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Maria Fumaça fora dos trilhos

Adriana Dorazi – especial para o Tribuna Ribeirão

O desenvolvimento de diversas cidades da região de Ribeirão Preto está diretamente relacionado com as ferrovias. Foi por trilhos de trem que grande parte do café produzido por aqui no século passado chegou aos portos e outras localidades importantes do país para comércio ou consumo.

Essa etapa tão importante da história regional é reverenciada com o restauro de uma das locomotivas que por muitos anos ficou abandonada na Praça Schimit, no centro da cidade. Em fevereiro começou a obra de implantação de estrutura coberta que irá abrigar a Maria Fumaça no Parque Maurilio Biagi.

Segundo a prefeitura esse abrigo irá remeter a uma miniestação ferroviária, com espaço de visitação da população. A locomotiva, considerada patrimônio histórico pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac), foi restaurada pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), em Campinas/SP, com investimento da Secretaria da Cultura e Turismo de R$ 749 mil.

“Pensamos em um restauro que vai além de manter viva a história cafeeira da nossa cidade, mas que ela possa um dia voltar aos trilhos e reviver o passado de Ribeirão Preto”, disse o secretário da Cultura e Turismo, Pedro Leão.

Assim que for concluída a cobertura, com prazo previsto para junho, a Maria Fumaça ficará em espaço cercado, monitorado por câmeras e patrulhamento da Guarda Civil Metropolitana. A locomotiva foi fabricada na Alemanha, em 1912. Em segunda etapa (com alguns ajustes mecânicos, de acordo com a administração municipal) será possível que volte a funcionar para criar um passeio de trem, seguindo roteiro turístico partindo de Ribeirão Preto. Esse projeto ainda não tem data prevista.

Parte feia da história

Estacionada em terreno da Avenida Mogiana há mais de 40 anos, a locomotiva fabricada na Inglaterra, no final do século XIX, acumula ferrugem e abandono. (Foto: Alfredo Risk)

Outra Maria Fumaça da cidade não teve a mesma sorte até hoje. Estacionada em terreno da Avenida Mogiana há mais de 40 anos, a locomotiva acumula ferrugem e abandono. Essa composição foi fabricada na Inglaterra, no final do século XIX. Serviu para o transporte de carga entre Ribeirão Preto e Uberaba.

A última tentativa em sair da estação foi em cima de um caminhão. Em 2017 houve tentativa de levá-la para Salto, onde o Consórcio Municipal do Trem Republicano iria realizar o restauro e reuso em projeto cultural. A mudança foi impedida por ordem judicial, mas de lá para cá nada mudou.

O processo que impediu a retirada da Maria Fumaça foi extinto no início desse ano. Agora, com a volta do patrimônio aos cuidados da União, caberá ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Denit) decidir o futuro da locomotiva.

Uma das possibilidades é a doação para entidades que preservam a cultura do trem que poderiam apresentar projetos que consigam suporte financeiro em leis de incentivo à cultura.

O secretário Pedro Leão disse que por se tratar de um bem que pertence ao governo federal, o município pode oferecer apenas apoio institucional num futuro trabalho de restauração de uma das primeiras Marias Fumaça a rodar no país com cabines de luxo para o transporte de passageiros.

Esse tema inclusive parece tabu para pessoas, entidades e organizações ligadas ao tema. Ninguém quer relembrar que já houve projeto para interligar os dois equipamentos em um passeio cultural dentro da cidade.

Seriam oito quilômetros que ligariam, num roteiro turístico, as estacoes Barracão, no bairro Ipiranga, e a Mogiana, no Jardim Independência.

Em relação à locomotiva restaurada, em nota à reportagem do Tribuna Ribeirão, a Secretaria Municipal da Cultura e Turismo ressalta que fará toda a manutenção necessária para manter e conservar o patrimônio histórico. Já sobre a locomotiva da Mogiana, como o terreno também não é de propriedade do município, não há garantia de segurança a máquina e vagões que também são tombados pelo Conppac.

 

 

 

 

 

 

 

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