ribeirão Preto ter concedido liminar à administração Duarte Nogueira (PSDB) determinan­do a manutenção de 100% dos trabalhadores em serviços es­senciais do município.

Na manhã desta segunda­-feira, a categoria promoveu uma manifestação em frente ao Centro Administrativo Prefeito José de Magalhães, sede da pre­feitura. O protesto coordenado pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (SSM/ RPGP) afetou o trânsito: o trá­fego na rua Américo Brasilien­se, entre as ruas Álvares Cabral e Tibiriçá, na região Central, foi proibido durante o ato.

Um novo prostesto está mar­cado para a manhã desta terça­-feira. A prefeitura de Ribeirão Preto informa, em nota, que a adesão dos servidores munici­pais ao movimento, na manhã desta segunda-feira, atingiu 44% na Secretaria da Educação. De 1.892 funcionários, 873 aderi­ram ao movimento.

Na Saúde, 33 servidores de um total de 2.852 participaram do movimento grevista, o que representa 1,1%. Na área da Assistência Social, o índice de adesão foi de 3,4% dos servi­dores. A prefeitura ressalta que nenhum servidor deverá ser impedido ou constrangido a exercer seu direito de trabalhar. Quem optou pela paralisação terá o dia descontado. Há infor­mação que várias escolas aten­deram parcialmente ontem.

O Sindicato dos Servidores Municipais afirma, também em nota, que não divulgará balan­ço. “Embora notificada, desde o dia 3 de abril, para estabelecer, junto com o sindicato, a escala de greve nos serviços essen­ciais, a prefeitura municipal, descumprindo obrigação esta­belecida no artigo 11 da Lei de Greve, recusou-se a comparti­lhar essa responsabilidade, que é atribuída a todos os envolvi­dos na situação”, diz a entidade sindical no comunicado envia­do ao Tribuna.

“Além disso, também vio­lando o dever de publicidade, a prefeitura municipal, mes­mo requerida oficialmente, não compartilhou a escala de trabalho atual praticada pelos servidores, o que inviabiliza, evidentemente, a produção, por parte do sindicato de qualquer estimativa relacionada a servi­dores em greve”, ressalta.

A Comissão de Política Sa­larial manteve a proposta de reajuste de 6% para os servi­dores, que recusaram a oferta. Envolve a correção da inflação acumulada em doze meses medida pelo Índice Nacio­nal de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, indexador ofi­cial de preços no Brasil). Esse percentual foi rejeitado pela categoria em assembleia.

A correção de 6% também atingiria o vale-alimentação e o auxílio nutricional pago a aposentados e pensionistas do Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM). Outros itens propostos tratam da equiparação do tíquete-ali­mentação para quem faz jor­nada de doze por 36 horas e a correção na base de cálculo do auxílio insalubridade.

Pauta
O funcionalismo de Ri­beirão Preto quer reajuste salarial de 16,04% este ano, segundo o presidente do SSM/RPGP, Valdir Avelino. São 10,25% de aumento real – com base na evolução de crescimento da arrecadação municipal – e mais 5,79% para repor as perdas inflacio­nárias do ano passado, quan­do o IPCA fechou em 5,79%.

Data-base
A data-base do funciona­lismo público ribeirão-pretano é 1º de março. Os servidores também querem pedido de reposição de 20% no vale-a­limentação e o pagamento de abono para todos os trabalha­dores da ativa e inativos, no valor de R$ 600, pelo período de um ano. Atualmente, o va­le-refeição dos servidores que cumprem jornada de 40 horas semanais é de R$ 978.

Com o aumento, passaria para R$ 1.173,60. Nos itens gerais, a categoria pede o pa­gamento de licença-prêmio para todos os servidores com o abono vencido, de preferên­cia no mês de aniversário do trabalhador, e a compra de dez dias de férias. O sindicato justifica os dois pedidos devi­do ao que chama de “quadro reduzido de funcionários”.

Ano passado
Ribeirão Preto tem 14.970 servidores na ativa e 6.400 aposentados e pensionistas que recebem benefícios do Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM). No ano passado, os servidores tiveram aumento de 10,60%, retroativo a 1º de março (data-base), refe­rente à inflação acumulada em doze meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do Insti­tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O mesmo percentual inci­diu sobre o vale-alimentação dos servidores da ativa e no au­xílio nutricional dos aposenta­dos e pensionistas. Além disso, em dezembro, a prefeitura deu um abono de R$ 500 para cada um dos servidores municipais da ativa, no vale-refeição. A concessão atingiu oito mil tra­balhadores da administração direta e indireta, ao custo de R$ 5 milhões.

Havia três anos que o fun­cionalismo de Ribeirão Preto estava sem reajuste salarial. Em 28 de maio de 2020, por causa da pandemia de coronavírus, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a lei número 173/2020 que congelou o salá­rio dos funcionários públicos federais, estaduais e municipais até o final de 2021.

Greve
Em 2019, os servidores pro­tagonizaram a mais longa greve da história de Ribeirão Preto – teve início em 10 de abril e foi suspensa em 3 de maio, depois de 23 dias de paralisação e pro­testos. A categoria pedia reajus­te de 5,48% – 3,78% de repo­sição da inflação com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e mais 1,7% de aumento real.

Porém, não receberam um centavo de aumento. Em 2018, depois de dez dias de greve, que terminou em 19 de abril, foi concedido reajus­te salarial de 2,06% com base no INPC, com acréscimo de 20% de ganho real, totalizan­do 2,5% de aumento.

Tribunal de Justiça vai decidir futuro da greve
A juíza Luiza Helena Carvalho Pita, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, determinou que o processo movido pela prefeitu­ra contra a greve do funcionalismo público municipal seja enviado para o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) – composto por 25 desembargadores.

A magistrada se declarou incompetente para julgar o caso. A decisão foi proferida nesta segunda-feira, 10 de abril, após a ação dar en­trada na 2ª Vara da Fazenda Pública com o fim do plantão judiciário devido à Semana Santa, encerrado no Domingo de Páscoa (9). Com a decisão, a liminar expedida em primeira instância deixou de existir.

No Sábado de Aleluia (8), a Justiça concedeu liminar determinando a manutenção de 100% dos servidores em serviços essenciais do município

No Sábado de Aleluia (8), a Justiça de Ribeirão Preto concedeu liminar determinando a manutenção de 100% dos servidores em serviços es­senciais do município – nas secretarias da Saúde, Educação, Assistên­cia Social, de Água e Esgotos, Infraestrutura e na Divisão de Bem-Estar Animal (DBEA), ligada à Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Por causa do ponto facultativo no Judiciário, na quinta-feira (6), o pedido foi encaminhado para o plantão e a liminar foi concedida pelo juiz plantonista Nemércio Rodrigues Marques, da cidade de Sertão­zinho, na região metropolitana. A medida também estabeleceu que fossem mantidos 60% dos funcionários em atividade nos demais serviços públicos.

Cita, inclusive, escala emergencial de trabalho para evitar danos à população. Em caso de descumprimento da ordem judicial, o ma­gistrado estabeleceu multa diária de R$ 100 mil contra o Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (SSM/RPGP).

A prefeitura informa que a liminar concedida no sábado, dia 8, está mantida. Porém, as partes não foram citadas e, segundo a entidade sindical e especialistas consultados pelo Tribuna, a medida cautelar deixou de existir porque a Justiça de Ribeirão Preto não tem compe­tência para julgar nem decidir sobre o assunto.

Na decisão de ontem, a magistrada afirma que o assunto só pode ser analisado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça, declara incom­petência absoluta do Juízo para processar e julgar o caso e pede que a remessa ocorra o mais rápido possível, “considerada em especial a tutela de urgência parcialmente concedida em sede de plantão judicial nos autos em apenso”, escreveu.

A prefeitura diz em nota que a proposta de 6% “está acima do índice inflacionário (IPCA), que fechou em 5,79%. Além disso, a média sa­larial dos servidores municipais de Ribeirão Preto está entre as mais altas do Estado de São Paulo. O Sindicato não aceitou esta proposta e, lamentavelmente, declarou greve. A administração municipal tomará todas as medidas cabíveis para a manutenção dos serviços essenciais da população”, finaliza.

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