Em 2021, por causa da pandemia de coronavírus, o número de óbitos no país aumentou 18%, chegando a 1,8 milhão – um recorde na série histórica iniciada em 1974. Foram 273 mil mortes a mais do que em 2020. Como é o maior número absoluto e a maior variação percentual frente ao ano anterior, os dados representam novo recorde na série histórica que começou na década de 1970.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram divulgados na manhã desta quinta-feira, 16 de fevereiro. Um ano antes, o número de óbitos havia chegado a um patamar mais elevado. Em 2020, cerca de 1,5 milhão morreram e essa foi a maior variação de toda a série, com alta de 14,9% e cerca de 196 mil mortes a mais. Com a continuidade da pandemia, o número, em 2021, teve aumento superior ao observado no ano anterior.
Adultos
“Comparando-se com 2019, o incremento foi de 469 mil mortes, ou seja, 35,6% a mais. Já no período anterior à pandemia, de 2010 a 2019, o crescimento médio anual de óbitos era de 1,8%”, informa o IBGE. O avanço nos óbitos, em 2021, superou o de 2020 entre os adultos de 40 a 49 anos (35,9%) e de 50 a 59 anos (31,3%).
Para o grupo de 70 a 79 anos e de 80 anos ou mais, no entanto, os números cresceram menos. Com a continuidade da pandemia, o número de óbitos em 2021 teve um aumento superior ao que já tinha sido observado em 2020 por causa da doença. Sobretudo no primeiro semestre, como mostram os dados do IBGE coletados junto aos cartórios de Registro Civil do país.
Março
O maior número de óbitos (202,5 mil) foi no mês de março, sendo 77,8% superior ao registrado em março de 2020. A partir de julho de 2021, notou-se uma tendência de queda e, de setembro em diante, o número de óbitos começou a cair em comparação ao mesmo mês do ano anterior.
A análise da série histórica indica que o aumento na quantidade de mortes no período anterior à pandemia, mais especificamente de 2010 a 2019, era de, em média, 1,8% – compatível com a taxa de crescimento demográfico, reflexo das alterações na estrutura etária brasileira provocadas pela queda de fecundidade e aumento da longevidade.
Pandemia
No primeiro ano da pandemia, 2020, o aumento do número de óbitos foi significativo. De uma média de 1,8%, saltou para 14,9%. No ano seguinte, o aumento foi de 18,0%. Se comparado o ano de 2021 com o de 2019, houve mais 469.055 mortes ou 35,6%. A elevação foi maior em 2021 praticamente em todas as faixas etárias, exceto no grupo acima dos 70, os primeiros a serem vacinados.
O cenário regional dos óbitos foi diferente do observado em 2020. A Região Sul, que entre 2019 e 2020 foi a menos atingida na variação relativa de mortes, avançou 30,6% de 2020 para 2021 – número maior entre as grandes regiões – seguida por Centro-Oeste (24,0%) e Sudeste (19,8%).
As regiões Norte (12,8%) e Nordeste (7,1%) registraram patamares inferiores à média nacional. Em 2020, a maior variação relativa de óbitos entre as regiões foi a Norte, com aumento de 26,1%. Houve redução da taxa de nascimento. Em 2020, a queda do número de nascimentos tinha sido de 4,7%. No ano seguinte, a queda foi menor, mas se manteve (1,6%). Foram 2,6 milhões de nascimentos registrados, o menor total desde 2003.
Casamentos
O número de casamentos e de divórcios cresceu em 2021, segundo ano de pandemia, de acordo com dados do IBGE. Foram registrados 932 mil casamentos em 2021, uma alta de 23,2% em relação a 2020. Uma das explicações pode ser a retomada de realização de cerimônias após o adiamento de festas no auge das medidas de isolamento pelo coronavírus.
Apesar do aumento, o número ainda não retornou ao patamar anterior ao da pandemia. Já o número de divórcios judiciais concedidos em primeira instância ou por escrituras extrajudiciais chegou a 386,8 mil. A alta chega a 16,8% frente a 2020.
Foi o maior aumento percentual em relação ao ano anterior desde 2011 (45,4%). A proporção de divórcios com guarda compartilhada dos filhos menores saltou de 7,5%, em 2014, para 34,5%, em 2021. A lei nº 13.058, de 2014, passou a priorizar essa modalidade em separações entre casais com filhos menores.