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Hanseníase sobe 138% em um ano

© SMS de Mesquita/RJ

Desde 2016, tem sido ob­servado pelo Departamento de Vigilância em Saúde o au­mento no número de casos de hanseníase diagnosticados em Ribeirão Preto, sendo que, em 2021 (últimos dados dis­poníveis), foram confirmados mais de 200 casos novos, clas­sificando a cidade como muito alta endemia, ou seja, aqui a hanseníase é um importante problema de saúde pública.

“O aumento no número de casos é reflexo do compromis­so da Secretaria Municipal da Saúde com o enfrentamento à doença, através do trabalho de qualidade e de diversas ações que vêm sendo realizadas nos últimos anos”, explica a médica dermatologista Helena Bar­bosa Lugão, responsável pelo programa de Hanseníase da Secretaria Municipal da Saúde.

“Em vários lugares a han­seníase é subdiagnosticada, já que não há um olhar atento da rede de saúde para a doen­ça. Aqui em Ribeirão Preto, na medida em que as ações foram iniciadas, passamos a verificar esse aumento no número de casos, a encaminhá-los e tratá­-los”, emenda.

Em 2021, foram regis­trados 219 casos na cidade, contra apenas 92 do período anterior, alta de 138% e 127 ocorrências a mais. Em 2019 foram 95 e em 2018, 73. No ano de 2017 foram 66, em 2016, mais 53. Outros 62 diag­nósticos de hanseníase foram registrados em 2015 e mais 65 em 2014. Em 2013 foram 78 e em 2012, mais 68, totalizando 871 em dez anos.

Ações
São ministrados treina­mentos teóricos e práticos sobre a doença para todos os profissionais da rede munici­pal pelo menos duas vezes ao ano. Além disso, desde 2018, o município tem realizado busca ativa de casos com a aplicação do QSH – Questionário de Suspeição de Hanseníase, de­senvolvido por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universida­de de São Paulo (FMRP-USP).

O QSH traz uma série de perguntas que, caso positivas, podem indicar a possibilidade de a pessoa ter a doença. Ou­tra ação importante que tem sido realizada desde o ano passado é a aplicação gratuita do teste rápido para detecção de anticorpos contra a bacté­ria causadora da hanseníase em todas as unidades de saú­de de Ribeirão Preto (atenção primária à saúde).

O teste é aplicado confor­me as orientações do Ministé­rio da Saúde, sendo que uma pessoa que tenha contato do­miciliar com um paciente com hanseníase e teste positivo, possui maior risco de desen­volver a doença e deverá ser avaliada com cuidado pelos profissionais da rede munici­pal de saúde.

Pandemia
Em diversos municípios brasileiros, o cuidado da han­seníase foi prejudicado du­rante a pandemia, diferente do que ocorreu em Ribeirão Preto. As ações de enfrenta­mento da hanseníase foram mantidas de forma a atender todas as pessoas e, por isso, foi constatada a manutenção e até aumento na detecção de casos em 2020 e 2021.

Todas essas ações fazem com que Ribeirão Preto seja uma inspiração na vigilância e cuidado de pessoas acome­tidas pela hanseníase, sendo que o Ministério da Saúde adotou algumas das estra­tégias acima para os demais territórios brasileiros.

E o que é a hanseníase?
A hanseníase é uma doen­ça infecciosa que afeta princi­palmente a pele e os nervos e é causada pela bactéria Myco­bacterium leprae. A transmis­são da doença acontece pelo ar, sobretudo em situações de contato próximo e prolonga­do, como entre pessoas que moram na mesma casa.

Apesar disso, a maioria da população consegue se defen­der naturalmente da bactéria, não desenvolvendo a doença caso seja contaminada. No entanto, estima-se que cerca de 10% das pessoas que tive­ram contato com a bactéria causadora da hanseníase po­dem desenvolver a doença, por isso é importante estar atento aos sinais.

Alterações
Como a bactéria da hanse­níase afeta principalmente os nervos e a pele, as principais alterações ocorrerão nesses locais. O acometimento dos nervos periféricos pode se manifestar por dormências, perda de sensibilidade, dor nos nervos, câimbras e perda de força muscular, principal­mente nos nervos das mãos, pés e rosto.

Já na pele, a hanseníase pode causar manchas esbran­quiçadas ou avermelhadas que não costumam coçar ou doer. É característica a redução da sensibilidade ao toque, calor ou dor nas manchas de hanse­níase. O tratamento da hanse­níase é feito com antibióticos que são fornecidos gratuita­mente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde e nas Unidades de Referência (CRE Central e CSE Cuiabá) de Ribeirão Preto.

O diagnóstico da hansení­ase é essencialmente clínico, realizado durante uma con­sulta médica com avaliação da pele e dos nervos periféricos. Embora não sejam necessá­rios para o diagnóstico, alguns exames complementares po­dem ser solicitados, como ba­ciloscopia e biópsia de pele. Se você acha que pode estar com hanseníase, procure a Unida­de Básica de Saúde (postinho de saúde) mais próxima da sua casa para avaliação.

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