No Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira, 8 de março, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que 30,3% dos consumidores com dívidas atrasadas eram mulheres, enquanto 29,1% eram homens.
Ao mesmo tempo, são elas que buscam resolver mais rapidamente o problema: enquanto as mulheres ficaram em média 62 dias sem pagar dívidas, os homens permaneceram 63,5 dias com dívidas atrasadas. O estudo também mostra que 79,5% das mulheres estavam endividadas em fevereiro, alta de 1,1 ponto percentual em relação a janeiro. Entre os homens, o percentual caiu 0,1 ponto, representando 77,2% dos consumidores.
A economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, elenca algumas peculiaridades que fazem com que a situação financeira das mulheres seja mais difícil que a dos homens. “Somos proporcionalmente mais numerosas na sociedade, mas menos participativas no emprego formal, por exemplo. Há maior predominância da mulher na informalidade, e isso traz maior vulnerabilidade para a renda”, explicou, em nota, a economista.
Cartão de crédito
As mulheres têm concentrado o endividamento nas modalidades de prazos mais curtos, principalmente no cartão de crédito. Elas estão proporcionalmente mais endividadas do que os homens em três modalidades de dívida: cartão de crédito (86,5% das endividadas), carnês de lojas (19%) e crédito consignado (5,9%).
Nos demais tipos de dívida (cheque especial, crédito pessoal, cheque pré-datado, financiamento de casa, de carro e outras dívidas), os homens superam as mulheres como proporção do total de endividados. Izis Ferreira destaca, ainda, que cabe cada vez mais às mulheres o sustento das famílias.
“Por isso, é tão importante qualquer iniciativa que leve às mulheres maior conscientização e capacitação para gerir melhor as finanças domésticas”, disse a economista. Além disso, 18,8% das endividadas se consideram “muito endividadas”, mesma proporção observada em fevereiro do ano passado.
O percentual é menor entre os homens – 15,5% dos endividados, uma queda de 0,6 ponto percentual em relação aos 16,1% de fevereiro de 2022. Segundo a CNC, isso indica que as condições orçamentárias estão mais apertadas para o público feminino.
A elevação de 0,3 ponto percentual das famílias que relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) foi puxada pelo endividamento das mulheres em fevereiro e alcançou 78,3% das famílias no país.
Desse total, 17,1% consideravam-se muito endividadas, indicador que também voltou a crescer após quedas sequenciais desde novembro de 2022. Segundo a pesquisa, o endividamento geral vinha apontando perda de fôlego desde o quarto trimestre do ano passado, mas avançou em fevereiro, com vencimento de despesas típicas do primeiro trimestre (tributos, gastos escolares e contribuições para órgãos de classe, entre outras).