Isabella Mengelle Especial para o Tribuna Ribeirão
Pela primeira vez desde a criação do projeto de reuniões fora da capital, Ribeirão Preto recebeu, na manhã da última quinta-feira (16), membros do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), para a terceira reunião itinerante do órgão. O projeto acontece uma vez por mês. Historicamente, os encontros aconteciam apenas na sede da entidade, em São Paulo.
“O Rafael Cervone, presidente do CIESP São Paulo, criou a sistemática das reuniões itinerantes justamente para prestigiar as regionais. É muito importante para a cidade receber a reunião”, disse o diretor-titular da Regional Ribeirão Preto do CIESP, André Francisco Ignacio.
No evento, que contou com a presença de membros do CIESP das 43 regionais, foi assinada uma parceria com o SEBRAE e com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), para fomentar o empreendedorismo feminino no estado.
Para Ignacio, a parceria é um passo natural em direção a uma tendência que já vem crescendo. “A mulher hoje já tomou a frente nas multinacionais, a vem atingindo mais cargos de CEO, liderança, mas no empreendedorismo o lado feminino ainda está um pouco devagar. Nossa ideia é suprir essa carência, fazer com que a participação delas seja cada vez mais forte”, explicou.
A parceria deve atuar através de ações de qualificação profissional e oferecendo suporte técnico para que as mulheres se sintam seguras para empreender em um cenário econômico desafiador. “O empreendedorismo precisa de dinheiro. No ano passado, a Selic veio em 12,5% e agora está em 13,75%. Isso não só dificulta, mas inviabiliza mesmo. Esse é o principal entrave para todo tipo de empreendedor, não só para as mulheres. Mas para elas é mais forte”, explica o diretor.
Crescimento e sustentabilidade
Outro foco do CIESP para o ano é o crescimento sustentável. Segundo Ignacio, pautas de ESG (governança ambiental, social e corporativa) estão no foco principal, inclusive para a pequena e média indústria. “O setor precisa trabalhar muito nessa direção. Já melhorou muito, mas a indústria de fato precisa, inclusive em regiões que ainda não regulamentaram isso, entrar nessa pauta mais do que qualquer outra. Principalmente na agroindústria, onde há casos de empresas com processos gigantes que se não estiverem alinhados, poluem mais do que 30 indústrias juntas. É uma trajetória que vai ser longa, mas vai acontecer. Quem não se adequar vai ficar fora do jogo”, destaca.
Cenário na indústria é de pessimismo
Por telefone à reportagem do Tribuna Ribeirão, o presidente do CIESP, Rafael Cervone, ressaltou que o atual cenário econômico é “desanimador” para o setor. Segundo ele, a atividade segue desacelerando e a tendência de alta recente não deve ser mantida.
“A produção industrial encerrou 2022 com queda de 0,7%, mas o problema principal é que esta foi a sexta queda em 10 anos. Em 2021 tivemos alta, mas em 2020 o impacto foi de 4,5% negativo. E infelizmente, temos baixo desempenho previsto para o setor nos próximos seis meses também”, lamentou Cervone.
No plano regional, para o diretor-titular do CIESP RP, André Ignacio, a expectativa – pela análise do PIB -, é de estagnação em 2%, muito empurrado pelo agronegócio. Para ele, “agora a pandemia acabou e vamos enfrentar a realidade, a volta do velho normal, porque aquele ‘novo normal’ acabou. Taxa de juros alta e muitas dificuldades. A gente tenta ser otimista, mas até retração é um resultado que não assustaria”.