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O mapa do crime em Ribeirão Preto

Adalberto Luque

Mudou o governo, mas a criminalidade segue preo­cupando em Ribeirão Preto. Analisando os números di­vulgados em cada um dos oito distritos policiais, é possível verificar os problemas de cada região da cidade e onde o tra­balho das Polícias Militar e Civil deu resultado expressivo. Mas ainda é um número pre­ocupante. Sobretudo nos casos de crimes contra o patrimônio, os roubos e furtos em geral, roubos e furtos de veículos e roubos de carga.

A cidade teve, nos primei­ros dois meses de 2023, 25 casos de furto a cada dia. Fo­ram 1.532 no total. Se esses registros só perdem para os primeiros dois meses de 2020, imediatamente antes do início das restrições impostas pela pandemia, com menos pesso­as circulando pelas ruas, ain­da assim a situação preocupa. Foram mais de três furtos de veículos por dia. A cada dia de janeiro e fevereiro de 2023, um motorista foi vítima de roubo de veículo. Números que ainda tiram o sono da população.

Se a análise for por região, é possível saber o tipo de crime e a preferência dos crimino­sos por área da cidade. Apesar de estar com os oito Distritos Policiais (DPs) agrupados em um único prédio – a Central de Polícia Judiciária Integrada (CPJI), na avenida Indepen­dência, Jardim Sumaré, Zona Sul da cidade -, os casos são distribuídos de acordo com a área territorial de cada DP. O Tribuna Ribeirão fez um raio-x do crime na cidade.

Pelo menos quatro carros ou motos foram furtados ou roubados em Ribeirão Preto a cada dia de 2023 – Foto: Alfredo Risk

1º DP
Atendendo à região central, os furtos são o grande proble­ma enfrentado por moradores e pessoas que trabalham ou circulam na região do 1º DP. Os casos cresceram em relação aos anos de 2021 e 2022. Fo­ram 180 ocorrências de furtos em geral, entre janeiro e feve­reiro. De um mês para o outro, o crescimento foi de 19,5%. Entre os furtos em geral, des­taque para roubos de fios elé­tricos e aparelhos celulares.

O número de roubos se manteve quase estável em 2023, se comparado aos primeiros dois meses dos anos de 2021 e 2022. O furto de veículos teve queda na área central. Em 2022 foram 26 carros roubados nos primeiros 59 dias do ano. Neste ano foram 18. Queda de 30%. Nenhum veículo foi roubado no Centro da cidade em 2023.

2º DP
Liderando as estatísticas de crimes contra o patrimônio em 2021 e 2022, os Campos Elíseos e região ainda apresentam mui­tos casos de furto e roubo em geral e furto e roubo de veícu­los. Os roubos em geral respon­dem pelo maior número regis­trado num início de ano desde 2020. Foram 78 ocorrências, contra 71 em 2022.

Os furtos em geral também dispararam nos primeiros 59 dias do ano. Foram 294 ocor­rências, contra 224 em 2022. Um aumento de 31,25%. Ape­sar de ter registrado 40 furtos de veículo, a região dos Campos Elíseos teve queda em relação aos anos anteriores. O mesmo ocorreu em relação aos rou­bos, quando 12 veículos foram levados sob ameaça a seus pro­prietários. Ainda assim, numa mesma rua, a Antônio Milena, dois roubos de moto foram re­gistrados em fevereiro e encor­pam as estatísticas. Duas motos foram levadas na mesma rua, com menos de 100 metros para cada caso, que ocorreram num intervalo inferior a 24 horas.

Câmeras de segurança não impedem a ação dos criminosos

3º DP
Os bairros da região da Vila Tibério continuam sofrendo com furtos e roubos. Foram seis casos de furto ou roubo nas ruas da região a cada dia de janeiro e fevereiro deste ano. Se os roubos apresentam uma certa estabilidade – quando, na verdade, o desejado pelos mo­radores era redução -, os furtos cresceram, de 2021 para 2023, mais de 35%.

A região da Vila Tibério teve 263 ocorrências de furtos em geral, apenas no primeiro bimestre deste ano, enquanto em 2022 foram 231. Já os casos de furtos e roubos de veículos apresentaram redução em rela­ção aos anos anteriores. Foram 25 veículos furtados e sete rou­bados em 2023, contra 33 e 16, respectivamente, em 2022. Os roubos apresentaram queda su­perior a 50% nos casos.

4º DP
Antes localizado no Jardim América e atendendo bairros da Zona Sul, na área do 4º DP boa parte dos moradores é das classes A e B. O poder aquisiti­vo é um dos maiores da cida­de, dividindo a posição com a região de Bonfim Paulista, do 7º DP.

Os furtos cresceram muito nessa região. Desde 2021, fo­ram 68,4% a mais de ocorrên­cias de furto em geral, boa parte são celulares, mas também há muitos fios elétricos, correntes e adornos. Em contrapartida, o número de veículos furtados na área teve queda. Se em 2022 houve 100 carros ou motos fur­tados na área do 3º DP, em 2023 o número chegou a 48, ou seja, uma redução de 52%.

Os casos de roubo foram ainda mais surpreendentes. Em 2022 foram 11 veículos rou­bados e, em 2023, apenas três. Uma redução de 72%.

Celulares estão entre os objetos mais furtados ou roubados na cidade
Ladrões não perdoam nem ponto de ônibus

5º DP
A região do Alto do Ipiran­ga e bairros vizinhos está longe de ser uma ilha de tranquilida­de. Roubos em geral aumenta­ram 113,5%, em comparação com 2022, saltando de 44 casos para 94 neste ano. Furtos em geral também apresentam cres­cimento de 15%. Os furtos de veículos tiveram um leve cres­cimento em comparação ao ano anterior. O mesmo ocorreu com o roubo de veículos.

6º DP
Os casos de furtos em ge­ral, na região da Vila Virgínia, aumentaram 36%, saltando de 119 casos em 2022 para 162 no primeiro bimestre deste ano. Para compensar, os roubos em geral caíram 25%. Os roubos de veículo, por sua vez, tiveram queda de 40% e os furtos de veí­culos uma pequena alta, saltan­do de 11 para 13 em 2023.

7º DP
Uma das regiões que mais crescem na cidade, Bonfim Paulista, tem muitos condo­mínios de casas, chamados de horizontais. Grande parte abri­gando moradores das classes A e B. O distrito tem índices mui­to baixos em relação ao restante da cidade. Mas que, ano após ano, vêm aumentando.

Apesar de ver os casos de roubo em geral na região baixa­rem de 17 para apenas um neste ano, os furtos e roubos de veí­culos tiveram um crescimento. Um indicativo de alerta para quem mora na região.

8º DP
A região do Jardim Pau­listano e Jardim Paulista foi a mais estável de acordo com as estatísticas, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Teve queda nos roubos e furtos em geral e de furto de veículos, além de estabilidade nos casos de roubo de veículos. O que preocupa, no entanto, é o comparativo entre janeiro e fevereiro de 2023. Os roubos cresceram 122%, saltando de nove em janeiro para 20 em fe­vereiro. Os furtos também cres­ceram quase 24%.

Cada região com suas par­ticularidades. O que preocupa a população é o todo. A cidade tem muitas ocorrências por dia. Em diferentes bairros. Isso difi­culta o combate. Por isso nunca é demais lembrar que é preciso estar sempre atento e, caso ocor­ra algo, registrar a ocorrência.

Gritti observa aumento na apreensão de drogas, armas e prisões em flagrantes, o que demonstra que o traba­lho de prevenção ou repres­são vem sendo realizado

É preciso rever legislação penal branda
Segundo o especialista em segurança pública e coronel aposentado da Polícia Militar, Marco Aurélio Gritti, os criminosos que praticam furtos e roubos levam em consideração alguns fato­res: oportunidade; vias de fuga rápida; condição socio­econômica da região; área com circulação de pessoas – próximas a comércios, hospitais e faculdades -; tipos de veículos que circu­lam na região e zeladoria do local (iluminação deficiente ou mato alto).

“Os furtos/roubos de veículos (motos têm sido o principal alvo) refletem o cenário atual do mercado automotor, ou seja, o setor aquecido de veículos usa­dos (principalmente motos, por conta dos aplicativos de entrega) requer peças de reposição e isso pode alimentar a receptação.”

Gritti acredita na nova composição da SSP, mas também sabe que o projeto terá uma árdua tarefa pela frente. “A legislação penal para furto/roubo é branda para com o criminoso/ adolescente infrator, o que estimula sobretudo a reinci­dência. Atualmente, o maior gargalo (furto/roubo) se encontra no ‘retrabalho’, ou seja, perto de 70% desses delitos são cometidos por criminosos com extensa ficha criminal”, acrescenta.

O especialista em segu­rança pública avalia que é preciso revisar a legislação penal para minimizar a sensação de impunidade e reincidência, além de uma forte atuação nos setores de assistência social e saúde, sobretudo em relação ao uso de drogas e investimento em zeladoria municipal urbana.

“Ressalto que os indicadores de produtividade (apreensão de drogas, armas e prisões em flagrante) aumentam a cada ano, o que implica concluir que o trabalho pre­ventivo/repressivo imediato (e de inteligência) vem sendo amplamente realizado forte­mente em áreas relaciona­das aos crimes patrimoniais: tráfico de drogas e recepta­ção”, conclui.

Forças de segurança trabalham de forma integrada
Segundo a Secretaria de Segu­rança Pública (SSP), as forças de segurança trabalham de for­ma integrada em toda a região de Ribeirão Preto para combater os crimes contra o patrimônio, incluindo os roubos. Em nota, a secretaria informou que, neste bimestre, 439 pessoas foram presas em Ribeirão Preto, o que representa um aumento de 19% em relação aos dois primeiros meses do ano anterior.

“Além disso, 22 armas de fogo foram apreendidas e 145 veícu­los foram recuperados. As ações investigativas da Polícia Civil fo­ram intensificadas, com foco em combater a receptação, principal destino dos objetos roubados e furtados. Todos os casos regis­trados são investigados visando a identificação e prisão dos envolvidos”, acrescenta a nota.

A SSP também destaca as ope­rações implementadas. “Desde o começo do ano, o policiamento na cidade foi reforçado pela Operação Impacto, com o obje­tivo de ampliar a ação ostensiva, potencializar a segurança e reduzir os indicadores crimi­nais, com reforço operacional do uso de inteligência policial e geoprocessamento de dados. Ao todo, são mais de 17 mil homens e mulheres reforçando o policiamento.”

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