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Baiana Nabiyah Be interpreta a rainha da disco music Simone Jackson

Por Daniel Silveira

Se você já assistiu a pelo menos um episódio de Daisy Jones and the Six, série do Prime Video, então já viu a brasileira Nabiyah Be (se lê Nábia Bê) em cena. A atriz e cantora, filha de uma psicóloga baiana com o músico Jimmy Cliff, interpreta a “rainha da disco music” Simone Jackson na nova produção do streaming.

A série é uma adaptação do romance Daisy Jones and The Six: Uma História de Amor e Música, escrito por Taylor Jenkins Reid e lançado em 2019. O seriado, que tem seis episódios, acompanha uma banda de rock nos anos 1970, sua carreira meteórica e o que levou ao rápido fim do grupo.

Simone Jackson, cantora interpretada por Nabiyah, é uma grande amiga da protagonista da história. “Simone é uma cantora, compositora, artista, uma pioneira da disco music, uma das pessoas que realmente estão à frente desse movimento – e também é a melhor amiga da Daisy”, diz Nabiyah em entrevista ao Estadão por chamada de vídeo de sua casa em Nova York. “Simone é a pessoa que dá o primeiro empurrãozinho para ela se empoderar dos seus sonhos como cantora e compositora.”

MINIBIO

Mas a personagem não é uma simples coadjuvante. Ao contrário do livro, na adaptação ela tem um arco mais bem estruturado. “Escutei o audiobook durante os primeiros testes, mas acabei deixando o livro ‘na estante’”, diz a atriz, de 30 anos. Ela fala sobre como sua personagem evolui ao longo da história, que não é tão explicada no livro, e ainda sobre como precisou construir ao lado dos roteiristas – chegou até mesmo a escrever uma minibiografia para Simone. “Sabia que tinha toda essa construção e que essa responsabilidade também viria de mim”, pontua.

Além da série do Prime Video, é possível assistir a Nabiyah em outra produção de grande alcance. Ela está no elenco de Pantera Negra, filme do Universo Cinematográfico da Marvel. Enquanto em Daisy Jones ela teve muitas chances de construir a personagem, no filme da Marvel ela diz que o processo foi “mais secreto”.

“Exatamente porque existe um fandom tão potente, é tudo mais cheio de segredo, você não sabe o que vai fazer, o que vai acontecer e foi muito assim. Já com a Daisy Jones foi o total oposto”, conta a artista. Em Pantera Negra, ela faz Linda, parceira do vilão Killmonger, interpretado por Michael B. Jordan. O longa foi sua estreia nas telonas.

CARREIRA

A carreira de Nabiyah se deu início na música, quando ainda era criança. Dos sete aos 11 anos, ela se acostumou a subir ao palco para cantar com o pai, Jimmy Cliff, em turnês pelo mundo. “Era uma maneira de estarmos juntos, em família. Em algum momento eu corri para o palco e me recusei a sair”, lembra. “Foi meu primeiro trabalho, me lembro sendo paga aos sete anos por cantar internacionalmente com meu pai”, continua.

Além dos shows com Cliff, ela lembra que, enquanto morou em Salvador, fez parte de um grupo de teatro. “Até tentei entrar no meio televisivo no Brasil, mas, aos 18 anos, mudei para Nova York e, em um ano e meio morando aqui, comecei a trabalhar no circuito off-Broadway.”

Vivendo em Salvador, Nabiyah também chegou a trabalhar com grandes nomes da música baiana. “Fui backing vocal de Daniela Mercury e Carlinhos Brown”, conta.

Em Nova York, a atriz e cantora fez carreira no teatro musical. Sua atuação como Eurydice na peça Off-Broadway Hadestown, vencedora do prêmio Tony, lhe garantiu elogio do crítico de teatro do The New York Times Charles Isherwood. “A Eurydice de Be tem uma beleza luminosa que torna a paixão rápida de Orfeu bastante crível, e seu canto é igualmente encantador”, escreveu o crítico.

“Ela também imbui a personagem de uma inocência transparente que torna a suscetibilidade de Eurídice à dúvida e à sedução palpavelmente acreditável”, explica. Hadestown: The Myth, The Musical é uma adaptação do álbum conceitual homônimo folk opera de Anaïs Mitchell, que estreou em 2016.

FUTURO

Nabiyah se prepara agora para lançar seu primeiro álbum, que prefere manter em segredo. Seu trabalho musical mais recente é uma parceria com Margareth Menezes. A ministra da Cultura foi quem apresentou Cliff à mãe de Nabiyah e acabou se tornando uma espécie de madrinha da atriz e cantora.

As duas lançaram Querera, em 2019. “Queira ou não queira/ vai navegando o pensamento e eu/ Cae estaremos sempre em movimento/ a Gil aberto todo passo teu”, diz a canção citando os dois artistas baianos que também são inspiração para a carreira de Nabiyah. “Gil, Caetano e todos os tropicalistas são referências”, avisa.

E se Gilberto Gil canta “a Bahia já me deu régua e compasso”, Nabiyah é, com certeza, a prova de que não há como dizer o contrário. “Sinto que, espiritualmente, ter nascido e crescido na Bahia é uma coisa muito potente”, completa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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