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O Chile e sua literatura (7): Vicente Huidobro

De acordo com especialistas, Vicente Huidobro (1893 – 1948) foi um poeta chileno considerado pela crítica literária nacional e internacional como um dos principais im­pulsionadores do movimento poético de vanguarda no Chile e na América Latina durante o primeiro terço do século XX, especialmente devido ao desenvolvimento de sua teoria estética conhecida como criacionismo, segundo a qual o poeta é um “pequeno Deus”, por sua mente criativa. Nascido em família aristocrática, sua primeira educação formal foi recebida por governantas inglesas e francesas, para depois ingressar no Trinity College e, mais tarde, no Colégio San Ignacio de la Compañía de Jesús. Em 1910 iniciou os estudos de literatura que não concluiu no antigo Instituto Pedagógi­co da Universidade do Chile. Fora do espaço universitário, desenvolveu sua formação literária nas tertúlias presididas por sua mãe, María Luisa Fernández Bascuñán, com a ajuda de quem editou a revista Musa joven em 1912 .

Em 1911, aos 18 anos, Huidobro publicou “Ecos del alma” e, antes de completar 21 anos, já havia publicado outros quatro livros: “Canciones en la noche” , “La gruta del silencio”, “Las pagodes ocultas” – todos em 1913 – e “Pasando y passando”, em 1914, os quais representaram para a crítica um período de aprendizado poético na carreira literária de Huidobro. Esse período, caracterizado por sua relação com as tendências literárias vigentes na época e, sobretudo, com o modernismo hispano-americano, culminou com a publicação de “Adán” (1916), livro no qual foram observados alguns traços característicos do criacionismo. Após uma breve estada em Buenos Aires, acompanhado pela poetisa Teresa Wilms Montt (1893-1921), Vicente Huidobro partiu para a Europa com sua família em 1916. Esta viagem – particularmente sua estada em Paris – marcou o início de uma segunda etapa em sua produção que os críticos chamaram de “vanguarda heróica”. Isso começou com a publicação de “El espejo de agua” (1916), obra onde sua teoria criacionista começou a se desdobrar, e durou até aproximadamente 1921.

Durante esses anos, enquanto o Chile passava por um processo de modernização socioeconômica e cultural que teve como uma de suas consequências a crise da ordem oligárquica tradicional, Huidobro gerou um discurso estético disruptivo que o levou a publicar “Horizon carré” em 1917 e, após sua transferência a Madrid, em 1918, os livros e folhetos “Ecuatorial”, “Arctic Poems”, “Hallali” e “Tour Eiffel”. Na Euro­pa, também participou de revistas de vanguarda, estabeleceu relações pessoais com importantes figuras da criação inter­nacional e publicou “Saisons choisies” (1921), livro que reúne seus poemas em francês e inclui o famoso retrato do poeta feito pelo artista espanhol Pablo Picasso. Um terceiro período da produção literária de Huidobro coincide com a publicação de textos fundamentais de sua obra, como o romance “Mío Cid Campeador” (1929) e os livros “Altazor” (1931) e “Temblor de cielo” (1931), nos quais cristalizou sua estética criacionista. Nesse período também produziu um volume de ensaios intitulado “Manifestos” (1925) e, a pedido do cineasta romeno Nime Mizú, preparou o roteiro do filme “Cagliostro” (1923). Por este roteiro de filme, Huidobro recebeu seu único prêmio estrangeiro, concedido em Nova York pela League for Better Motion Pictures.

Ainda segundo especialistas, da mesma forma, nestes anos o poeta aventurou-se a cruzar com outras artes como o teatro ( Salle Comedie em Paris), a moda ( túnicas­-poemas ) e as artes plásticas. Deste último nasceram os seus emblemáticos caligra­mas e poemas pintados. Em 1925, o autor voltou ao Chile, publicou o livro “Vientos contrários” (1926) e participou ativamente da política, fundando o jornal Acción, jornal da Purificação Nacional e até concorrendo à Presidên­cia da República. Durante a década de 1930 – de mãos dadas com sua atividade política, que o levou a ingressar no Partido Comunista Chileno e apoiar as causas republicanas e antifas­cistas espanholas -, Huidobro desenvolveu uma estética que tentava conciliar a autonomia da obra literária e a função da literatura, propondo um criacionismo de cunho antropoló­gico e humanista. Essa nova concepção estética, que também foi lida como um “criacionismo político”, manifestou-se com mais clareza em sua produção narrativa e dramatúrgica, especialmente na comédia “En la luna” ou no romance “La próxima”, uma história que aconteceu em um curto espaço de tempo, ambos publicados em 1934. Este terceiro período coincidiu com a redação de seu último manifesto, “Total” (1932), e a obra “Monumento ao mar”, em 1937.

Por volta da década de 1940, Vicente Huidobro voltou a escrever poesia que o levou a publicar os livros “Ciudadano del olvido” (1941) e “Ver y palpar” (1941). Em 1948, publicado postumamente graças à obra de sua filha Manuela García-Huidobro, publicou-se, do autor, seus “Últimos poemas”.

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