Na quarta-feira, 15 de fevereiro, começou a ser montada a estrutura para receber a cobertura metálica do novo abrigo da maria-fumaça “Amália”, a locomotiva alemã Borsig retirada da praça Francisco Schmidt, na avenida Jerônimo Gonçalves, na divisa do Centro Velho com a Vila Tibério, Zona Oeste, em 18 de julho de 2020.
A máquina foi restaurada no ano passado e aguarda a construção do espaço para retornar a Ribeirão Preto. A volta da locomotiva para a cidade virou novela e já tem ao menos um ano de atraso. O espaço está construído no Parque Maurílio Biagi, na região Central. Irá remeter a uma miniestação ferroviária, com espaço para visitação da população.
Assim que a obra for concluída, a maria-fumaça retornará à cidade e ficará em um espaço cercado, mas com a possibilidade de a população poder ver a locomotiva. Terá também um espaço interno para visitas monitoradas, com explicação sobre a história da locomotiva “Amália”, a chegada e sua evolução em Ribeirão Preto e a região, bem como a importância que o café teve para a cidade.
O local terá também segurança contra atos de vandalismo, além de um projeto luminotécnico moderno e que destaca a importância do bem histórico. Em uma segunda etapa (com alguns ajustes mecânicos) será possível que a locomotiva volte a funcionar para criar um passeio de trem no futuro, seguindo um roteiro turístico partindo de Ribeirão Preto.
O nome
A locomotiva – batizada de “Amália” por causa da usina a que pertencia antes de ser doada ao município, o nome está gravado nas laterais do equipamento – ficará no parque por ser um lugar público, mas livre de depredação e vandalismo, além de oferecer segurança aos visitantes e ser de fácil acesso.
Furtos
Na praça Francisco Schmidt, na área da “cracolândia”, a maria-fumaça acumulava lixo e tinha virado abrigo para ratos, além de ser alvo de furtos de peças de cobre, ferro e aço nos últimos 48 anos. A partir dos trilhos principalmente da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, foi possível transportar mais rapidamente o café produzido na região na segunda metade do século 19.
Barões
Com isso, ela contribuiu para o enriquecimento e a fama de barões do café como Henrique Dumont (1832- 1892), pai do aviador Alberto Santos Dumont (1873-1932), e Francisco Schmidt (1850- 1924), que dá nome à praça em que a locomotiva alemã Borsig fabricada em 1912 estava exposta desde 1973.
Conppac
A maria-fumaça “Amália” é tombada pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac). Os trabalhos de restauração da locomotiva foram realizados pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), em Campinas. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo investiu R$ 749 mil na restauração.
Todos os componentes foram restaurados ou substituídos, quando não foi possível a recuperação. O trabalho foi acompanhado por um profissional especializado em patrimônio cultural e ferroviário. A locomotiva Phantom, popularmente conhecida como maria-fumaça, pertencia à Usina Amália e em 1912 foi doada para Ribeirão Preto pelas Indústrias Matarazzo.
Borsig
O modelo é uma das três remanescentes da fabricante alemã Borsig no Brasil. As outras duas estão em Itapetininga e Jaguariúna. Abandonada, a ribeirão-pretana serviu durante muito tempo como dormitório de pessoas em situação de rua e também de abrigo para usuários de drogas.
Ribeirão Preto tem outra maria-fumaça, a “Mogiana”, instalada na antiga Estação Ferroviária Mogiana, na Zona Norte. A Câmara pediu e o Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto aprovou seu tombamento. Duas entidades querem usar as duas locomotivas para projetos de “trem turístico”.
A locomotiva “Amália” e os quatro metros de trilho que a sustentavam são os últimos resquícios da Estação Ribeirão Preto na Vila Tibério, que funcionou a partir de 1885 e foi demolida em 1968. Naquele trecho existiu no passado a gare (plataforma) de embarque e desembarque por onde milhares de imigrantes passaram para trabalhar nas lavouras de café.