O ser humano faz de tudo para não ser humano, cria monstros e demônios e um “Deus” para combatê-los, e em nome deste “Deus” coloca outros seres humanos em condições de miséria absoluta. Ter outros seres humanos como servos e escravos sempre foi considerado uma coisa natural para os ungidos que detinham o poder ao longo da história. O poder dos reis, rainhas e imperadores era alicerçado nos Parlamentos e cortes, que através da exploração dos pobres mantinham seus privilégios, que incluía não pagar impostos, isso de pagar impostos era coisa da ralé.
Na França em 1776, o Ministro das Finanças, Anne Robert Jacques Turgot, precisava equilibrar as finanças do governo, pois as despesas superavam em muito a arrecadação, e para ampliar a arrecadação resolveu cobrar impostos dos privilegiados, no entanto a reação foi imediata, e como acontece até hoje na maioria dos países, inclusive no Brasil, pressionaram o Parlamento de Paris para que os defendesse, e o Parlamento definiu a favor dos privilegiados. Criaram uma regra para preservar a alguém o que lhe pertence, não só a propriedade, mas também os direitos da pessoa por nascimento e posição, e portanto, equiparar essa gente nobre à plebe provocaria a derrubada da sociedade civil.
Estes fatos ocorridos há quase duzentos e cinquenta anos, mostram que os privilégios dos que se julgam seres humanos superiores, permanecem vivos em pleno século 21. No Brasil, são os pobres que carregam nos ombros o peso dos impostos, e quando se tenta cobrar impostos dos milionários, o Parlamento cerra fileira ao lado dos privilegiados, dizendo que se eles tiverem que pagar impostos como os trabalhadores, vão parar de investir, e o País vai quebrar, eles repetem os mesmos argumentos da realeza francesa em pleno século 21.
Enriquecer explorando outro ser humano é a expertise dessa gente. A escravização dos negros africanos foi a maior fonte de riqueza que gente branca de olhos azuis, amelhearam durante séculos, inclusive reis e rainhas fizeram parte dessa associação. A industrialização dos países ricos, como também as riquezas acumuladas pela aristocracia rural brasileira, se fez com o sangue, suor e sofrimento dos povos escravizados.
O ser humano “superior” estabeleceu que o lucro é sagrado, e está acima da vida humana, e para alicerçar essa ideia usou com competência a religião, para mostrar que Deus está e sempre esteve ao lado dos poderosos. Martinho Lutero, o fundador do Protestantismo, mostrou de que lado estava quando o assunto era o poder estabelecido: “Assim como as mulas, que não se moverão a menos que você perpetuamente chicoteá-las com varas, o poder civil deve conduzir as pessoas comuns, chicote, decapitar, estrangular, enforcar, queimar, tortura-los, para que possam aprender a temer os poderes constituídos”. A chegada do século 21, segundo os otimistas seria o século da luz e da harmonia, no entanto o Brasil experimentou na última década um retrocesso absurdo, e as falas de Martinho Lutero estão servindo de ancoradouro para a aristocracia branca e secular ultrajar e escravizar trabalhadores humildes, como acontecia no passado de maioria negra.
Para transformar os seres humanos em seres dotados de luz só há um caminho: “Uma educação básica pública de qualidade”. Já temos as leis, é só ter vontade e coragem de cumpri-las!