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Moro era alvo de facção criminosa

A Polícia Federal (PF) abriu na manhã desta quarta-feira, 22 de março, operação contra uma quadrilha que pretendia atacar servidores públicos e autoridades, planejando homicídios e extorsão mediante sequestro em quatro Estados e no Distrito Federal. O ministro da Justiça Flávio Dino disse que havia o plano de assassinatos até de um senador e de um promotor de Justiça – mas os nomes não foram divulgados.

Nas redes sociais, o ex-ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) agradeceu a atuação das forças de segurança, afirmando que ele e sua família estariam entre os alvos de “planos de retaliação do PCC”. A informação de que o parlamentar estava entre os alvos da quadrilha sob suspeita foi confirmada pela reportagem junto a fontes da investigação.

À época em que Moro era ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, houve a transferência de lideranças do Primeiro Comando da Capital para presídios federais. Cerca de 120 agentes foram às ruas cumprir onze mandados de prisão – sete preventivas e quatro temporárias – em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná. Além disso, o efetivo vasculha 24 endereços ligados a investigados.

A operação foi batizada “Sequaz”. De acordo com a PF, o nome da operação faz referência “ao ato de seguir, vigiar, acompanhar alguém”. O termo foi utilizado em razão do “método utilizado pelos criminosos para fazer o levantamento de informações as possíveis vítimas”, diz a corporação.

Flávio Dino repudiou o que chamou de ‘narrativas falsas nas redes sociais que “tentam vincular” declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o ex-juiz Sergio Moro à Operação Sequaz, que investiga planos de ataque ao senador. “É vil, leviano e descabido fazer qualquer vinculação desses eventos com a declaração. É mau-caratismo tentar politizar esse evento”, afirmou.

Segundo o ministro da Justiça, “quem faz essa politização” acaba por “ajudar” a organização criminosa alvo da ofensiva aberta pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira. O ministro da Justiça afirmou que soube há 45 dias, pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), do planejamento para a execução de ações violentas.

Dino ressaltou que “não há como” vincular declaração dada por Lula na terça-feira (21) a uma investigação que “tem meses”. “Fico espantado com o nível de mau-caratismo de quem tenta politizar uma investigação séria , que é tão séria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador que é oposição ao nosso governo”, ressaltou. Para Dino, a operação da Polícia Federal mostra que “não há nenhum aparelhamento do Estado, nem a favor, nem contra ninguém”.

Até o momento, nove investigados já foram presos, parte deles ligados ao PCC. Além disso, um efetivo de 120 agentes vasculhou 24 endereços ligados a investigados – alguns deles com vínculos com a facção. Em um dos endereços, a Polícia Federal encontrou um “fundo falso”, revelando uma antessala que poderia servir como “esconderijo”, segundo investigadores.

Os planos de homicídio e extorsão mediante sequestro tinham vários alvos: não só Moro, mas também o promotor do Ministério Público de São Paulo Lincoln Gakiya, além de autoridades do sistema penitenciário e integrantes das policias de diversos Estados.

Promotor responsável por investigações e ações concretas para reduzir a ação da organização criminosa PCC, Lincoln Gakiya afirmou que anda com escolta 24 horas por dia e que “quase toda semana se descobre um plano para me matar”.

O promotor Lincoln Gakiya, que há quase 20 anos investiga o PCC, tomou conhecimento do plano ao interrogar uma testemunha. O depoimento foi tomado em uma investigação sobre ações planejadas pela organização como retaliação a autoridades

O próprio Gakiya seria um dos alvos da facção. Outro nome na mira dos criminosos era o do ex-juiz e hoje senador Sérgio Moro, tratado pelo codinome “Tóquio”. A escalada de violências do PCC estaria na iminência de ser desencadeada.

Soldados da facção monitoravam os passos dos alvos e já haviam alugado imóveis que, provavelmente, seriam usados durante a execução do plano. Uma casa em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, foi vasculhada nesta quarta pela Polícia Federal. Os agentes encontraram um “fundo falso” em uma parede.

A suspeita foi levada por Gakyia ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, que acionou a cúpula da Polícia Federal e comunicou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O ex-juiz da Operação Lava Jato e sua mulher, a deputada federal Rosângela Moro (União-PR), também foram avisados e colocados sob proteção de forte escolta policial.

 

 

 

 

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