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O Chile e sua literatura (12): Pablo Neruda

Importante escritor e político chileno, considerado um dos maiores poetas da literatura latino-americana e contemporânea mundial, Pablo Neruda (1904-1973) é pseudônimo do escritor chileno Neftalí Ricardo Reyes Basoalto. Filho do operário José del Carmen Reyes Morales e da professora Rosa Basoalto Opazo, Neruda ficou órfão de mãe muito cedo. Nos estudos primários, já demonstrando grande interesse pela literatura, publicou, segundo especialistas, seus primeiros poemas no jornal “A Manhã”. Cursando Pedagogia, na Universidade do Chile, em Santiago, o escritor, ainda jovem, adotou o pseudônimo Pablo Neruda, inspirado no escritor francês Paul Verlaine e no checo Jan Neruda. Aos 19 anos, Neruda publicou seu primeiro livro de poemas “Crepusculário” (1923), que ganhou reconhecimento no meio literário, logo seguido de “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada” (1924), uma de suas mais famosas obras, que mescla o erotismo da poesia que celebra o corpo da mulher com o gosto que Neruda tinha pela natureza. Romântico, o poeta casou-se três vezes. Primeiro, com a holandesa Maria Antonieta Hagenaar. Depois, com a argentina Delia del Carril e, por fim, com a chilena Matilde Urrutia, com quem permaneceu até os últimos dias.

Cônsul da Espanha durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), momento em que escreve sua obra “Espanha no Coração. Hino às Glórias do Povo na Guerra”, Neruda conheceu, durante suas viagens, os escritores espanhóis Federico Garcia Lorca (morto na Guerra Civil Espa­nhola) e Rafael Alberti. No Chile, foi eleito Senador pelo Partido Comunista, em 1945. No entanto, permaneceu até 1946, pois teve que viver escondido após a eleição de Gabriel González Videla, momento de censura e repressão no Chile. Em 1950, publica “Canto Geral”, versos de cunho político em defesa da América Latina; e dois anos mais tarde, regressa ao Chile apoiando a candidatura de Salvador Allende.
Autor de mais de 40 livros, escritos entre 1923 e 1973, sua obra é marcada por um grande teor de lirismo e humanismo, das quais se destacam: “Crepusculário” (1923), “Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Deseperada” (1924), “Canto Geral” (1950), “Odes elementares” (1954), “Cem Sonetos de Amor” (1959), “Memorial da Ilha Negra” (1964), “Fim do Mundo” (1969), “Confesso que vivi” (1974),

“O Rio Invisível” (1980), “Obras Completas” (1967). Em 1994, foi lançado o longa-metragem “O Carteiro e o Poeta” (Il Postino, em italiano), baseado na obra do escritor chileno Antonio Skármeta, retratando momentos de Neruda e Matilde (sua terceira esposa) na Ilha Negra. Por adição, a casa em que ambos viveram em Santiago foi construída em 1953 e ficou conhecida como “La Chascona”, a qual, mais tarde, se tornou um museu. De acordo com a crítica, suas obras são marcadas por um tom melancólico e saudosista, sendo perceptível, também, o erotismo associado à temática amorosa. No entanto, o poeta não empreende a fuga da realidade. Trabalhando com elementos do cotidiano, faz crítica sociopolítica e enaltece a cultura latino-americana.

Alguns poemas? Em “Ainda” (José Olympio), coleção de poemas que narram o período da sua infância e adolescência, retratando o Chile que o escritor conheceu em sua infância e adolescência acompanhando o pai, que era maquinista de trem: “Perdão se quando quero contar minha vida é a terra o que conto. Esta é a terra. Cresce em teu sangue e cresces. Se se apaga em teu sangue te apagas”.

De “Cem Sonetos de Amor”, principal livro de sua carreira, coletânea de poemas amorosos em que demonstrou o amor que sentia pela mulher desejada, temos: “Antes de amar-te, amor, nada era meu: vacilei pelas ruas e as coisas: nada contava nem tinha nome: o mundo era do ar que esperava. E conheci salões cinzentos, túneis habitados pela lua, hangares cruéis que se despediam, perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e mudo, caído, abandonado e decaído, tudo era inalienavelmente alheio, tudo era dos outros e de ninguém, até que tua beleza e tua pobreza de dádivas encheram o outono”.
Tendo recebido diversos prêmios, dos quais se desta­cam o Prêmio Lênin da Paz (1953) e o Prêmio Nobel de Literatura (1971), Neruda faleceu em Santiago, no Chile, vítima de um câncer na próstata, doze dias após o golpe militar de Pinochet, que derrubaria o governo de Allende.

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