Tribuna Ribeirão
Política

Calamidade – Projeto criminaliza aumento abusivo

Dois projetos de lei que transformam em crime o au­mento abusivo do preço de produtos e serviços em situ­ações de “pandemia, estado de calamidade pública, emer­gência pública, estado de vul­nerabilidade social” foram apresentados na quarta-feira, 22 de fevereiro, à Câmara dos Deputados. Um dos autores é o deputado Delegado Palum­bo (MDB-SP).

Delegado Mário Palumbo Jr. (MDB), filho do professor Mário Palumbo, foi criado em Ribeirão Preto, mas tem base eleitoral em São Paulo. Diz que foi motivado por denúncias de que alguns comerciantes estabelecidos no Litoral Norte estariam cobrando até R$ 93 o galão de água.

O deputado ribeirão-pre­tano Ricardo Silva (PSD-SP) também apresentou projeto de lei que altera a Lei de Cri­mes contra a Economia Po­pular e criminaliza a prática de aumento exorbitante nos produtos de primeira necessi­dade em casos de tragédias e catástrofes. Também foi pro­tocolado na quarta-feira, após denúncias de que abusos es­tariam ocorrendo no Litoral Norte de São Paulo, área muito afetada por temporais na últi­ma semana.

“Temos que pôr um ponto final neste tipo de ação crimi­nosa. Estamos falando de um momento crítico, onde deze­nas de pessoas já perderam a vida e milhares estão sem casa. Estamos a tratar de produtos essenciais para a vida humana”, afirma, ressaltando que o proje­to aperfeiçoa a Lei dos Crimes contra a Economia Popular.

A região de Guarujá, Ber­tioga, São Sebastião, Cara­guatatuba e Ubatuba é palco de intensos temporais que já fizeram 50 mortes e dei­xaram 2.251 desabrigados e 1.815 desalojados no estado nos últimos dias. A proposta de Palumbo prevê a inclusão de um artigo no Código de Defesa do Consumidor, en­quadrando a prática abusiva como crime, cujos infratores deverão ser punidos com dois a quatro anos de detenção.

Caso a majoração desen­freada de preços recaia sobre “bens e serviços essenciais para a sobrevivência”, a pena fica um terço maior, de acordo com a proposta. Os deslizamentos de terra, alagamentos e enchentes castigam severamente as cida­des de Guarujá, Bertioga, Ca­raguatatuba, Ilhabela, Ubatuba e São Sebastião.

Equipes de resgate ainda es­tão removendo vítimas do lo­cal e o abastecimento da região está comprometido por causa da obstrução de rodovias. A justificativa do deputado Dele­gado Palumbo também faz re­ferência a “voos de helicóptero por R$ 50 mil para retirada de moradores e turistas das áreas inundadas” e “alimentos e bens de primeira necessidade ven­didos por dez ou vinte vezes o seu valor”.

Em um vídeo que Palum­bo divulgou em suas redes, ele afirma que “enquanto boa par­te da população quer ajudar as vítimas da tragédia do litoral norte, comerciantes inescrupu­losos aumentam abusivamente o preço das mercadorias”. O parlamentar classifica esses co­merciantes como “canalhas” e diz que eles “merecem cadeia”.

O aumento de preços sem justificativa é uma conduta abusiva proibida pelo Códi­go de Defesa do Consumidor, mas não é enquadrado como crime. Tal prática pode ser punida com medidas adminis­trativas, como são as multas da Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP) – órgão ligado à Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania.

Para que esse tipo de situ­ação alcance a esfera penal, é necessário que o Ministério Público abra uma investiga­ção e constate a existência de outros crimes paralelos ao aumento de preços, como ex­torsão ou a venda de produtos falsos, por exemplo.

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