Tribuna Ribeirão
Economia

Isenção do IR pode subir a dois mínimos

Depois de prometer na cam­panha isentar do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia iniciar a ampliação da faixa de isenção da tabela ainda este ano para quem ganha dois salários míni­mos (R$ 2.604). A faixa está hoje em R$ 1.903, o que faz com que quem ganha menos de um salá­rio mínimo e meio já tenha de pagar o imposto.

Esse ponto tem incomodado o presidente Lula, que vem sendo muito criticado nas redes sociais por não dar o início à correção da tabela do IR, mesmo que de for­ma gradual. Na campanha, Lula prometeu isentar quem ganha até R$ 5 mil. Parlamentares alia­dos também cobram o pontapé inicial da correção.

Na última quinta-feira, 2 de fevereiro, ele voltou a dizer que fará ajuste na tabela e que vai aprovar a reforma tributária. Se o salário mínimo subir para R$ 1.320 no Dia do Trabalhador, em maio – como o governo ava­lia anunciar a depender da evo­lução dos gastos da Previdência –, o problema aumenta: a faixa de isenção irá a R$ 2.640.

A cobrança do imposto pas­sará a ser feita em cima do con­tracheque de mais empregados. O limite é o mesmo desde 2015, quando o salário mínimo era de R$ 788. Pagava imposto quem ganhava acima de 2,4 mínimos (hoje, o correspondente a R$ 2.908).

Quando o Plano Real entrou em vigor, em julho de 1994, a faixa de isenção do IR era de R$ 561,81, o correspondente a oito mínimos à época (de R$ 70). O assunto é delicado porque en­volve uma perda de arrecadação muito alta e a área econômica do governo prefere tratar o tema nas negociações da segunda eta­pa da reforma tributária.

Segundo o ministro da Fa­zenda, Fernando Haddad, a reforma está prevista para o segundo semestre deste ano. O governo busca um modelo que reduza o impacto da medida na arrecadação. Ou seja, uma forma que favoreça as faixas de renda mais baixas.

Um impacto de perda de re­ceita de R$ 10 bilhões é conside­rado, segundo fontes. Lula não bateu o martelo, mas tem cobra­do uma solução. Se a mudança aumentar a tributação, a medi­da não poderia ser adotada em 2023 devido ao princípio de an­terioridade que rege a tributação do IR. Por essa regra, mudanças que provocam alta do imposto só podem entrar em vigor no ano seguinte.

As críticas à falta de corre­ção aumentaram após Haddad dar uma entrevista ao portal 247 afirmando, de forma não precisa, que a correção da tabe­la só poderia ser feita em 2024 por conta da anterioridade. É que nos planos do Ministério da Fazenda está a ideia de corrigir a tabela, mas compensando a perda da arrecadação com o au­mento da cobrança para os bra­sileiros mais ricos.

Nesse caso, o governo teria de esperar o ano que vem para a medida entrar em vigor após aprovada pelo Congresso. A tributarista Elisabeth Libertuci avalia que é possível diminuir o impacto no caixa do governo e favorecer os mais pobres. “Todo mundo vai ter uma carga tribu­tária menor, mas as faixas mais baixas terão carga tributária me­nor em proporção às faixas mais altas”, disse.

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