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Transtorno bipolar atinge cerca de 140 milhões de pessoas

No Dia Mundial do Trans­torno Bipolar, comemorado na última quinta-feira (30), o psicólogo, psicoterapeuta e pro­fessor do Instituto de Educação Médica (Idomed), Denis Coe­lho, salientou que a pessoa com suspeita do distúrbio procure ajuda profissional especializada em saúde mental, com psiquia­tras, psicólogos ou mesmo um atendimento multiprofissional.

“Os profissionais habilitados vão saber se realmente a pessoa está com transtorno bipolar. Digo isso porque muitas pessoas procuram diagnóstico informal, em fontes como o Google, e isso pode ser perigoso, fazendo com que ela fique cada vez mais an­siosa e alerta em relação ao seu problema”, disse ele.

A data coincide com o ani­versário do pintor holandês Vin­cent Van Gogh, que foi diagnos­ticado, postumamente, como provável portador desse distúr­bio. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno afetivo bi­polar atinge atualmente cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo.

Essa condição causa mu­danças extremas de humor, que podem variar de períodos de euforia e hiperatividade a outros de depressão profunda. Pesqui­sa feita pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos verificou que pessoas diagnosticadas com transtor­no bipolar têm expectativa de vida reduzida em até nove anos, comparadas com a população em geral. Segundo revelou tam­bém o estudo, a taxa de suicídio entre indivíduos com transtorno bipolar é cerca de 20 vezes maior do que na população em geral.

Esgotado, 1882, uma das obras de Van Gogh rar a qualidade de vida.

Tratamento
Denis Coelho informou que o tratamento para pacientes com o transtorno envolve psicoterapia, medicamentos ou os dois combi­nados. Explicou que dentro do espectro do transtorno bipolar existem depressões ciclotímicas que dificultam o diagnóstico. Daí não se ter a noção precisa de quantos pacientes existem com essa condição no Brasil, embora o país esteja entre os que apresen­tam maiores índices de ansiedade e de esgotamento físico e mental no trabalho.

Além de medicamentos e psicoterapia, a pessoa deve in­cluir no tratamento mudanças no estilo de vida, como praticar exercícios físicos, ter dieta equi­librada e evitar o consumo de álcool e drogas.

“Eu sempre digo para os meus pacientes que o tratamento tem aspectos biológico, mental, social e espiritual. Biológico, por­que envolve cuidar do seu corpo de forma integral, com exercícios físicos e boa alimentação; mental, sempre com bons pensamentos e tentando ter bons sentimentos; social, buscando manter bons relacionamentos, que não sejam abusivos ou tóxicos; e espiritual, no sentido de a pessoa acreditar em algo que possa, realmente, levá-la a sair de uma situação ‘xis’ para uma condição melhor”. Destacou que esses elementos vão interferir positivamente no tratamento, na medida em que diminuem a sensação de estres­se e ansiedade e alterações de humor, aumentando a sensação de prazer.

Diagnóstico
Segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico de trans­torno bipolar costuma ser difícil e pode demorar, em média, dez anos para ser estabelecido devi­do a “tratamentos equivocados, ausência de comunicação entre os profissionais envolvidos, des­conhecimento sobre como a do­ença se manifesta, tanto por ser pouco conhecida quanto pela confusão dos seus sintomas com os de outros tipos de depressão, além de preconceito e autoestig­matização”. O ministério indica que o histórico do indivíduo pode contribuir para o diagnós­tico conclusivo, já que alterações de humor anteriores, episódios atuais ou passados de depressão, histórico familiar de perturba­ção do humor ou suicídio e au­sência de resposta ao tratamento com antidepressivos sinalizam transtorno bipolar.

Comportamentos repetitivos e exagerados acendem o aler­ta para o transtorno bipolar. “Quando o indivíduo começa a perceber que a sua vida não está ocorrendo da forma mais sau­dável como ele gostaria de estar. Ou seja, quando está tendo pre­juízo na funcionalidade da vida, na forma de produzir, de se re­lacionar com os amigos, com a família. Quando o próprio su­jeito é a primeira pessoa a sentir que algo não está funcionando bem”, afirmou o psicólogo.

Coelho esclareceu que as va­riações extremas, como manias, exaltação, comportamentos de compulsão, estão entre os sin­tomas desse tipo de transtorno: “a pessoa ficar horas, ou mesmo dias, acordado; fazer compras compulsivas; ter compulsão por alimentação ou por prática se­xual. Qualquer hábito ou com­portamento que venha caracte­rizar exagero ou compulsão”.

Outro polo é a depressão, quando a pessoa tem queda de humor, de produtividade. “Quando esses estados estão em desequilíbrio e mostram momentos de pico exagerados, sejam de euforia ou depressão, constituem forte sinal de que a pessoa deve buscar ajuda, ou seja, quando esses polos são muito díspares, as diferenças são mui­to claras e ocorrem em períodos sucessivos. Geralmente é assim. O paciente vive experiência de euforia muito forte e depois vem a queda, com depressão”.

Sem cura
O Ministério da Saúde des­taca que transtorno bipolar não tem cura, mas pode ser contro­lado. A adesão ao tratamento pode trazer importantes resulta­dos, entre os quais redução das chances de recorrência de crises; controle da evolução do trans­torno; diminuição das chances de suicídio; redução da inten­sidade de eventuais episódios; e promoção de uma vida mais saudável.

Denis Coelho chamou a atenção também para a neces­sidade de a sociedade entender que o transtorno bipolar é uma condição médica real, que re­quer tratamento para ajudar no controle dos sintomas e melho­rar a qualidade de vida.

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