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Dengue avança 12,9% no ano

© Reuters/Paulo Whitaker/Direitos Reservados

O número de casos de den­gue em menos de três meses deste ano, em Ribeirão Preto, já é superior ao do mesmo período de 2022 e a cidade já teme nova epidemia. Nos pri­meiros 80 dias de 2023, o volu­me de chuva bateu recordes no município. Somado à falta de atenção e cuidado da popula­ção, propiciou o surgimento de criadouros e a proliferação do mosquito Aedes aegypti – ve­tor da doença, do zika vírus e das febres chikungunya e ama­rela na área urbana.

Ribeirão Preto registrou 1.434 casos de dengue entre 1º de janeiro e 22 de março des­te ano, 164 a mais que 1.270 de todo o primeiro trimestre de 2022, alta de 12,9%. Este número representa 19,2% do total de 2022. Ainda há 4.638 em investigação. Em março já são 374 ocorrências, 649 a menos que as 1.023 do mes­mo período do ano passado, queda de 63,4%.

Na comparação com feve­reiro, quando 636 pessoas fi­caram doentes, o recuo em 22 dias deste mês chega a 41,2%. São 262 a menos. O número de casos de dengue no ano passado, em Ribeirão Preto, é 20 vezes superior ao total de 2021 inteiro. Entre 1º de janei­ro e 31 de dezembro, a cidade contabilizava 7.487 vítimas do mosquito Aedes aegypti – ve­tor da doença, do zika vírus e das febres chikungunya e ama­rela na área urbana –, contra 360 de 2021.

Morte
São 7.127 a mais em 2022 e alta de 1.980%. A média de in­fecções no ano passado foi de 20 pacientes por dia na cidade, quase um por hora. Os núme­ros mudam todo mês. Além disso, o município confirmou a primeira morte em decor­rência da doença em 2022, se­gundo a Secretaria Municipal da Saúde. A vítima é uma se­nhora de 65 anos portadora de comorbidades. Em 2021 não houve óbitos na cidade.

Em 2020, ocorreram onze mortes, mas um caso era im­portado de São Simão. No total oficial, Ribeirão Preto fechou 2020 com dez ocorrên­cias fatais, sete a mais do que os três falecimentos de 2019, alta de 233,3%. O número de dez mortos pelo Aedes aegypti é o maior em pelo menos seis anos (desde 2016). Antes de 2019, a cidade não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus.

Por mês
O aumento de casos da do­ença acende o sinal de alerta na cidade, ainda mais neste verão, com volume de chuva bem acima da média para o período. Em 2021, o número de casos despencou em Ribei­rão Preto, na comparação com o ano anterior.

Segundo dados do Boletim Epidemiológico, divulgado pela Secretaria Municipal da Saú­de, em 2020 foram registrados 17.606. Ou seja, a queda é de 98%, ou 17.246 a menos. Nes­te ano, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) investiga 4.638 pacientes que podem estar com a doença – aguarda exames. Até o final de 2022 eram 18.764.

Faixa etária
A última vez que Ribeirão Preto declarou epidemia de dengue foi há quase três anos, desde a primeira metade de 2020, a sexta em onze anos. Na época, a média diária de pesso­as diagnosticadas com o vírus transmitido pelo Aedes aegyp­ti em 365 dias foi de 48, duas por hora.

Em 2022, as pessoas com idade entre 20 e 39 anos foram as principais vítimas do mos­quito com 2.896 ocorrências, seguidas por quem tem entre 40 e 59 anos (1.842), crianças e adolescentes de 10 a 19 anos (1.148), idosos de 60 anos ou mais (770), crianças de 5 a 9 anos (517), de 1 a 4 anos (261) e menos de um ano (53).

Neste ano, 468 pessoas têm entre 20 e 39 anos, outras 415 estão na faixa dos 40 a 59 anos, 209 têm mais de 60 anos, 224 estão entre 10 e 19 anos, 80 são crianças de 5 a 9 anos, 33 têm entre 1 e 4 anos e cinco são bebês com menos de 1 ano de idade. São 633 casos na Zona Leste, 286 na Oeste, 171 na Central, 165 na Norte e 145 na Sul, além de 34 sem identifica­ção de distrito.

Em 14 anos, Ribeirão Preto já registrou 150.271 casos de dengue, mas este número pode ser quatro vezes superior – de 601.084. Em 2021, o municí­pio também teve dois casos de febre chikungunya importados da Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, e Goiânia, capital do Estado de Goiás. Em 2022 foram cinco ocorrências, qua­tro importadas. Neste ano são quatro casos importados.

Não há casos de zika vírus e febre amarela em 2021, 2022 e neste ano. Em 2019, a cidade registrou 79 casos de sarampo. Em 2020, mais quatro, totalizan­do 83 desde então. Não há ocor­rências nos três últimos anos. Oitenta por cento dos focos de dengue estão dentro das casas da cidade. A prefeitura tem realiza­do vários mutirões para recolher criadouros do vetor, mas a po­pulação tem de colaborar.

Casos de dengue em Ribeirão Preto
2009 – 1.700 casos
2010 – 29.637 casos
2011 – 23.384 casos
2012 – 317 casos
2013 – 13.179 casos
2014 – 398 casos
2015 – 4.689 casos
2016 – 35.043 casos
2017 – 246 casos
2018 – 271 casos
2019 – 14.520 casos
2020 – 17.606 casos
2021 – 360 casos
2022 – 7.487 casos
2023 – 1.434 casos

Total desde 2009: 150.271, mas estudo da SMS aponta que o número pode ser quatro vezes superior, de 601.084

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