A Cia. Flamenca Ale Kalaf estreia temporada gratuita no Teatro do Sesi de Ribeirão Preto com workshop presencial aberto ao público. Serão duas apresentações de dois icônicos e consagrados espetáculos de dança flamenca contemporânea, criados e dirigidos pela bailarina e coreógrafa Ale Kalaf, que acontecem num único fim de semana.
“A Borboleta e o Cubo de Vidro” estará em cartaz nesta sexta-feira, 31 de março, às 20 horas. Já “Concreto” será apresentado no sábado, 1º de abril, no mesmo horário. Para abrir a temporada na cidade, escolhida para dar início à jornada da companhia de dança em cidades do interior e litoral paulistasno quinta-feira (30) haverá o encontro “Vivência Flamenca com Ale Kalaf: Corpo, Pertencimento e Limites”, às 19h30.
O workshop é voltado a todos os interessados em ampliar seus conhecimentos e o contato com esta arte. A programação é totalmente gratuita e aberta ao público. As inscrições devem ser feitas no site do Serviço Social da Indústria de Ribeirão Preto (https://ribeiraopreto.sesisp.org.br/).
A concepção, criação, direção e interpretação de “A Borboleta e o Cubo de Vidro” são de Ale Kalaf, com dramaturgia de Nathalia Catharina e preparação corporal e fisicalidade de Patricia Bergantin e Adriana Nunes. A cenografia é de Karina Diglio com figurinos de Cida Andrade e trilha sonora original de Letícia Malvares. A produção fica por conta de Cau Fonseca e Anacris Medina.
A concepção, coreografia e direção de “Concreto” são de Ale Kalaf. No palco estarão as bailarinas Ale Kalaf, Fernanda Viana, Gisele Lemos, Nina Molinero e Ximena Espejo. A trilha sonora original é de Alexandre Ribeiro, Fernando De La Rua, Jony Gonçalves e Roberto Angerosa, com cenografia de Marcos Diglio do Palhassada Atelie. A produção executiva é de Anacris Medina.
A entrada para os dois espetáculos é gratuita a todas as pessoas: clientes e não clientes. Basta realizar a reserva online de forma antecipada através da plataforma Meu Sesi (ribeiraopreto.sesisp.org. br), ou de forma presencial na secretaria do CAT Sesi de Ribeirão Preto, na rua Dom Luís do Amaral Mousinho nº 3.465, Jardim Castelo Branco, Zona Leste.
Para mais informações entre em contato pelo telefone (16) 3603-7300. O Teatro do Serviço Social da Indústria de Ribeirão Preto fica na rua João Ignacchitti s/nº, no Jardim Castelo Branco, Zona Leste. O local tem capacidade para receber 365 pessoas. O acesso é livre para o público de todas as idades.
‘A Borboleta e o Cubo de Vidro’
O gatilho para a concepção desse espetáculo solo de dança flamenca contemporânea, com criação, direção e interpretação da bailarina Ale Kalaf, se deu a partir do contato da artista com uma pesquisa da antropóloga Mirian Goldenberg, na qual ela pergunta a cinco mil homens e mulheres o que eles mais invejavam no gênero oposto.
As respostas serviram como uma faísca em terreno seco. Para encarnar esse problema, deixar emergir a dramaturgia no corpo e trazer à superfície novas tessituras cênicas, se fez inevitável que a intérprete criadora entrasse em contato com a sua própria biografia, e a partir dos elementos que surgiram deste processo se apropriou de suas escolhas como ferramentas de criação.
Escolheu ser livre até mesmo da própria linguagem, trazendo para a cena partituras de improviso e coreografias que distorcem, desassociam, violam a fidelidade à tradição da dança flamenca buscando lealdade apenas à sua expressão. O espetáculo, como um processo de pesquisa, parte então como um contraponto para as inúmeras tentativas de reduzir uma jovem a nada.
É a comemoração de uma sobrevivência e não de uma derrota. Dançar uma história, não por achá-la excepcional, mas sim, porque ela é absolutamente comum e onipresente. Usar o palco como uma plataforma para mergulhar dentro, afrouxando a corda tensa da vigilância que não permite acessar a realidade das memórias.
‘Concreto’
Inspirado no livro “Tentativa de esgotamento de um local parisiense” de George Perec (1936-1982), obra que revela a experiência contemporânea de um voyeur urbano, contemplador e narrador da cidade. No ano de 1974, Perec permaneceu três dias seguidos na praça de Saint-Sulpice, em Paris, anotando tudo o que via.
Com essa proposta, o autor transformou os acontecimentos cotidianos da rua em um texto composto por fotografias escritas, um catálogo de ações, gestos e imagens, uma lista de fatos insignificantes da vida cotidiana. A coreógrafa Ale Kalaf repetiu a experiência de Perec na cidade de São Paulo, 44 anos depois, observando essa realidade que nos escapa.
A partir dessa vivência, encontrou vieses possíveis para esboçar os contornos dessa relação entre os indivíduos e suas cidades e o lugar que essa cidade ocupa no interior de cada um. O caminho coreográfico escolhido, assim como na narrativa de Perec, não tem regras, cadência ou hierarquia, a proposta é trazer uma estética urbana para o estado corporal do flamenco, ressignificando assim seus gestos e suas intenções.
Ale Kalaf
Bailarina com formação em Flamenco, Ballet clássico e Dança Contemporânea no Brasil e na Espanha. Há15 anos dirige o Estúdio Flamenco Ale Kalaf, criando espetáculos icônicos com seus alunos, como “Frida Khalo y sus mundos”, “Terciopelo”, “Rosa de Jericó” entre outros. O diálogo com outros artistas e outras musicalidades permeiam seu trabalho como criadora e coreógrafa.
Ao longo de mais de 20 anos de carreira, concebeu, dirigiu e dançou trabalhos profissionais em parceria com outros artistas como “Luceros dança Toninho Ferraguti”, “Con alma”, “Puro en la mescla”, “Afeto cap.1 Lorca”. Kalaf também assina a direção cênica do espetáculo “Frágil”, dos artistas Miri Galeano e Jony Gonçalves, produz e dança o espetáculo “As filhas de Bernarda”, com direção e concepção de Clarisse Abujamra. “Concreto” foi considerado pela revista Bravo um dos 30 melhores espetáculos de dança de 2018.