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Trump é indiciado e vira réu nos EUA

O ex-presidente dos Esta­dos Unidos Donald Trump foi denunciado na quinta-feira, 30 de março, tornando-se o primeiro mandatário ameri­cano a ser alvo de acusações criminais. A denúncia foi no­ticiada por jornais americanos. E oficialmente anunciada pela Promotoria Distrital de Nova York, que já entrou em contato com os advogados do ex-presi­dente para negociar os termos de sua rendição.

Caso não opte por uma rendição voluntária – o que se­ria o caminho mais fácil para o começo dos trabalhos judiciais –, Trump forçaria os promoto­res de Nova York a entrarem com um pedido de extradi­ção da Flórida, o que poderia ser dificultado por se tratar de um Estado governado pelo republicano conservador Ron DeSantis, que já se manifestou contra o processo.

No Brasil o que chamamos de denúncia criminal é chama­do de indiciamento nos EUA. Quando alguém é indiciado por um grande júri, isso signi­fica que ele é acusado formal­mente perante a Justiça de um ou mais crimes. O grande júri, que em Nova York é composto por 23 pessoas comuns, ouve depoimentos de testemunhas apresentadas pelos promotores durante um período de dias, se­manas ou meses.

No final desse processo, os promotores decidem se pedem aos jurados que votem em uma acusação formal, o indicia­mento – que no Brasil seria a denúncia criminal. Acredita-se que a acusação contra Trump envolva um pagamento feito antes da eleição presidencial de 2016 para Stormy Daniels, uma atriz de filmes pornô, para impedi-la de falar publi­camente sobre um caso amo­roso que ela disse ter tido com Trump anos antes.

Um porta-voz do promo­tor distrital de Manhattan dis­se na noite de quinta-feira que o escritório havia contatado o advogado de Trump para co­ordenar sua rendição. O ex­-presidente deve comparecer ao tribunal para receber a acu­sação formal na terça-feira, 4 de abril, às 14h15.

O agente especial do Ser­viço Secreto encarregado do destacamento de segurança de Trump, Sean Curran, prova­velmente acompanhará Trump pessoalmente quando ele for processado e comparecer ao tri­bunal. O promotor distrital do condado de Nova York, Alvin Bragg, é um democrata.

Ele foi eleito promotor distrital de Manhattan em novembro de 2021 (nos EUA, promotores e juízes distritais são eleitos em um proces­so que envolve democratas, republicanos e independen­tes, muito similar às eleições gerais). Ele é ex-promotor federal do gabinete do pro­curador-geral de Nova York. Bragg herdou a investigação de Trump de seu antecessor, Cyrus Vance Jr.

Dois promotores senio­res deixaram o cargo no ano passado, frustrados por Bragg não estar inclinado a processar Trump sobre irregularidades em seus negócios imobiliários. Bragg se recusou a discutir a in­vestigação, dizendo apenas que “continuaremos a aplicar a lei de maneira uniforme e justa”.

Acredita-se que Bragg te­nha considerado acusações de falsificação de registros comer­ciais na prática de outro crime, possivelmente uma violação de financiamento de campanha. Isso seria um crime de grau menor, de acordo com a lei do Estado de Nova York, punível com até quatro anos de prisão.

Mas as acusações podem ser reduzidas, as sentenças variam caso a caso e, em geral, é inco­mum que uma pessoa sem ante­cedentes criminais seja condena­da a uma pena de prisão extensa por crime de grau menor que não envolva violência. Portanto, mes­mo que Trump seja condenado por um crime, isso não significa necessariamente que ele passará algum tempo na prisão.

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