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Inteligência e seus descontentes (25): QI no mundo do trabalho

Uma má concepção acerca da inteligência é que a mesma não é importante para o sucesso no trabalho. As pessoas que assim argu­mentam também acreditam que inteligência pode ser importante na escola mas, no mundo real do trabalho, habilidade acadêmica não é importante para o sucesso no emprego. Muitos críticos chegam a afirmar que, dentre as pessoas que realmente têm um trabalho específico, inteligência não está correlacionada com o desempenho no emprego. No meu entender, esta concepção é errada.

Primeiramente, inúmeros dados obtidos de diferentes aplicações dos testes de inteligência, ao longo da 1ª Guerra Mundial, nos Estados Unidos, administra­dos tanto individualmente quanto coletivamente, revelaram que inteligência poderia ser importante para os desfechos ocupacionais. Os psicólogos militares logo concluíram que os homens com escores nos testes mais elevados foram julgados por seus oficiais superiores como sendo muito melhores soldados. Ademais, constataram que os soldados com pontuações mais altas tinham classificações militares mais elevadas, raramente fracassavam nos treinamentos e tinham menos problemas disciplinares. Assim considerando, as corporações militares americanas rapidamente entenderam que os testes eram muito úteis e desde então implementaram programas de testagem mental que continuam sendo constantemente aperfeiçoados.

É também evidente que inteligência é correlacionada com o prestígio e a complexidade do emprego. Parece que inteligência é uma variável “coringa”, ou subjacente, para muitas ocupações que têm um QI mínimo necessá­rio para que os ocupantes possam obter o emprego. Esse QI mínimo raramente se desenvolve como resultado de teste de inteligência que os candidatos devem passar para serem contratados. Ao contrário, o QI mínimo é frequentemente estabelecido através dos requerimentos do emprego, tais como educação universitária ou responsabilidades cogni­tivas do emprego, que os trabalhadores devem dominar.

Ademais, QI não apenas torna mais difícil para os indivíduos com inteligência menos elevada alcançar empregos ou ocupações mais prestigiosas, mas também se correlaciona positivamente com o desempenho em muitos empregos. Para determinadas funções, as correlações entre os escores de inteligência e as estimativas das compe­tências exigidas são moderadas ou elevadas; mas, para algumas outras ocupações, os resultados são menos promissores. Importante notar que o desempenho no trabalho e inteligência não necessariamente têm a mesma correlação pra todos os empregos. Todavia, inteligência é muito importante para o sucesso na carreira em empregos altamente mais complexos, mas menos importante para o sucesso em tarefas, ou empregos, com baixa complexidade.

Certamente, a influência da inteligência sobre o desempenho no emprego é indireta. A melhor explicação é que alta inteligência faz os empregados melhores em aprender o conhecimento e as habi­lidades necessárias para realizarem seus empregos, suas ocupações, suas tarefas. Este nível mais elevado de conhecimento do emprego, por sua vez, faz-nos melhores emprega­dos. Um grande número de pessoas despende muito mais de sua vida no ambiente de trabalho do que nas escolas. Logo, pesquisas sobre a inteligência são, provavelmente, mais importantes do que qualquer pesquisa educacional.

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